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Scanner detecta cocaína em vinho

Funcionário da alfândega suíça controlando um veículo Keystone

A mais recente artimanha do narcotráfico foi desmascarada por cientistas que descobriram uma maneira de detectar cocaína em líquidos, sem precisar abrir a garrafa.

Cientistas suíços mostraram que um scanner clínico pode ser usado não apenas para localizar tumores e cânceres no corpo humano, mas também para encontrar cocaína dissolvida em vinho ou outro líquido.

Máquinas de ressonância magnética (MRI) usadas normalmente para scannear joelhos ou o cérebro, por exemplo, também é capaz de descobrir vestígios de cocaína em vinho usando uma técnica chamada espectroscopia por ressonância magnética.

Giulio Gambarota lidera a equipe de pesquisadores das Universidades de Lausanne e Genebra:

“Dá para “degustar” quantas garrafas de vinho quiser, sem abri-las. O conteúdo não é danificado e os traficantes nem suspeitam que foram analisados, podendo ser rastreados com mais facilidade”, disse à swissinfo.ch.

Tecnologia antiga

Um estudo recentemente publicado por Gambarota e sua equipe na revista “Drug Testing and Analysis” revela que métodos como a radiografia ou fluoroscopia – utilizados nos aeroportos – não podem identificar a substância específica que contamina o vinho, mas podem detectar substâncias estranhas no líquido.

Em 2008, um estudo de radiológico demonstrou que a densidade do vinho varia conforme a quantidade de cocaína dissolvida nele.

No entanto, densidades semelhantes também foram encontradas na bebida com outras substâncias dissolvidas, como o açúcar.

Portanto, a técnica pode ser usada para ver se a carga foi contaminada, sem determinar a natureza do poluente. Os pesquisadores demonstraram que os scanners IMR podem identificar especificamente a cocaína no vinho ou em outro líquido, o que significa que não é necessário abrir a carga para controlar a natureza da substância estranha.

Este método também é muito rápido, porque possibilita ver um grama de cocaína em um minuto.

Artimanhas

Nos últimos anos tem havido vários casos de cocaína dissolvida em álcool.

Em 2006, descobriu-se que em pouco mais de um ano entraram na Alemanha 100 quilos de cocaína em garrafas de rum importadas da República Dominicana.

No ano passado, um britânico morreu após ter bebido uma garrafa de rum contaminado.

A Secretaria Federal de Alfândega da Suíça informou à swissinfo. ch que houve vários casos de contrabando de cocaína misturada em vinho. A porta-voz da Secretaria de Alfândega, Stefanie Widmer, ressalta que os scanners IMT ainda não foram instalados. “Usamos ferramentas técnicas e trabalhamos com cães altamente sensíveis para farejar o cheiro de maconha camuflada em líquidos.”

Gambarota lembra que mesmo que as autoridades comecem a usar scanners de ressonância magnética, não seria raro que os cartéis antecipassem o passo.

“Apesar desse método, aparecem novos truques a cada dia, especialmente com a cocaína em pó, que pode ser contrabandeada em qualquer tipo de recipiente, estátuas, etc”.

A pesquisadora não se sabe se as descobertas feitas pela sua equipe vai fazer alguma diferença no tráfico de drogas. “Alguns cartéis ganham bilhões de dólares e podem se oferecer com isso a ajuda de cientistas e da tecnologia”, adverte.

Uma ‘mula’ pode ganhar até 1.500 francos em cada entrada de cocaína na Suíça.

A ‘mula’ pode levar até 1 quilo de cocaína embalada em preservativos ingeridos.

Não se sabe a quantidade de cocaína que entra contrabandeada na Suíça.

Em 2008, a Secretaria Federal de Alfândegas apreendeu 145 quilos de cocaína, volume inferior aos 217 quilos de 2007.

Em 1980, um grama de cocaína custava na Suíça entre 500 e 600 francos, dependendo da sua pureza. Atualmente custa entre 40 e 120 francos.

60% dos estrangeiros presos por tráfico de drogas na Suíça são africanos.

(Adaptação: Fernando Hirschy)

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