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Davos vê América Latina com otimismo

Fórum Econômico Mundial também focaliza a América Latina RDB

Região é considerada pelo Fórum Econômico Mundial como destino atraente para investimentos em 2008, embora enfrente a concorrência acirrada da Ásia.

Apesar das incertezas causadas pela crise imobiliária nos EUA, executivos se mostram otimistas em relação à economia-latino-americana.

Em meio às turbulências e ao pânico que a crise imobiliária norte-americana desencadeou nas bolsas de valores, a América Latina se transforma numa espécie de fiel da balança durante o Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), em Davos, nos Alpes suíços.

O encontro desta vez não conta com a presença de velhos conhecidos, como os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Felipe Calderón Hinojosa (México). No entanto, através do presidente colombiano Álvaro Uribe e de delegações ministeriais de países como o Brasil, o México e a Argentina, destacará o potencial de uma região que, mesmo não sendo imune ao risco, vive um bom momento econômico.

A importância da América Latina

O WEF evidentemente vê a Ásia como o gigante que desperta e ameaça “engolir o mundo”. Porém, a América Latina se apresenta em 2008 como um destino de menos riscos e ainda atraente para os investidores.

O motivo é que, embora a China ou a Índia consigam crescer a taxas de 8% ao ano, suas listas de reformas pendentes ainda são longas.

Na América Latina, boa parte desse caminho já foi percorrido e as economias crescem a uma taxa atraente, o que não é ignorado pelo grande capital.

“A América Latina oferece sua face mais atraente das últimas três décadas. A região cresce a uma taxa média anual de 5%, seus mercados de capital experimentam um boom e os fundamentos das economias são sólidos como nunca antes”, afirma o WEF num estudo apresentado em Davos.

Na avaliação dos peritos, o México, a Argentina e o Brasil são países-chave nesse processo, porque seus governos não têm cessado de realizar ajustes internos que garantem a iniciativa privada e multiplicam as oportunidades de investimentos para os empresários de todo o mundo. “Prosseguir nesse rumo”, continua o WEF, “seria de grande utilidade para essas nações”.

Preocupação internacional

Um assunto inevitável em Davos são as incertezas nos mercados financeiros, cujas perdas decorrentes da crise imobiliária nos EUA podem chegar a 20 bilhões de dólares.

George Soros, guru dos especuladores, classificou as turbulências nas bolsas de valores como alarmantes e considerou que se está diante da “pior crise financeira do pós-Guerra”.

O WEF abriu diversos espaços para discutir o tema. “As crescentes perdas registradas pelos créditos hipotecários de alto risco nos EUA, os níveis históricos dos preços de energia e a escassez de produtos básicos, como laticínios e cereais, põem o mundo a refletir sobre o que virá em 2008”, segundo o WEF.

Uma das 240 mesas-redondas do Fórum de Davos, moderada pelo presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, discutirá os “riscos financeiros sistêmicos e as lições da crise imobiliária”.

Agenda latino-americana

Nesse contexto, os representantes da América Latina tentarão explicar até que ponto a região está ou não a salvo do contágio estadunidense. Há discussões, por exemplo, sobre o “crescimento na América Latina”, com participação, entre outros do presidente da Petrobrás, Almir Barbosa.

A América Latina expõe também as opções que tem para capitalizar fatores como o “bônus demográfico”, que teoricamente permite que sua população jovem fortaleça as economias da região, ou para redirecionar os capitais financeiros para seus mercados. Uma aposta que não será fácil, mas que a América Latina tentará ganhar.


swissinfo, Andrea Ornelas, Davos

Ao contrário do ano passado, quando o Fórum de Davos transcorreu num clima de otimismo em relação à economia mundial, este ano diminuiu, pela primeira vez desde 2003, a confiança dos executivos na continuidade do crescimento econômico, como apontam pesquisas de opinião entre a elite econômica publicadas em Davos.

Entre os executivos norte-americanos, apenas 35% se mostram otimistas, contra 55% do ano passado. Na Europa, 44% dos entrevistados ainda encaram o futuro com otimismo.

Já na Ásia, na América Latina, bem como no Centro e no Leste da Europa, o otimismo em relação ao crescimento econômico aumentou, no total, para 55%. Principalmente na China (73%) e na Índia (90%) ele é forte. Os tempos em que uma gripe dos EUA causava um resfriado mundial passaram, dizem representantes dos países emergentes.

O próximo encontro regional do Fórum Econômico Mundial acontece nos dias 15 e 16 de abril de 2008 em Cancún, no México. A meta é atrair investimentos para a América Latina.

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