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China é prioritária para Nestlé

Müller é fascinado pelas mudanças vividas pela China. Nestlé

Executivo da Nestlé conta à swissinfo como o mundo de negócios está se modificando na China, um país com a complexidade e tamanho de um continente.

Joseph Müller, presidente da Nestlé China, revela porque admira tanto os chineses e como enfrenta o problema da corrupção.

“A China é um agrupamento de vários mercados num só país”, conta o executivo à swissinfo durante uma conferência em Zurique sobre as oportunidades e riscos de investir na China.

Ele revela que a Nestlé abriu seu primeiro escritório de vendas em 1908 em Xangai. Isso mostra que a globalização já era uma realidade para a multinacional suíça há mais de cem anos.

swissinfo: quais são os princípios do investimento da Nestlé na China?

Joseph Müller: como em qualquer lugar do mundo, esses princípios se resumem a uns pontos básicos. Quando investimos num país como a China, obviamente devemos nos preocupar com os dois lados: os interesses da nossa companhia e do povo chinês. Nesse sentido os dois lados devem sair ganhadores.

Se vamos à China, não queremos ir para dar lições do que é certo ou errado. Nós respeitamos os chineses, sua cultura e seus valores. Nosso foco está no povo, nos consumidores, clientes, nos nossos produtos e nas marcas. Afinal, o investimento que fazemos no país é de longo prazo.

swissinfo: na sua opinião, quais as chances para empresas suíças de pequeno e médio porte de fazer negócios na China?

J.M: Nossas operações na China são atualmente de grande porte. Porém o país tem dimensões tão continentais que qualquer empresa pode ser considerada pequena nele. Quanto mais tempo uma empresa está ativa na China, mais humilde ela acaba ficando.

Mesmo falando do tamanho de uma companhia, sendo ela de grande, médio ou pequeno porte, uma coisa é a mesma: na China não existe espaço para mediocridade. É preciso oferecer um valor em troca do dinheiro. Esse ponto é que considero fundamental e de igual valor em qualquer setor da economia. No caso das multinacionais, se você não trabalha corretamente o prejuízo será proporcionalmente muito maior.

swissinfo: durante a sua experiência na China você já viveu problemas ligados à corrupção no país

J.M: se fala muito de corrupção na China. Eu não me espantaria as pessoas começassem a dizer que esse problema foi inventado lá. A realidade é que corrupção é um fenômeno que existe também em outros países. Talvez se fale sobre a China pelas dimensões continentais do país.

Pessoalmente eu nunca fui confrontado com qualquer tipo de corrupção. Também não toleraria fazer negócios nessa base. Temos nossos princípios básicos, que são respeitados por todos os colaboradores. Meu conselho para qualquer empresário seria de não entrar numa história de corrupção, pois senão é impossível de sair dela. Essa é uma maneira de fazer negócios sem corrupção na China. Como em qualquer parte do mundo, governança corporativa e senso comum devem prevalecer.

A Nestlé já teve problema de violação de patentes?

J.M: Em relação à falsificação de produtos, esse é um problema que surge ocasionalmente, mas com quase todas as empresas. Mas eu reforço: a falsificação não ocorre apenas na China. O que me impressiona é a forma dura como as autoridades se esforçam para solucionar o problema e a boa cooperação que temos com elas. Sempre que temos um caso e conseguimos identificá-lo, o governo nunca deixa de tomar as devidas providências corretivas.

Como presidente da Nestlé na China, você já ajudou outras empresas suíças a entrarem no mercado chinês?

J.M: não estamos nesse negócio para oferecer esse tipo de serviço a outras companhias, mas eu diria que indiretamente já ajudei algumas. Dividir experiências é uma espécie de ajuda indireta que podemos oferecer. Se eu penso na inspiração quanto à forma de investir na China, na motivação de pessoas para descobrir oportunidades comerciais no país, acredito que já demos um braço a muitas empresas e continuaremos a fazê-lo.

O que você falaria das suas experiências pessoais na China?

J.M: eu penso que os chineses são um povo maravilhoso, de pessoas abertas ao novo e cheias de vontade de aprender. Eles têm uma atitude de “eu-consigo”, de andar para frente sem olhar o passado, de acreditar que o presente está sendo melhor do que o passado e que o futuro o será ainda mais. Os chineses são otimistas, motivantes e inspiradores. Essas qualidades são o que mais me fascinam nesse povo.

swissinfo, Robert Brookes

A águia da marca Nestlé foi registrada em Hong Kong já em 1874.
A multinacional suíça abriu em 1908 em Xangai um escritório de vendas.
Em 1990 foi aberta a primeira fábrica da Nestlé na China em Shuangcheng, na província de Heilongjiang.
Atualmente a empresa tem 19 fábricas de alimentos e bebidas em 17 diferentes localidades. No total são 12 mil funcionários com uma idade média de 32 anos.

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