Perspectivas suíças em 10 idiomas

Cristal gigante é exibido em Uri

Franz von Arx (esq.) e Paul von Kaenel (dir.) posam ao lado do colosso de 300 quilos. Keystone

O gigantesco cristal foi encontrado no ano passado na cadeira de montanhas Göscheneralp, próximo a Lucerna. Até o final de maio a pedra vai estar exposta numa antiga igreja em Flüelen.

O destino do cristal depois da exposição ainda está incerto. Para muitos suíços, a pedra é um símbolo é deve ser exposta no Parlamento e não vendida para o exterior.

“Há duzentos anos os mais bonitos cristais da Suíça desapareciam para ser vendidos no exterior”, lembra-se com tristeza Beda Hofmann, conservador do Museu de História Natural de Berna. Milão, na Itália, era um dos locais onde a mercadoria costumava ser vendida.

Hofmann conhece o destino dos cristais gigantes descobertos no passado. “Logo que eram encontrados, eles eram partidos em várias peças, que depois eram polidas e utilizadas nas igrejas ou casas nobres”, declara o especialista à swissinfo. Os cristais dos candelabros Versailles, na França, ou nos palácios de Berlim vêm, em grande parte, das montanhas helvéticas.

Região do Gotthard

Cristais de grandes dimensões encontrados nos Alpes suíços só foram mantidos a partir do século XIX. A região alpina do Gotthard, no sudeste da Suíça, era um dos locais preferidos para os colecionadores de pedras. As entranhas das montanhas de granito são consideradas locais ideais para a formação de cristais. Na Suíça, os colecionadores são até conhecidos pela denominação de “Strahler” (do alemão ‘projetor’) pelo fato das suas pedras irradiarem uma luz clara.

Os colecionadores profissionais Franz von Arx e Paul von Känel encontraram seu primeiro cristal gigante em meados dos anos 90, na região do Göscheneralp, próximo a Lucerna. Desde então os dois suíços não pararam mais de pesquisar a região à procura de outras peças interessantes.

Até que, no último verão, os dois encontraram um bloco de quartzo com 250 quilos. Para os especialistas, tratava-se da “descoberta do século”.

“Nos últimos duzentos anos foram encontradas apenas algumas pedras que pudessem ser comparadas a ela”, avalia Hofmann. “O que marca essa pedra é sua combinação de tamanho e qualidade. Ela é incrivelmente transparente. Além disso, é tão raro ver algo aqui, com quase um metro de largura”.

O que fazer com o cristal?

Agora o cristal gigante será exibido até maio na antiga igreja de Flüelen, no cantão de Uri, Suíça central. Para aumentar o efeito, o espaço foi escurecido e uma faixa de luz ilumina a pedra.

Ao mesmo tempo em que os turistas admiram sua beleza, outros debatem sobre o seu destino. Afinal, os colecionadores que a encontraram gostariam de fazer um pouco de dinheiro através da sua venda.

A proprietária do terreno onde foi encontrado o cristal, a Corporação de Uri, avalia a pedra entre 10 e 20 mil francos. Porém acredita-se que muitos colecionadores estariam dispostos a pagar mais do que isso.

Além do valor material, o cristal gigante também possui um valor turístico. Próximo ao local que foi encontrado, no vilarejo de Andermatt, o empresário egípcio Samih Sawiri está construindo um grande centro de lazer. A união dos dois seria um bom investimento para o comércio da região.

Também o poder imaginário do cristal seria útil na política. O deputado federal Bruno Zuppiger, da União Democrática do Centro, um partido de direita, declarou que gostaria de comprar a pedra para o Parlamento federal. Especialistas acreditam que ela tem mais de 20 milhões de anos.

Energia positiva

A idéia de compra já foi anunciada por Zuppiger na última sessão parlamentar de outono. Também os dois colecionadores, Arx e Känel declararam que apóiam a idéia de expor o cristal gigante num espaço público. Ela seria melhor do que deixar a pedra em mãos privadas, onde ela não seria vista nunca mais.

Com relação à sua utilização no Parlamento federal em Berna, Franz von Arx declarou no ano passado ao jornal “Blick”: – “O cristal emite energias positivas. Isso só poderia fazer bem aos nossos políticos”.

Da energia positiva não falta muito para as energias curadoras. “É cada vez maior o número de pessoas que acreditam no poder de curar dos cristais”, explica o conservador, sem esconder o seu ceticismo.

Apesar do debate, colecionadores, geólogos e esotéricos são unânimes em dizer que o cristal gigante é uma das peças mais fascinantes que já viram.

swissinfo, Alexander Künzle

Exposição de cristais na igreja velha de Flüelen, no cantão de Uri (Suíça central).
Aberta de 10 às 20 horas, até 28 de maio.
Além dos cristal gigante, outras peças são exibidas na exposição.

Cristais e outros minerais não são encontrados apenas por turistas ou outros colecionadores durante seus passeios pelas montanhas e florestas.

Beda Hoffmann, especialista do Museu de História Natural de Berna, operários que atuam na construção de túneis também costumam encontrar muitas peças interessantes.

Responsável pela coleção de pedras do cantão de Uri, Peter Ammacher, costuma visitar diversos canteiros de obras para procurar novos objetos. Sua última visita foi realizada no túnel NEAT.

Hofmann admite que muitas vezes os mineradores ou operários podem manter para si os cristais encontrados. Muitas vezes eles são vendidos através da internet.

Descobertas, como o cristal gigante, são muito raras.

Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!

Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR