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Festival brasileiro de filmes ambientais tem mostra suíça

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Cena de Horizonte bonito, de Stefan Jager, um dos filmes suíços apresentados no Filmambiente 2014. Divulgação

Em meio a uma disputa eleitoral onde questões ambientais como o desmatamento da Amazônia estão no centro do debate entre os candidatos à Presidência da República e mobilizam o país, foi realizada no Brasil, com destacada participação suíça, a quarta edição do Filmambiente – Festival Internacional do Audiovisual Ambiental.

O festival, que a cada ano ganha mais prestígio internacional, aconteceu no Rio de Janeiro, entre os dias 4 e 10 de setembro e, desde a primeira edição, tem entre seus apoiadores o Consulado Geral da Suíça no Rio de Janeiro.

Em 2014, uma das atrações do FilmambienteLink externo foi a Mostra Suíça, exibida fora da competição e que reuniu cinco filmes produzidos em diferentes regiões do país. Obras como a comédia Reciclando Lilly, de Pierre Monnard, e o diversas vezes premiado documentário Steps – Jornada aos Confins das Mudanças Climáticas, da associação suíça Ride Greeners, despertaram grande interesse no público brasileiro, que encheu as sessões de exibição. Completaram a mostra, também com boa receptividade do público, a ficção Horizonte Bonito, de Stefan Jager, e os documentários Caminhada de Milhões, de Christophe Schaub e Kamal Musal, e Vozes Proibidas, de Barbara Müller.

Admiração

Diretora do Filmambiente, a brasileira Suzana Amado revela sua admiração pelos filmes suíços com temáticas socioambientais: “Decidimos fazer uma mostra suíça este ano porque, já há algum tempo, eu venho observando que os filmes suíços têm uma excelente qualidade. Os documentários suíços focam bastante nessas questões do ser humano no ambiente em que vive. Fizemos uma mostra com dois filmes de ficção e três documentários. O conjunto mostra toda a variedade da produção suíça, com esse recorte ambiental”, diz.

Suzana, que convidou o cônsul geral adjunto da Suíça no Rio, Christophe Vauthey, para integrar o júri do festival, comemora o fato de o evento se fortalecer a cada ano: “Organizei esse festival porque acredito que o meio ambiente é a grande questão política do século XXI. A gente só tem uma Terra para viver, mas estamos destruindo o nosso entorno. O audiovisual é o melhor instrumento para relatar fatos, reforçar a visibilidade de coisas que todos nós sabemos e apontar caminhos”, diz.

Conteúdo externo

Após a exibição de Reciclando Lilly, Pierre Monnard Link externodeu uma palestra e respondeu a perguntas feitas pelo público brasileiro. Em conversa exclusiva para swissinfo.ch, o cineasta suíço fez um balanço positivo de sua participação no Filmambiente: “Estou encantado de ter sido convidado a vir ao Rio de Janeiro para mostrar meu filme ao público da América do Sul”, disse.

Comédia estilizada

Natural do cantão de Friburgo, Monnard, que define seu filme como “uma comédia estilizada sobre certos modos de vida na Suíça”, confessa que estava muito ansioso para saber a reação do público carioca. A espera valeu a pena: “Tudo se passou extremamente bem. Para minha grande felicidade, o humor do filme viajou bem até o Brasil. Mesmo que nem todas as suscetibilidades da linguagem tenham sido compreendidas pelo público, o que é normal, a mensagem global do filme foi compreendida e apreciada. Mostrar o filme no Brasil e escutar as pessoas rindo com Reciclando Lilly foi uma experiência magnífica”.

Nas palavras de seu realizador, Reciclando Lilly é uma comédia romântica não convencional: “O filme conta as aventuras de um inspetor de lixeiras – extremamente suíço, obcecado pela perfeição – que se apaixona por uma dessas pessoas que sofrem um tipo de depressão crônica e que se refugiam dentro de casa, em meio a objetos que coleciona. É a história de dois extremos que se encontram”.

Monnard alerta que a história não é tratada de modo realista, e diz que seu filme é “o oposto de um documentário”, muito colorido e estilizado: “É uma espécie de conto de fadas que se passa em um universo de cartão postal, que é a Suíça. É uma bela metáfora para mostrar que sempre existem duas faces nessa medalha da perfeição suíça. De um lado há essa perfeição visual, de cartão postal, e de outro nós escondemos um pouco alguns defeitos e asperezas que são apresentadas no filme por Lilly. Tentei contar isso sob a forma de uma história de amor”, diz.

Outro ingrediente utilizado pelo cineasta friburguense é o humor: “Se observarmos, veremos que tudo na pequena casa de alguns suíços é perfeito, tudo é limpo e bem cuidado. Mas, evidentemente, isso desenvolve às vezes comportamentos um pouco absurdos, um pouco grotescos. O filme debocha muito gentilmente de tudo isso”, conta.

Após o sucesso no Filmambiente, o próximo passo é aproveitar a visibilidade conquistada no Brasil para buscar a participação em outros festivais latino-americanos: “Durante o festival, soubemos do interesse de vários outros festivais da América do Sul, que viram o filme no Rio. Todos gostaram muito de Reciclando Lilly. Há chance de que o filme seja exibido em breve no México. Eu espero que o filme faça o circuito de muitos festivais aqui na região, isso seria genial”, diz Monnard.

Vencedores

Em sua quarta edição, o festival brasileiro Filmambiente exibiu 60 filmes de diversos países. Na mostra competitiva, o grande vencedor, com o prêmio de melhor filme na categoria longa-metragem, foi Bidder 70 (Estados Unidos). Receberam menções honrosas do júri os filmes Deserto Verde (Argentina) e Virunga (Reino Unido). Entre os filmes de curta metragem, o vencedor foi Sombra da Árvore (Tanzânia), e as menções honrosas foram para Payada Pa’ Satán (Argentina) e O Barril (Reino Unido, Venezuela, República Dominicana).

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