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Polanski em prisão domiciliar nos Alpes suíços

Chalé de Polanski sitiado pela mídia internacional Keystone

Depois de passar 70 dias em uma prisão do estado de Zurique, o cineasta franco-polonês Roman Polanski foi transferido nesta sexta-feira (4/12) para sua casa de férias em Gstaad.

No chalé monitorado eletronicamente, ele permanecerá em prisão domiciliar à espera de uma decisão da Justiça Suíça sobre o pedido de extradição apresentado pelas autoridades dos EUA.

Duas limusines com vidro opaco chegaram à casa do diretor de cinema nos Alpes bernenses pouco antes das 13h (horário local). Entre 70 e 90 jornalistas de todo o mundo aguardavam no local, mas não puderam confirmar inicialmente a chegada do cineasta.

Poucos instantes depois, a Secretaria Federal de Justiça informou que Polanski foi transferido para sua casa de férias em Gstaad. Lá ele será vigiado através de um bracelete eletrônico, mas poderá receber visitas e se movimentar livremente em sua propriedade.

Polanski foi preso em 26 de setembro passado, no aeroporto de Zurique, a pedido da Justiça dos Estados Unidos. Até ontem ele permaneceu na prisão distrital de Winterthur, no estado de Zurique.

O cineasta fugiu dos EUA em 1978, antes de ser julgado pela acusação de ter mantido relações sexuais com uma adolescente.

Na última quarta-feira, o Tribunal Penal Federal da Suíça decidiu que Polanski poderia esperar em seu chalé transformado em prisão domiciliar a decisão sobre sua extradição para os EUA .

Para isso, ele teve de depositar uma fiança de 4,5 milhões de francos, entregar seus documentos de identidade e aceitar ser monitorado eletronicamente para evitar o risco de fuga.

Segundo especialistas em segurança, o sinal do bracelete eletrônico usado pelo diretor será transmitido via rede telefônica. O sistema deve disparará um alarme se Polanski se afastar demais da casa.

Fim da tranquilidade em Gstaad

Situado a 1050 metros acima do nível do mar, Gstaad tem em seus arredores 250 quilômetros de pistas de esqui que vão até as geleiras situadas a 3000 metros de altitude.

Com 6700 habitantes e um centro livre de automóveis, o povoado é destino de férias tanto no inverno quanto no verão para nomes do jetset internacional, como Gunter Sachs, Tony Curtis, Roger Moore, Bernie Ecclestone e Roman Polanski.

Gstaad, no entanto, tem fama de ser bem menos agitada do que outras estações de esqui da Suíça, como por exemplo Saint Moritz e Zermatt. Personalidades que querem exibir seu dinheiro e sua fama vão para Saint Moritz, nos Grisões; Gstaad é o destino dos ricos que não querem aparecer – é uma comparação feita frequentemente na imprensa suíça.

Membros da nobreza europeia, homens de negócio e artistas são discretos no povoado situado nos Alpes bernenses. “Do lado de fora, os chalés dos super-ricos não diferem das velhas casas dos agricultores”, diz o famoso cozinheiro alemão Robert Speth, que mora em Gstaad, à agência de notícias DPA.

O caso Polanski, porém, quebrou a tranquilidade do povoado no momento em que cai a primeira neve de inverno. Desde a semana passada, dezenas de jornalistas de vários países estavam em Gstaad à espera da chegada do cineasta.

swissinfo.ch com agências

O crime pelo qual Polanski é acusado ocorreu em 1977. Aos 44 anos, o cineasta havia convidado uma jovem de 13 anos, Samantha Geimer, para uma sessão de fotos para a revista Vogue, na residência do ator Jack Nicholson, em Los Angeles.

Segundo os autos, o diretor deu à menina champanhe e tranquilizantes, antes de pedir que tirasse suas roupas. Em uma piscina, os dois completaram o ato sexual. Posteriormente Geimer declarou que teve medo do cineasta e por isso se sujeitou ao seu assédio.

O cineasta contestou, na época, a versão da menina, mas confessou ter tido relações sexuais com a menor de idade. Ele foi preso e liberado mediante pagamento de 2.500 dólares de fiança. Durante as investigações, Polanski foi detido novamente, dessa vez por 42 dias.

Pouco depois, embarcou em um avião para Londres e depois para Paris, onde vive até hoje com sua esposa, a atriz Emannuelle Seigner. Ele nunca mais retornou aos EUA, nem para receber o Oscar em 2003 pelo filme O Pianista.

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