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VIPs e ecologia no Festival de Cinema de Locarno

Um dos encontros de personalidades em Locarno. Detalhes no texto. Keystone/Film Festival/Karl-Heinz Hug

O Festival Internacional de Cinema de Locarno não é apenas um dos mais importantes eventos culturais da Suíça. A presença de inúmeras personalidades suíças e internacionais faz com que os jornais o considerem um "mini-Davos".

Uma delas, o ministro suíço do Meio Ambiente, Moritz Leuenberger, aproveitou a ocasião para ver o filme do filho e elogiar a utilização de carros ecológicos pela organização do evento.

Como todos os verões, o Festival Internacional de Cinema de Locarno transforma por alguns dias essa cidade, construída ao pé de elevadas montanhas e banhada por um lago alpino, em uma grande sala de projeção ao ar livre. Enquanto cinéfilos apreciam grandes obras na “Piazza Grande”, atores, produtores e jornalistas discutem os rumos do cinema.

Porém, quem domina os bastidores são inúmeros políticos, empresários e outras personalidades internacionais. Muitas delas já estão passando férias nessa popular região turística da Suíça e aproveitam para passar, ver um filme e tomar um copo de vinho com velhos conhecidos. E um detalhe tipicamente helvético: em Locarno, elas se transformam em cidadãos comuns.

Responsável por um desses encontros de Vips é Frank A. Meyer, membro da direção da Editora Ringier, uma das maiores da Suíça. Foi há 35 anos quando o jornalista convidou o primeiro conselheiro federal (ministro de Estado) a vir à Locarno. Desde então, Meyer reúne a cada festival em Locarno personalidades para uma festa particular.

“Mini-Davos”

Em 2010 não foi diferente. O encontro chegou a levar o jornal Tagesanzeiger, de Zurique, a apelidar o Festival de Locarno de “Mini-Davos” em uma das suas manchetes, tal era o peso político e econômico dos convidados. Era uma referência ao Fórum Econômico Mundiaal.

Na foto (acima), da esquerda à direita, perfilam Jacques Barrot (ex-ministro francês da Justiça e ex-vice-presidente da Comissão Europeia), Gerhard Schröder (ex-chanceler da Alemanha), Beatrice Borg-Hoffmeister (empresária), Moritz Leuenberger (ministro suíço dos Transportes, Energia, Comunicação e Meio Ambiente), sua esposa Gret Loewensberg, Aline Trichet, Hans Küng (teólogo suíço), Lilith Frey (jornalista), Jean-Claude Trichet (presidente do Banco Central Europeu), Frank A. Meyer (jornalista), Michela Solari e Marco Solari (presidente do Festival de Locarno).

Na ocasião, a fundação da Editora Ringier aproveitou para dar a Jean-Claude Trichet o “Premio Europeu pela Política Cultural”, dotado de 50 mil francos. No discurso de homenagem, Gerhard Schröder elogiou o presidente do Banco Central Europeu como “grande europeu e defensor engajado do sistema monetário europeu”. Em uma das mesas, aplaudia Pascale Bruderer, presidente da Câmara dos Deputados da Suíça e o escritor suíço Adolf Muschg.

Filho ator

Até o encerramento do festival em 14 de agosto, quatro ministros suíços já terão dado o ar de sua graça em Locarno. A presidente da Confederação Helvética e ministra da Economia, Doris Leuthard, fez a sua abertura oficial. Moritz Leuenberger apareceu na sexta-feira (6 de agosto) para assistir a estreia do filme “Hugo Koblet – o ciclista de charme”, do diretor suíço Daniel von Aarburg.

Além de prestigiar esse evento cultural, o ministro de quatro pastas também tinha um motivo bem pessoal para estar sentado em uma das cadeiras na Grande Piazza: seu filho, Manuel Löwensberg, era o principal ator do filme que retratava a historia de um dos mais legendários ciclistas suíços.

Aos jornalistas presentes, Leuenberger elogiou a vertente “ecológica” do festival ao incluir um filme sobre ciclismo na mostra voltada ao grande público. Ao mesmo tempo, o político também agradeceu aos seus organizadores por escolher veículos híbridos para formar 70% da frota de transporte dos participantes. “O festival está mais forte do que o próprio governo”, brincou o ministro, visivelmente bem-humorado.

Jantar de Gala

Outros dois ministros também vieram. Na mesma sexta-feira (6 de agosto) ocorreu também o tradicional jantar de gala “Clube Leopardo” no Monte Verità, local mítico ao pé da montanha nas proximidades de Locarno e Ascona – sobretudo através de uma colônia de artistas do século 1920. Como todos os anos, o ministro suíço da Cultura foi um dos principais convidados.

Didier Burkhalter, também ministro do Interior e o mais novo no gabinete federal (ele foi empossado em 1° de novembro de 2009), chegou acompanhado pela esposa em um Mercedes-Benz preto. Depois de passar pela orquestra, o casal sentou-se em uma das mesas e aguardou pela chegada da comida. No cardápio, um prato bem típico do Ticino: risoto (arroz com açafrão).

No salão desse espaço, que hoje funciona com um centro de convenções, estavam presentes também outros pesos-pesados da economia como o suíço Joe Ackermann (presidente do Deutsche Bank, o maior banco alemão) e Oswald Grübel, presidente do maior banco suíço, o UBS. Os dois conversavam animadamente e, conforme declararam aos jornalistas presentes, sem tocar em assuntos profissionais. Ao lado dos dois, o vice-presidente do Credit Suisse, o segundo maior banco helvético, Urs Rohner.

Os chefes de outras grandes empresas suíças como SBB (Companhia Suíça de Trens), Migros (supermercados) e Swisscom (telecomunicações) também faziam parte da lista de convidados. Essas personalidades e outros membros do “Clube Leopardo” reúnem-se a cada Festival de Locarno por motivos filantrópicos: todos eles doaram entre cinco mil e dez mil francos para ajudar a cobrir os déficits da organização do evento.

O Festival Internacional de Cinema de Locarno recebe 1,8 milhões de francos do governo federal. Patrocinadores privados contribuem com o dobro dessa soma. Porém os gastos são consideráveis e aumentam a cada ano. “Quanto maior o festival se tornou, mais dependemos da ajuda política e dos setores econômicos”, explicou o presidente do evento, Marco Solari.

Alexander Thoele, swissinfo.ch com agências

O Festival Internacional de Cinema de Locarno ocorre de 4 a 14 de agosto de 2010.

O júri da competição internacional é composto por Eric Khoo (diretor de Cingapura), Golshifteh Farahani (atriz iraniana),
Melvil poupaud, (ator francês), Lionel Baier (diretor suíço) e Joshua Safdie (diretor americano).

O prêmio dado a um cineasta pelo conjunto da sua obra será entregue, em 2010, duas vezes.

Em primeiro lugar, a Alain Tanner, um dos maiores cineastas suíços, autor de 25 filmes dos quais se destacam “Charles mort ou vif”, “Les Années lumières” ou “Dans la ville blanche”.

Em segundo, ao chinês Jia Zhang-ke, nascido em 1970 e autor de nove longas-metragens, dos quais “Plateform”, “Still life” e “The world”.

O prêmio “Raimondo Rezzonico”, entregue a produtores independentes, será dado em 2010 ao israelense Menahem Golan (Godard, Altman, Schroeder, Chuck Norris…).

A atriz Chiara Mastroianni receberá um prêmio de excelência pelo seu trabalho.

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