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Noite brasileira não lotou no Montreux Jazz

Tulipa Ruiz esteve pela primeira vez em Montreux este ano. Lionel Flusin

Tulipa Ruiz, Gal Costa e Claudia Leitte fizeram o show da noite brasileira no festival de Montreux deste ano. A festa durou seis horas e foi comandada pelos diferentes estilos das cantoras: do pop de Tulipa Ruiz, passando pela serenidade de Gal Costa e pelo axé de Claudia Leitte. Contrariamente a muitas outras edições, a noite brasileira este ano não lotou.

Pela primeira vez em Montreux, Tulipa Ruiz abriu o show e só comprovou a tese de que é uma das grandes promessas da MPB dos últimos tempos. Embora a música sempre tenha feito parte de sua vida, Tulipa apresentou-se pela primeira vez num show solo em 2009. Depois disso, os ouvidos atentos da crítica, de produtores musicais e do público logo perceberam o talento.

Pop e ópera

Tulipa é carismática, simpática e dona de uma voz que vai às alturas. A composição foi perfeita para conquistar o público rapidamente, que, em grande parte, assistia a um show da cantora pela primeira vez.

Durante sua apresentação, Tulipa incluiu canções de seus dois álbuns – Efêmera e Tudo Tanto.  Abriu o show com a música “É” e durante o espetáculo mencionou a importância de estar naquele festival, especialmente quando apresentou um de seus músicos, seu pai e guitarrista Luiz Chagas. Levou o público a uma opera ao apresentar a música Víbora e mostrou os potenciais de sua voz e de sua interpretação.

Música eletrônica e bossa-nova

No espaço nobre do show, Gal Costa apresentou-se com a voz impecável de sempre. Depois de algumas músicas , Gal conversou alguns poucos minutos com o público. Agradeceu a presença de todos e o fato de estar mais uma vez em Montreux, mas rapidamente voltou ao que prefere fazer em shows: cantar.

 No repertório, que incluiu músicas de seu último álbum, “Recanto”, Gal mostrou toda sua técnica e voz em harmonia com a música eletrônica, como ao cantar, por exemplo, “Autotone Autoerótico”. Com quase 50 anos de carreira, apresenta um estilo diferente para quem está acostumado a ouvi-la interpretando as mais tradicionais músicas da bossa-nova.

Gal não deixou de brindar os saudosistas e cantou alguns de seus sucessos inesquecíveis como Folhetim, Baby e Divino Maravilhoso. Mas foi ao interpretar “Um dia de domingo” que Gal brincou com o público, imitando a voz de Tim Maia.

Desde 1978 o festival reserva um espaço para a música brasileira. Já passaram por ali os grandes talentos da música brasileira como Elis Regina, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho e muitos mais.

 Este ano a noite brasileira não estava lotada e era possível encontrar ingressos no mesmo dia. Em outras edições, a noite brasileira era geralmente a primeira a ser inteiramente vendida.  

Há alguns anos, a música brasileira tinha duas noites do festival.

Este foi o primeiro ano do festival sem o seu fundador Claude Nobs, falecido em janeiro de 2013.

O show Recanto de Gal Costa foi considerado um dos melhores shows de 2012 no Brasil.

Tulipa Ruiz define seu estilo como pop-florestal – metade paulista, metade mineiro. Ela  nasceu em Santos, cresceu em Minas Gerais, em São Lourenço, e estudou comunicação em São Paulo.

Baile axé

Claudia Leitte subiu pela primeira vez no palco de Montreux por volta da meia noite. O público queria festa e a cantora baiana transformou o auditório suíço, que não estava lotado, num bar de axé da Bahia – com mãozinhas para cima e para baixo.

Com coreografias ensaiadas e acompanhada de dançarinos,  a musculosa Claudia Leitte iniciou o show com músicas de seus álbuns como “Me deixa sambar”, “Mãozinha”, “Paz, Carnaval e Futebol”. Muitas delas conhecidas do público presente.

No repertório, incluiu  sucessos do cancioneiro brasileiro e internacional. Algumas canções de Jorge Ben Jor, como Fio Maravilha e Taj Mahal, passando por Lulu Santos, com Descobridor dos sete mares.

Resolveu também cantar em inglês e apresentou, por exemplo, sua versão ousada de Satisfaction, dos Rollings Stones.

Em um dos momentos do show, Tulipa Ruiz voltou ao palco e cantou com ela “Ai que saudades d’ocê”, de Geraldo Azevedo, num dos momentos mais intimistas de seu show.

No final, apresentou uma música de seu próximo álbum e encerrou a noite brasileira com a “Dança da Manivela” – com mãozinhas para cima e a galera tirando os pés do chão.

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