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Conflito de gerações é coisa do passado

Avô e neto: solidariedade em vez de conflito. vario-imgaes

O propalado estereótipo do conflito entre gerações está ultrapassado na Suíça. Os idosos não são apenas um peso para os jovens economicamente ativos.

A “geração com prata no cabelo” passa 100 milhões de horas por ano cuidando dos netos, gera empregos na área da saúde e transfere fortunas em herança para os filhos.

É o que conclui o “Relatório das Gerações Suíça”, elaborado pelos pesquisadores Pasqualina Perrig-Chiello e François Höpflinger, financiado pelo Fundo Nacional de Fomento à Pesquisa Científica e publicado nesta terça-feira (05/08).

O envelhecimento da sociedade e a redução da taxa de natalidade obrigam cada vez menos trabalhadores a sustentar cada vez mais aposentados.

Os problemas sociais decorrentes desse dilema, típico de países desenvolvidos e que desponta também no horizonte das economias emergentes, não podem ser solucionados apenas com mais filhos, adverte o estudo.

Uma elevação da taxa de natalidade diminuiria o envelhecimento, mas a população economicamente ativa teria de arcar com mais custos para sustentar crianças e jovens, além dos idosos, afirmam os autores.

Eles consideram problemáticos os balanços meramente econômicos, que criam a ilusão de que é possível atingir um equilíbrio entre as contribuições sociais de uma geração e o que ela recebe do Estado e da sociedade na forma de aposentadoria ou assistência na velhice.

Cuidando dos netos



Esse tipo de cálculo não considera, por exemplo, as transferências entre gerações no plano privado. Os idosos não provocam apenas custos, eles também dão um retorno às pessoas que ainda atuam na vida profissional.

Ao precisar de assistência médica, geram empregos. Os avós suíços, por exemplo, cuidam durante 100 milhões de horas por ano dos seus netos, o que corresponde a um trabalho avaliado em 2 bilhões de francos.

Por outro lado, seis de cada dez idosos suíços que necessitam de ajuda são assistidos por seus familiares ou parentes. Apenas 20% das pessoas com mais de 80 anos de idade vivem em asilos ou casas de idosos.

O valor desse trabalho de assistência privada é estimado entre 10 e 12 bilhões de francos no relatório. As mulheres prestam 80% da assistência privada às crianças e aos idosos.

Os jovens suíços também herdam fortunas dos idosos. Em 2000, foram 28,5 bilhões de francos, ou seja, cerca de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. A metade dos herdeiros ganha menos de 50 mil francos de herança, 0,6% ganha mais de 5 milhões.

Iniciativas intergerações



O “Relatório das Gerações Suíça” recomenda uma série de medidas, entre elas, a ampliação do financiamento da aposentadoria, um aumento da idade de aposentadoria para idosos motivados e um fomento à saúde na terceira idade. Assim, o peso para as gerações futuras não aumentaria ou só cresceria de forma moderada.

Além disso, as grandes reformas políticas devem ser analisadas quanto às suas conseqüências para a relação entre as gerações, sugerem os autores. “De fato, o envelhecimento da sociedade muda a vida de todas as gerações, mas sua convivência na Suíça é majoritariamente solidária”, conclui o documento.

swissinfo, Geraldo Hoffmann (com agências)

A sociedade suíça envelhece. Enquanto apenas uma de cada sete mulheres nascidas em 1940 não teve filhos, quase um terço das nascidas em 1965 não têm família.

Para manter a população estável, a taxa de natalidade teria de ser de 210 filhos por 100 mulheres. Em 2007, ela foi de 146/100. No ano passado, houve 74.494 nascimentos (96.216 em 1970) e 10.525 abortos no país.

A queda da taxa de natalidade foi acompanhada por um aumento da expectativa de vida, de 47 anos em 1900 para mais de 80 anos hoje.

O envelhecimento da sociedade suíça vai se acelerar nos próximos anos, quando a geração de prole numerosa entrar na terceira idade.

Somente a imigração pode conter essa tendência: os imigrantes costumam ser mais jovens e ter mais filhos.

Fonte: Relatório das Gerações Suíça

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