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Centro criado por filósofo suíço abrirá filial no Brasil

Alain de Botton passou uma semana no aeroporto de Heathrow, em 2009, quando escreveu um livro. AFP

Instituição criada em Londres há quatro anos pelo filósofo suíço Alain de Botton, a Escola da Vida (The School of Life) está prestes a chegar ao Brasil.

Esse centro de aprendizado realiza atividades como aulas, seminários, conferências, palestras, debates, refeições coletivas e encontros de rua.

As atividades são sempre ligam temas como filosofia, psicologia, literatura e artes aos eventos do cotidiano, atraem cada vez maiores atenções na capital inglesa onde, segundo seus dirigentes, já mobilizou cerca de 50 mil pessoas desde sua fundação em 2008.

O sucesso fez com que Alain de Botton – autor de livros bem-sucedidos comercialmente como “As Consolações da Filosofia”, de 2000, ou “Como Proust Pode Mudar a Sua Vida”, de 1997, entre outros – decidisse expandir a School of Life pelo mundo. O objetivo é abrir filiais da escola em locais que o suíço define como “grandes cidades do futuro”: Istambul (Turquia), Vancouver (Canadá) Sydney (Austrália), Seul (Coréia do Sul) e São Paulo. Em princípio, a inauguração da filial brasileira da School of Life está prevista para o último trimestre deste ano.

Procurado pela swissinfo.ch, De Botton avisa que, por determinação contratual, ainda não pode dar maiores detalhes sobre o projeto que trará sua escola a São Paulo. O que se sabe é que a filial brasileira da School of Life terá como um de seus coordenadores a produtora de cinema brasileira Jackie de Botton, prima do filósofo, que recentemente ganhou notoriedade internacional por produzir o documentário “Lixo Extraordinário”, indicado ao Oscar.

“Estamos definindo o formato que teremos na filial do Brasil, com a certeza de que o conceito central permanecerá o mesmo: parar para pensar e promover ideias e inspiração. Um boticário cultural para a mente, como é a School of Life de Londres”, afirma Jackie.

A vinda da School of Life para o Brasil foi acertada em novembro do ano passado, quando Alain de Botton esteve no país para divulgar seu mais recente livro, “Religião para Ateus”. Na ocasião, aos jornalistas o suíço disse apenas que as atividades e programas da versão brasileira da escola serão similares ao da matriz inglesa.

Na página em português da School of Life na rede social Facebook, a escola é descrita como um lugar onde “você não será enquadrado por dogma algum, mas direcionado para uma variedade de ideias – da filosofia à literatura, da psicologia às artes visuais – que te farão exercitar e expandir sua mente.”

Em entrevista para o site Noo na internet, De Botton falou sobre as impressões colhidas durante a passagem pelo Brasil, onde esteve pela primeira vez: “Gostei da energia, do tamanho, da ambição do Brasil. Gostei da formação cultural do país, sua natureza essencialmente europeia com uma mistura de outras influências também”, disse.

Estilo contestado 

O estilo moderno e pragmático de tratar a filosofia adotado por Alain de Botton lhe custa algumas críticas. Autor de uma dezena de livros que os mais exigentes classificariam na seção “autoajuda”, o suíço – que nasceu em Zurique, tem 42 anos e vive na Inglaterra há três décadas – é visto com desconfiança por parte do mundo acadêmico. Seu estilo, no entanto, já define uma corrente, que está sendo chamada de Filosofia do Cotidiano.

Outras críticas apontam uma suposta abordagem excessivamente comercial da filosofia. Filho de Gilbert de Botton, fundador do Global Asset Management, Alain de Botton é virtualmente milionário e responde aos críticos apresentando seus planos de expansão para a School of Life. Entre os objetivos, segundo reportagem publicada no jornal brasileiro Folha deSão Paulo, está a abertura de uma empresa multinacional para gerir as atividades da School of Life, publicar livros, produzir filmes, comercializar produtos e jogos e gerenciar hotéis e spas dedicados ao “esclarecimento emocional”.

“Minha tentativa é colocar as necessidades da alma em um contexto de negócios. Não é uma ideia vulgar, mas intelectual. Por que o capitalismo tem de entregar apenas coisas superficiais? Ele não pode almejar profundidade?”, questiona o filósofo suíço.

De Botton explica a abordagem da escola que fundou: “Morte, dinheiro, amor, trabalho e família. Esses são os problemas centrais que afligem as pessoas, e nossas aulas, programas e projetos circulam em torno desses grandes desafios. Estamos desesperados para conseguir respostas para os terríveis dilemas e tragédias que enfrentamos.”

Complexo do Alemão 

A decisão tomada por Alain de Botton de não dar entrevistas sobre a vinda da School of Life ao Brasil pode ser explicada por uma gafe cometida pelo suíço durante uma visita ao Rio de Janeiro. Levado para conhecer as favelas do Complexo do Alemão – onde andou de teleférico e de moto táxi, tirou muitas fotos e conversou com diversos moradores – , De Botton, emocionado com o que viu, revelou o desejo de instalar ali a filial brasileira de seu centro de aprendizado: “Tenho certeza que o Complexo do Alemão é o lugar ideal para a escola.”

Despretensiosa e dirigida aos seus acompanhantes, a declaração de De Botton foi ouvida por repórteres e publicada no jornal carioca O Globo, que tem uma das maiores circulações do Brasil. A notícia teria desagradado aos parceiros paulistas da School of Life. Após esse episódio, o filósofo suíço está esperando a conclusão de todos os detalhes do contrato para se pronunciar publicamente sobre a chegada de sua “escola da vida” em terras brasileiras.

Veja a bibliografia do filósofo suíço Alain de Botton, fundador da Escola da Vida (School of Life), que já foram publicados em 20 idiomas:

– Ensaios de Amor (1993)

– O Movimento Romântico (1994)

– Kiss and Tell (1995)

– Como Proust Pode Mudar Sua Vida (1997)

– As Consolações da Filosofia (2000)

– A Arte de Viajar (2002)

– Desejo de Status (2004)

– A Arquitetura da Felicidade (2006)

– Prazeres e Desprazeres do Trabalho (2009)

– Religião para Ateus (2011)

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