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Nicolas Masson, o jazz suíço sem fronteiras

Nicolas Masson em quarteto no Jardim do Goethe, em Lisboa. Luis Guitta

O saxofonista suíço esteve este verão em Portugal para se apresentar no festival Jazz no Jardim do Goethe e no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e dar a conhecer, ao vivo, o disco “Thirty Six Ghosts”.

“Um público muito atento e muito caloroso”, afirma Masson, acrescentando que “foi realmente um prazer tocar para aquele público.”

Aos oito anos ganhou a primeira guitarra e sonhava ser estrela Rock. Enquanto adolescente, descobriu o saxofone e nomes incontornáveis do Jazz, como John Coltrane, Albert Ayler, Sidney Bechet e Louis Armstrong. Hoje, Nicolas Masson é um saxofonista, clarinetista e compositor, reconhecido no panorama internacional da vanguarda da música Jazz e improvisada.

Nicolas Masson nasceu e foi criado em Genebra, mas a curiosidade por culturas diferentes levou-o a viajar por outros continentes. Em Nova Iorque decidiu que iria dedicar a sua vida à música. Por Lisboa apaixonou-se, e sempre que pode volta a Portugal. Agora, a multiplicidade de projetos em que está envolvido leva-o a dividir-se entre continentes.

Fusão de Jazz entre o novo e o velho Mundo

Sinal claro de como a música do compositor helvético ultrapassa todas as fronteiras é o facto de, por exemplo, os dois mais recentes discos terem sido lançados por editoras de Portugal e Espanha. Com o coletivo Nicolas Masson Parallels, em 2009, lançou “Thirty Six Ghosts” pela Clean Feed Records, de Portugal.

Enquanto, o Nicolas Masson Quartet viu o seu trabalho “Departures” conhecer a luz do dia, no mês passado, através da espanhola  Fresh Sound Records. Dois projetos com reportórios completamente diferentes, mas que ao nível da formação e da instrumentação são bastante próximos.

“Departures” é um projeto de criação que nasceu de uma encomenda da associação AMR, de Genebra, – associação de músicos que trabalha para a promoção da música improvisada e do Jazz em geral – que deu carta-branca para Nicolas Masson escrever a música e criar um projeto de raiz.

“Como vivi em Nova Iorque , cidade onde vou regularmente desde há 20 anos, lá há músicos com os quais toco regularmente. Há sempre ideias e projetos no ar, e esta foi uma oportunidade de os concretizar,” revela Nicolas Masson.

Um trabalho construído em torno de Ben Monder , um guitarrista “excecional e de grande influência” no meio do Jazz contemporâneo. “Então, reunindo pessoas que se conhecem bem, para que as coisas funcionassem bem, fizemos o CD “Departures”. Com o Ben Monder, com o Patrice Moreal no contra-baixo, e com o Ted Pork, que é um baterista formidável,” esclarece Masson.

Nicolas Masson Parallels é um projeto que o músico e compositor  iniciou há aproximadamente 5 anos, quando regressou à Suíça, depois de vários anos em Nova Iorque. O desejo de ter um grupo na terra natal, aliado ao “objetivo de conseguir misturar elementos do Rock alternativo  com a improvisação e ,nomeadamente, com o Jazz”, conduziu Masson à composição de todo o reportório da orquestra formada exclusivamente por músicos suíços.

“De facto, os elementos que na origem eram mais Rock começam a, pouco e pouco, estar cada vez mais diluídos. O tocar em grupo dá um som muito particular a esta orquestra, com a qual quero continuar a tocar e criar música,” afirma Masson

Sobre o futuro próximo, os planos passam por continuar a dar aulas na associação AMR, concluir o novo reportório que está a escrever para os Parallels e gravar as novas composições dentro de um ano. Mas, antes disso, há também o projeto coletivo Third Reel, que, em principio, em dezembro, deve de gravar para a Rádio da Suíça Italiana. 

Verão em Portugal para juntar a paixão por Lisboa

O saxofonista esteve este Verão em Portugal para, com o Nicolas Masson Parallels, se apresentar no festival  Jazz no Jardim do Goethe (organizado pelo Instituto Goethe de Lisboa) e no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e dar a conhecer, ao vivo, o disco “Thirty Six Ghosts”.

 “Um público muito atento e muito caloroso”, são as palavras que Masson usa para descrever  a imagem que guarda do público português. Afirmando, em jeito de conclusão, que “foi realmente um prazer tocar para aquele público.”

Depois dos concertos, ainda em território português, aconteceu o merecido descanso do guerreiro, entenda-se músico,  na companhia da esposa e do filho. “A minha mulher veio ter comigo a Portugal, mais o meu bebé, e fizemos umas férias. Desfrutámos de Portugal, um país de que nós amamos muito e onde já fizemos férias por várias vezes.  Começámos por nos apaixonar por Lisboa, porque foi a primeira cidade que conhecemos em Portugal. É realmente um país magnífico que adoro.”

Originalidade e prazer

Nicolas Masson apresentou-se em solo luso com o apoio da representação diplomática helvética. O que, para o Embaixador da Suíça em Portugal, Rudolf Schaller, acontece na sequência do trabalho desenvolvido pela Embaixada no plano cultural. Um trabalho que “consiste em oferecer, e procurar, possibilidades de colocar no palco os artistas, dar a ver o cinema, organizar exposições. Mostrar  grandes nomes da Suíça.” 

“Todos os anos, há dois grandes festivais de Jazz, em Lisboa. Um organizado pelo Instituto Goethe e outro, o Festival de Verão, organizado pela Fundação Calouste Gulbenkian. E, nos dois casos, soubemos incluir grupos suíços no programa desses festivais,” afirma, com orgulho, o diplomata para quem ouvir a música de Masson “é um prazer.”

Rui Neves é o curador responsável pelo festival do Instituto Goethe e identifica Nicolas Masson como dono de “um Jazz muito original.” E acrescenta: “São músicos como ele que constroem a música de agora. E, no fundo, é a estes músicos que temos de nos reportar e seguir.“

Nicolas Masson Quartet

“Departures” – Fresh Sound Records (2011)

Nicolas Masson (saxofone/composição), 

Bem Monder (guitarra)

Patrice Moret (contrabaixo)

Ted Poor (bateria)

 Nicolas Masson Parallels

“Thirty Six Ghosts”Clean Feed Records (2009)

Nicolas Masson (saxofone/composição)
Colin Vallon  (piano eletrico Rhodes)
Patrice Moret (baixo acústico)
Lionel Friedli (bateria)

Nicolas Masson Quartet

“Yellow (A Little Orange)” – Fresh Sound/New Talent (2006)

Nicolas Masson (saxofone/composição)

Russ Johnson (trompete)

Eivind Opsvik (baixo)

Gerald Cleaver (bateria)

Nicolas Masson Quartet

“Awake” – Altri Suoni (2002)

Nicolas Masson (saxophone/composição)

Russ Johnson (trompete)

Eivind Opsvik (baixo)

Mark Ferber (bateria)

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