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Federer-Wawrinka, um sucesso para a eternidade

A imagem que ficará gravada na história do esporte suíço: Federer, Wawrinka e outros levantam a famosa taça de prata, pela primeira vez. Keystone

A imprensa suíça exalta a coroação de Roger Federer e Stanislas Wawrinka na final da Copa Davis. Para os comentaristas, a vitória foi um dos maiores sucessos da história do esporte suíço.

Um “cocoricó!” vermelho estampa a primeira página do jornal “La Liberté”, de Friburgo, a “mais bela saladeira do mundo” exibe o “Basler Zeitung”, da Basileia, e o duo “Fedrinka” aparece em todos os tamanhos: a imprensa suíça se vestiu de patriotismo nessa segunda-feira (24) para comemorar a primeira vitória de uma equipe da Suíça na Copa Davis, a copa do mundo de tênis.

“O esporte suíço experimentou neste fim de semana um de seus melhores momentos de glória (…) Este título é o maior já ganho por uma equipa nacional suíça. E o primeiro em um esporte que é praticado no mundo inteiro”, se entusiasma o “Tages Anzeiger”, de Zurique, com o sucesso de Roger Federer contra Richard Gasquet, que permitiu a vitória da Suíça por 3-1 contra a França. “Este primeiro triunfo suíço na Copa Davis parece merecer claramente o título de maior conquista do esporte suíço”, afirma o “Le Matin”, da região de língua francesa.

O “Tribune de Genève” acrescenta: “Colocando a raquete no teto do mundo, conquistando o Everest do tênis, Roger Federer e Stan Wawrinka, nossos campeões espetaculares, realizaram uma façanha que ficará certamente gravada na história para a eternidade”. Muitos outros jornais suíços vão na mesma direção, acreditando que este sucesso continuará “eterno”.

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Wawrinka nas nuvens

Respectivamente número 2 e 4 do mundo, Roger Federer e Stanislas Wawrinka eram os favoritos diante da seleção francesa do capitão Arnaud Clément. Eles marcaram presença em Lille, na França, depois de uma semana marcada por um psicodrama nacional sobre o estado das costas do mestre Federer e rumores entre os dois jogadores. “Um grande obrigado vai para Federer, que assumiu um risco em vista de sua saúde. Mas foi Wawrinka quem mereceu mais aplausos, que se manteve fiel durante anos na competição. Para ele, a bacia de prata vale mais do que um torneio de Grand Slam. Foi sua maior missão ao país. E foi o seu maior desejo que Federer ajudasse a realizar essa missão”, disse o jornal “Blick”, da região de língua alemã.

Se os comentaristas suíços se inflamam a esse ponto, mais ainda do que nos 17 títulos de Grand Slam conquistados por Roger Federer e o de Stanislas Wawrinka no início deste ano em Melbourne, é porque a Copa Davis tem um caráter excepcional, como explica o La Liberté: “A Copa Davis é a única que apaga individualidades e carreiras em favor de um grupo e um país inteiro. Por todo o seu trabalho, a Suíça, seus 8 milhões de habitantes, seus 55.000 licenciados e 300.000 praticantes, merecia este reconhecimento mais do que qualquer outra nação. Tão pequena que seja, ela não abrigou campeões extraordinários nesses 30 anos? Foi o vencedor de Lendl e Agassi no Master de 88 (Hlasek), o medalhista de ouro olímpico em singles (Rosset), o fenômeno precoce (Martina Hingis) e… essas duas lendas”.

A mesma história no Le Matin, para o qual a vitória é “como o culminar de uma época dourada espontânea que há mais de 25 anos coloca nosso país no coração da geopolítica do tênis. De Günthardt até Wawrinka, passando por Hlasek, Rosset, Hingis e Federer, a Suíça levantou um tesouro de 37 títulos de Grand Slam (simples e duplos). Um milagre. Um orgulho”.

Sangue frio

O “L’Express”, de Neuchâtel, salienta entretanto o aspecto político da vitória: “Enquanto os torneios comuns alimentam o frenesi dos especialistas, a Copa Davis toca no coração das nações, fazendo emergir um saudável senso de identidade nacional. Quando Federer acariciou a bola da final, a Suíça levantou os braços com ele, gritando a sua alegria, sem medo de incomodar os vizinhos”.

O “Corriere del Ticino”, da Suíça italiana, também tira algumas lições desta aventura esportiva: “Só o esporte permite contar essas histórias. Histórias feitas de sofrimento, alegria, rivalidade. As histórias de um país, a Suíça, pequeno, mas vitorioso, sempre capaz de encontrar o talento individual, mesmo quando a lei dos números nos penaliza. (…) Este é o milagre de uma nação única em todos os sentidos, que deu vida a um sonho e o construiu tijolo por tijolo”.

Diante desta enxurrada de superlativos, o “Neue Zürcher Zeitung” tenta manter o sangue frio com uma manchete simples: “Missão cumprida”. Um pouco desmancha-prazeres o jornal de Zurique explica: “É claro que o triunfo de Lille é devido a uma constelação excepcional. Sem Federer, a Suíça terá novamente que lutar só para permanecer no grupo mundial, para o título então nem pensar. A base do tênis suíço é frágil: Marco Chiudinelli está com 33 anos e é 212º ATP. E o talentoso Henri Laaksonen tem pouca chance de sucesso entre os melhores”.

Adaptação: Fernando Hirschy

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