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Mercado de arte suíça encontra um patamar estável

Duas pinturas à mostra
Algumas das obras leiloadas na terça-feira foram exibidas para um público exclusivo, num 'preview' promovido pela Christie's em um banco privado em Berna. "Fleurs et Figures" (Flores e Figuras, 1915), de Alice Bailly (à esq.), e "Effeto di Luna" (Efeito da Lua, 1882), de Giovanni Segantini (à dir.), estão entre as obras com os lances mais altos da noite. E.T. Simantob

Giacomettis - o célebre Alberto, mas também seu pai e irmãos - foram as estrelas de uma noite de altos e intensos lances no leilão anual de arte suíça da Christie's em Zurique. Com um resultado total de 5.369.500 francos suíços (cerca de US$ 6 milhões), a casa de leilões deu mostras de uma leve recuperação, contra a tendência de queda das vendas de arte suíça nos últimos anos.

O leilão atraiu o interesse de clientes de 20 países (+ 50% em comparação com 2017), com um aumento de 48% de compradores registrados. O número de novos interessados também dobrou. Muitas das obras de arte obtiveram valores muito acima de suas estimativas mais altas, e verificou-se um ligeiro aumento na quantidade de obras contemporâneas (veja a galeria abaixo).

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Hans-Peter Keller, especialista em arte moderna e impressionista da Christie’s em Zurique, disse à swissinfo.ch que a demanda por trabalhos mais contemporâneos é um imperativo, já que “cedo ou tarde a oferta de peças tradicionais diminuirá consideravelmente”.

Os números provam que Keller está certo: segundo o site artprice.com, desde 2000, a participação da arte contemporânea nas vendas globais saltou de 3% para 15%, enquanto obras do século XIX e “mestres antigos” registraram uma queda de 45% em 2000 para 15% em 2017. Arte moderna – principalmente primeira metade do século 20 – responde por metade do total das vendas mundiais, que foram de US$ 1,6 bilhão em 2017, e a arte do pós-guerra também aumentou significativamente – de cerca de 5% em 2000 para 20% no ano passado.

A arte suíça, no entanto, já teve melhores momentos em termos de volume de vendas. Quando as principais casas de leilões internacionais, Christie’s e Sotheby’s, iniciaram seus leilões especificamente dedicados à arte suíça no início deste século, os números eram impressionantes: no seu auge em 2007, as vendas totais das duas casas chegaram a 85 milhões de francos suíços.

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A crise financeira é vista como a principal causa da queda radical experimentada por este mercado em 2008-09. Mesmo com algumas recuperações em 2011 e 2013, as vendas de arte suíça dificilmente ultrapassam a faixa de 20 milhões de francos suíços, apesar da demanda por peças mais tradicionais ainda ser forte entre os colecionadores suíços.

“Além dos chamados ‘colecionadores patriotas’ na Suíça, como o político e empresário Christoph Blocher, a maioria dos colecionadores de arte suíça no exterior tem um gosto mais conservador, privilegiando uma arte que evoque a paisagem suíça e o estilo de vida tradicional”, diz Keller. Enquanto isso, os colecionadores asiáticos e principalmente chineses emergentes, também preferem investir em artistas mais estabelecidos. Para Keller, isso não surpreende. “Deve-se esperar mais uma ou duas gerações de colecionadores para movimentos mais ousados ​​na arte contemporânea”.

Para artistas suíços, no entanto, uma carreira internacional é a única maneira de encontrar apreciação na Suíça. Isso não mudou em mais de um século, apesar de a Suíça ser o 7º maior mercado de arte internacional (com 1,1% do mercado total, o que não é nada mal considerando que quase 85% é dividido entre EUA, China e Reino Unido), mas apenas o 20º mercado em vendas de arte contemporânea.

Ainda há mais por vir em breve, já que a Sotheby’s realizará seu segundo leilão de arte suíça do ano em novembro, possivelmente lançando mais luz sobre as tendências para 2019.

 

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