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Conselheiro da ONU visitou projetos em Brasília

Conselho Adolf Ogi, em visita ao projeto Pintando a Liberdade, em Brasília. swissinfo.ch

O conselheiro especial da Organização das Nações Unidas (ONU), o suíço Adolf Ogi, conheceu pessoalmente, terça-feira, dois dos principais projetos do Ministério do Esporte do Brasil.

O ex-presidente suíço esteve no Brasil para o lançamento do Ano Internacional do Esporte e da Educação Física.

No início da manhã, Ogi visitou o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, e pôde ver de perto o trabalho dos detentos cadastrados no projeto Pintando a Liberdade. A seguir, em um clube às margens do Lago Paranoá, teve contato com as crianças e jovens assistidas pelo projeto Segundo Tempo.

Mesmo tendo lido e ouvido a respeito dos dois programas brasileiros, Ogi ressaltou a importância do trabalho em conjunto entre o governo brasileiro, a iniciativa privada e as organizações não-governamentais.

850 mil jovens

É exatamente desta tríade a responsabilidade da criação e desenvolvimento do Projeto Segundo Tempo, que possibilita o acesso à prática esportiva aos alunos da rede pública de ensino fundamental e médio do país – especialmente em áreas de vulnerabilidade social.

“O esporte tem um papel importante a desempenhar na superação de todas dificuldades que um indivíduo pode encontrar pela frente”, afirmou Ogi, ex-presidente da Suíça por duas vezes (1993 e 2000).

O programa busca trazer crianças e jovens para um “segundo turno” escolar, quando os alunos podem praticar esportes supervisionados por monitores e professores. A alimentação, os uniformes e o material esportivo gratuitos são outros elementos motivadores para a população carente.

“Além de proporcionar saúde e socialização das crianças, elas ainda podem tirar dúvidas sobre qualquer disciplina da grade educacional regular. Temos sempre professores de reforço à disposição. Assim, geramos ainda mais empregos”, explicou o ministro Agnelo Queiroz.

Experiência para Angola e Moçambique

Até agora, o Segundo Tempo já é realidade para 850 mil jovens. Após o início do ano letivo brasileiro, na segunda quinzena de fevereiro, o ministro espera que o número suba para mais de um milhão. “Mas nossa meta é terminar 2005 com dois milhões de crianças e jovens sendo beneficiadas”, revelou Queiroz.

O representante da ONU destacou a importância da experiência brasileira que já está sendo reproduzida em outros países como Moçambique e Angola.

Outro programa conferido pela delegação da ONU, acompanhada pelo embaixador da Suíça no Brasil, Rudolf Baerfuss, foi o Pintando a Liberdade, no qual detentos trabalham na confecção de bolas e uniformes distribuídos para escolas públicas –inclusive para o projeto Segundo Tempo.

Ogi esteve no Complexo Penitenciário da Papuda, a cerca de 50 quilômetros da capital brasileira. No local funciona um dos 67 núcleos do programa, que chegou a produzir, no ano passado, 900 mil bolas pelos 12,7 mil presidiários.

Durante a visita, Adolf Ogi recebeu de presente várias bolas e uma bandeira do Brasil, todas confeccionadas pelos detentos na Papuda. “Na placa, há uma frase que diz: Brasil, um país de todos. E isso serve também, para mostrar que há possibilidade de ajudar outras nações – como Angola e Moçambique, que já recebem o know-how e a simples tecnologia para a produção de todo este material”, ressaltou Ogi.

Proposta de conferência internacional

Depois de um encontro com o representante da ONU e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil, Carlos Lopes, o ex-presidente suíço ainda proferiu, à tarde, uma palestra no auditório do Ministério do Esporte.

Ele apresentou detalhes do projeto da ONU para o desenvolvimento e para a paz e, ao fim, solicitou ao ministro Agnelo que o Brasil busque sediar, em 2006, uma ampla conferência internacional.

O evento serviria como encerramento de um ciclo de cinco outros encontros a serem realizados ainda em 2005, com vários temas ligados ao panorama esportivo (desenvolvimento econômico, ética, saúde, paz, meio ambiente, liderança feminina e educação). O ministro brasileiro não atendeu de prontidão, mas prometeu trabalhar junto ao governo federal para realizar o desejo da ONU.

Depois de sua visita ao Brasil, Adolf Ogi segue nesta quarta-feira para Medellín, na Colômbia, onde representará as Nações Unidas em um torneio internacional de futebol de rua, com equipes alemãs, argentinas e colombianas.

swissinfo, Abelardo Mendes Jr., Brasília

850 mil jovens participam do Projeto Segundo Tempo. O objetivo é chegar a 2 milhões até o final deste ano.
900 mil bolas foram confeccionadas no ano passado por presidiários no Projeto Pintando a Liberdade, distribuidas em escolas públicas.
A ONU mantém 150 projetos esportivos para o desenvolvimento e a paz.
2005 é o Ano Internacional do Esporte e da Educação Física.

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