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Músicos suíços “improvisam” no Porto

Yannick Barman e Gergely Suto, uma amizade iniciada na Suíça que se encontra à beira do Douro. swissinfo.ch

Conheceram-se quando estudavam na Escola Superior de Música de Lausanne, mas as colaborações artísticas só surgiram, tempos depois, quando viviam em países diferentes. Gergely Suto mudou-se há doze anos para o Porto, sem nunca perder o contacto com Yannick Barman, que tem convidado para concertos em Portugal.

Os músicos deram dois espectáculos no Grande Porto. Barman apresentou o seu projecto intitulado “29”. Suto ofereceu um solo inspirado no punk, utilizando, pela primeira vez, o clarinete amplificado de maneira mais elaborada. Com uma formação clássica, os dois são apaixonados pela improvisação musical com computadores.

“Cada vez que venho [a Portugal] é uma experiência algo nova, porque cada um de nós tem a sua evolução. Não vivemos ao lado um do outro, não nos vemos, nem comunicamos todos os dias. Portanto, mesmo havendo um trabalho de fundo que dura há alguns anos, é sempre um novo reencontro”, diz Yannick, que realizou os primeiros projectos com o amigo há oito anos.

Barman não tem sido o único músico convidado por Gergely para actuar em Portugal. O imigrante suíço, de origem húngara, tem divulgado, no Porto, outros projectos que tem desenvolvido com o irmão Márton Suto, guitarrista de rock e jazz, e com Stéphane Blok, guitarrista e cantor suíço. “Esses são os meus pólos: Budapeste, onde continuo a ter contactos, o Porto e a parte francesa da Suíça”, enfatiza Suto.

E como tem reagido o público português aos concertos de Gergely e Yannick? “Nos meios em que o fazemos corre forçosamente bem, porque temos um público que gosta deste género de coisas e que quer escutar este tipo de música”, responde Barman. Suto, que conhece melhor a cidade, acrescenta: “No Porto, há um bom público para tudo o que é arte contemporânea. Existe muito menos snobismo nos gostos artísticos do que noutros países, se calhar também porque há menos concertos clássicos. É muito mais equilibrado.”

Das fanfarras à música electrónica

A história de Yannick Barman como músico começou “nas fanfarras das aldeias” e continuou no Conservatório. Depois, dedicou-se “seriamente” à composição. Há mais de dez anos que utiliza “o computador e esse género de coisas, para fazer música”. Ultimamente, o som não é a sua única preocupação. Tem investido também na “concepção do aspecto visual e cénico”, de forma a ter “um objecto audiovisual completo”.

No actual projecto, “há toda uma base de sons completamente acústica, mas que é sempre tratada informaticamente, de forma a originar uma música electrónica, electroacústica”. Yannick inspira-se cada vez menos na música, até porque agora não escuta tanta como antigamente, e mais nos filmes, nos livros…

O músico, que já tocou “um pouco em todo o lado, excepto na Rússia e na América do Sul”, não fica em casa à espera que lhe liguem. Está sempre a fazer contactos para actuar nos mais diversos sítios, usando, por exemplo, as redes sociais. A iniciativa é importante para poder fazer aquilo de que gosta, mas não deixa de realçar “a sorte” que tem por na Suíça haver “fundações que apoiam este tipo de criação artística”. O actual projecto é apoiado pela Pro Helvetia e pelo Serviço Cultural do Cantão do Valais.

No futuro, uma das coisas que Yannick quer continuar a fazer “é tocar com gente como o Gergely, porque é um projecto construído, mas, ao mesmo tempo, há muita improvisação nos concertos”.

“São como jogos de computador”

Gergely Suto sempre se interessou pela música experimental rock e acabou por se “lançar nesta aventura”, por causa das “possibilidades que surgiram com os computadores pessoais”.

O solista b da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música compara os programas de criação de música com jogos de computador, mas com uma diferença: “Nos jogos evoluímos dentro de um quadro definido por outras pessoas. Quando fazemos música com computadores a nossa criatividade é o limite”.

Outro dos projectos em que o músico está a trabalhar é um espectáculo de dança, no qual vai partilhar o palco com uma bailarina: “Vou tocar ao vivo e ter algumas interferências no espectáculo, fisicamente. Vai haver uma projecção”.

A estreia vai acontecer na Primavera, em Budapeste. Em Portugal, o espectáculo vai ser apresentado na Associação Cultural La Marmita, em Vila Nova de Gaia, onde Gergely e Yannick deram um concerto.

Yannick Barman, de 39 anos, ganhou o Primeiro Prémio de Virtuosismo em 1996, no Conservatório de Lausanne.

Nos dois anos seguintes, no Conservatório Regional de Rueil-Malmaison, em França, foi distinguido com o Primeiro Prémio de Trompete e com o Prémio de Excelência.

O músico viveu uma temporada em Nova Iorque, onde formou um quinteto, com o qual lançou o seu segundo CD: Sarah.

Antes de ter ingressado na Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, em 2000, Gergely colaborou com a Orquestra do Tonhalle de Zurique, a Orquestra Filarmónica Nacional da Hungria e a Orquestra Gulbenkian.

Desde sempre, o músico, que tem 40 anos, conciliou a formação clássica em clarinete com projectos experimentais e de improviso. Foi distinguido com o Primeiro Prémio de Virtuosismo na Escola Superior de Música de Lausanne.

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