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Conflito no Oriente Médio viola direito internacional

Família de palestinos em desespero após ataque isrealense ao campo de refugiados de Rafath. Keystone

Para o governo da Suíça, país depositário da Convenção de Genebra, a escalada do conflito no Oriente Médio representa uma grave violação do direito humanitário internacional.

Também judeus que vivem na Confederação Helvética pedem o fim do confronto militar. A nova crise entre Israel e Palestina gera uma corrida ao franco suíço, considerado uma moeda segura.

A Suíça está preocupada com a escalada da violência no Oriente Médio. O Ministério das Relações Exteriores (DFAE) condenou os disparos de mísseis a partir da Faixa de Gaza sobre Israel, após o fim do cessar-fogo. “Esses ataques são insuportáveis à população israelense.”

Segundo o ministério, Israel tem o direito de se defender e de proteger sua população. “Mas isso só pode acontecer mediante o respeito ao direito humanitário internacional e de acordo com o princípio da proporcionalidade”, escreveu o DFAE em uma nota oficial publicada no final de semana.

Berna pediu a Israel que permita imediatamente o acesso humanitário à Faixa de Gaza para atendimento dos feridos. O Ministério suíço das Relações Exteriores considera o recente conflito como uma “grave violação do direito humanitário internacional”.

Como país depositário e signatário das convenções de Genebra e tutor da 4ª Convenção de Genebra, a Suíça conclamou as partes conflitantes a moderar em suas ações e a respeitar o direito internacional.

Pedido o fim dos combates



A Associação Voz Judaica por uma Paz Justa entre Israel e Palestina, sediada em Zurique, pediu o fim das ações militares israelenses em Gaza e dos disparos de mísseis por militantes palestinos.

“A estratégia destrutiva de reagir com violência à violência fomenta a escalada bélica e conduz a um beco sem saída”, afirma a associação em um comunicado. “O governo israelense deve finalmente buscar uma solução diplomática para o conflito e a comunidade internacional precisa aumentar a pressão para que seja respeitado o direito internacional.”

Às vésperas de novas eleições parlamentares, o governo de Israel joga duro e prefere a via militar. No domingo (28/12), aprovou a convocação de 6.500 reservistas para uma eventual invasão terrestre da Faixa de Gaza. Os bombardeios aéreos do último final de semana já deixaram um saldo de 270 mortos e mais de 700 feridos.

Bombas em vez de política



Na opinião do jornal NZZ, de Zurique, a direção do Hamas poderia ter evitado a ofensiva aérea israelense, se não tivesse rompido, há dez dias, o frágil cessar-fogo e, apesar de claras advertências, não tivesse continuado o bombardeio de cidades israelenses próximas à fronteira.

O jornal cita uma avaliação do escritor israelense Amos Oz, considerado um pacifista progressista, segundo o qual o Hamas (grupo radical palestino) faz de tudo para envolver Israel num conflito militar. “A morte de muitos civis fortalece o extremismo – esse é o cálculo dos ideólogos do Hamas”, escreve Oz. Segundo ele, o governo israelense precisa agir com muito cuidado para não acabar fortalecendo o Hamas.

O NZZ conclui com a seguinte observação: “Não é possível descobrir na espiral da violência e contraviolência uma perspectiva que aponte às pessoas nos dois lados uma saída para a confrontação. (…) Calma e normalidade em Gaza só serão possíveis em longo prazo através de uma política criativa – não através de bombas e mísseis.”

swissinfo, Geraldo Hoffmann (com agências)

Como acontece freqüentemente, em situações de crise, o franco suíço transforma-se em refúgio para os especuladores.

Por causa da escalada do conflito no Oriente Médio, nesta segunda-feira (29/12), a moeda suíça teve uma valorização de 0,9% em relação ao dólar nos mercados de divisas asiáticos: 1 dólar foi cotado por 1,0576 franco.

“Há riscos geopolíticos e, nesses casos, aumenta a compra de francos suíços”, disse um analista.

Enquanto isso, 1 euro valia 1,4984 franco. Também a moeda única européia se valorizou em relação ao dólar. “Alguns investidores preferem estacionar seu dinheiro em euro do que em dólar na virada do ano”, disse um analista de um banco japonês.

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