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Solothurn, uma cidade barroca no Google Earth

Solothurn em 1830 (© foto: www.fhnw.ch/habg/ivgi)

Depois de Rome Reborn (Roma renasce), o centro histórico de Solothurn, no noroeste da Suíça, é reconstruído digitalmente em três dimensões e pode ser visto no Google Earth.

Essa atração virtual da “cidade barroca mais bonita da Suíça” desperta a atenção das autoridades de turismo, mas pode ser útil também à pesquisa e à reconstrução de monumentos.

A ideia partiu de alunos da Escola Superior de Arquitetura, Construção e Geomática da Universidade de Ciências Aplicadas do Noroeste da Suíça (FHNW), em Muttenz. No segundo semestre de 2008, conclusivo para a turma, eles digitalizaram uma maquete que retrata Solothurn por volta de 1830, exposta no Museu Blumenstein.

Durante várias semanas, os estudantes “captaram” milimetricamente com um scanner a laser construído manualmente as superfícies – cores, estruturas, sombras – de 900 construções históricas reproduzidas em dimensão de 1:500 numa maquete de papelão de 2 x 2 metros datada de 1920.

Isso gerou uma montanha de dados. Cerca de 80 milhões de pontos captados pelo scanner e mais dezenas de fotografias foram processados para criar o modelo “3D Solothurn 1830”, que fornece imagens bastante realistas, com impressionante riqueza de detalhes.

O trabalho milimétrico dos estudantes foi refinado pelo coordenador do projeto, Stephan Nebiker, professor de Agrimensura e Geoinformação da FHNW, e seu assistente, o engenheiro em Geomática Andreas Barmettler, e depois enviado à sede do Google na Califórnia para retoques finais.

O resultado em 3D agora pode ser baixado do site do projeto e visualizado através do software Google Earth, bastando um clique duplo no ícone do arquivo. Assim é possível fazer um passeio virtual pela Solothurn de 1830.

Passeio virtual e a cidade real

Com o mouse pode-se sobrevoar a cidade histórica, “caminhar” por suas ruas ou ao longo do muro medieval, que há muito desapareceu do mapa (veja o vídeo na coluna à direita). Mas vários monumentos da cidade antiga sobreviveram ao tempo.

Entre edifícios digitalizados encontram-se algumas das principais atrações turísticas da cidade. Por exemplo, o Portão de Basileia (Baseltor), uma obra-prima da arquitetura de fortalezas, construída entre 1504 e 1535.

Ou o cartão postal de Solothurn, a catedral de São Urso e São Victor, construída em estilo classicista entre 1762 e 1773. No interior da principal obra do classicismo suíço encontra-se um imponente altar em “mármore claro de Solothurn”, projetado por Carlo Luca Pozzi, famoso estucador do Ticino (sul).

Igualmente visível no modelo 3D é a torre do relógio (Zeitglockenturm), a construção mais antiga da cidade, erguida na primeira metade do século 12 e que desde 1545 conta com um relógio astronômico (veja a galeria de fotos na coluna à direita).

“O projeto mostra nitidez e emoção. Tem-se a impressão de mergulhar na cidade”, diz Jürgen Hofer, o diretor de turismo da região de Solothurn. Também conhecida como “cidade dos embaixadores” franceses, Solothurn tem hoje 15 mil habitantes e fica a apena 45 km de Berna, a capital suíça. Autoridades de turismo de outras regiões do país também já demonstraram interesse pelo projeto.

Digitalização de monumentos históricos

Para Erich Weber, conservador do Museu Blumenstein, trata-se de um modelo ideal para a pesquisa histórica. “Em Solothurn, temos a sorte de dispor de muitos dados do século 19”, disse ao jornal Basler Zeitung. Uma ideia é inserir dados sobre a mudança da topografia social no modelo digital.

Satisfeito com o resultado, o professor Stephan Nebiker também vê uma utilidade para a educação, por exemplo, para aulas de História. O acesso a informações históricas desse tipo deverá se tornar comum no futuro do Google Earth.

O trabalho pioneiro de Nebiker e seus estudantes faz parte de um projeto ainda maior, chamado 3D Cultural Heritage. “A criação de modelos virtuais fiéis à realidade de bens culturais é uma medida eficiente para, na pior das hipóteses, poder reconstruir completamente esses monumentos”, afirma Nebiker no site do projeto.

No âmbito “3D Cultural Heritage” já foram modelados e “arquivados” vários monumentos suíços, como a ruína Homburg (Basileia), os castelos Wildenstein, Ebenrain e Zwingen, e a cidade romana Augusta Raurica (reconstrução fotogramétrica a partir de uma maquete de madeira).

swissinfo, Geraldo Hoffmann

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