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Economia suíça continua entre as mais competitivas

Bancos suíços precisam recuperar a confiança, afirma o IMD. Keystone

O relatório 2009 sobre Competitividade Mundial, elaborado pelo Instituto suíço IMD, mantém a economia helvética na mesma posição do ano passado, ou seja, em quarto lugar.

Porém essa posição estará ameaçada se os bancos não recuperarem a confiança e se as exportações não aumentarem. Do contrário, a Suíça pode perder sua posição entre as cinco economias mais competivas do mundo nos próximos anos.

Em 2009, somente Estados Unidos, Hong Kong e Cingapura têm economias mais competitivas do que a Suíça, confirmada em quarto lugar como no ano passado. As informações foram publicadas no último relatório sobre a Competitividade Mundial, divulgado na quarta-feira (20).

O International Instititute for Management Development (IMD), em Lausanne, avalia a economia de 57 países segundo 350 critérios. Portugal subiu três posições em relação ao ano passado e aparece em 34° lugar. O Brasil também ganhou três pontos e está em 40°. A economia mais competitiva da América Latina é a do Chile. (Veja infográfico na coluna à direita).

Quanto à Suíça, o IMD fala em fundamentos econômicos sólidos, mas adverte que os estragos da recessão ainda estão a produzir efeitos.

Dois terços dos critérios de análise são baseados nos indicadores econômicos de cada país. O restante resulta de uma sondagem feita entre empresários e acadêmicos sobre a percepção que eles têm de cada país.

Na classificação de 2009, depois da Suíça estão Dinamarca (5°), Suécia (6°), Áustria (7°), Canadá (8°), Finlândia (9°) e Holanda (10°). No outro oposto aparecem Croácia (53°), Romênia (54°), Argentina (55°), Ucrânia (56°) e Venezuela (57°).

As economias européias mais afetadas pela crise são a França (passou de 25° para 28° lugar) e a Espanha (de 33° para 39°), ambas com altas significativas de desemprego.

Suíça tem bases sólidas

No capítulo dedicado à Suíça, o relatório analisa as forças e fraquezas da economia helvética.

A seu favor, a economia suíça tem elementos como a facilidade de acesso a financiamento por parte das empresas e de particulares (n° 1 nesse item entre os 57 países analisados), custo de capital atrativo (1), experiência no manejo de grandes negócios (1), capitalização do mercado de valores (3), gastos públicos com saúde (2), produtividade (6) e solidez internacional (3).

Entre os pontos mais vulneráveis para a economia helvética estão os preços elevados (45), os altos subsídios (52) e salários acima da média dos países analisados (52).

A queda das exportações e o risco de deflação em 2010 são fatores agravantes, segundo o IMD.

2010 será um ano-chave para a Suíça

Acerca do desempenho da Suíça, a especialista do IMD, Anne-France Borgeaud, afirma que o país continua sendo bem posicionado, mas que ainda precisa de vigilância.

“A Suíça está em um momento complexo”, afirma, “e devemos questionar se será capaz de manter no futuro os mesmos níveis de competitividade que teve até agora.”

“A queda de ritmo da economia”, explica, “é notada desde outubro passado. O fluxo de investimento caiu, a conta corrente se deteriora e as exportações – um dos pilares da economia – diminuem. Os efeitos da crise também já são notórios na construção civil, hotelaria e, evidentemente, o setor financeiro”, sublinha Borgeaud.

A praça financeira suíça, que equivale a 12% do PIB do país, está sob pressão internacional (como no caso de evasão fiscal pelo UBS nos Estados Unidos) e deve restaurar a confiança.

Com relação ao consumo interno, “os suíços são prudentes e tenderão a adiar as compras para mais tarde e poupar em situação pouco favorável, o que não é bom para uma economia que tenta sair de uma conjuntura recessiva”, explica.

Adverte ainda sobre outro ponto importante: dado que a Suíça começou a mostrar sinais de recessão com certa defasagem em relação aos Estados Unidos e outros países europeus, no final de 2009 e em 2010 poderão ser avaliados com precisão os efeitos da crise em sua economia. Borgeaud acrescenta que pode haver um período de baixo crescimento, como na década de 90.

O mundo mudiou

O criador do Relatório sobre a Competitividade Mundial, que este ano apresenta sua 21a edição, Stéphane Garelli, faz uma ampla reflexão em um dos anexos do relatório.

Por que existe a competição? Ele pergunta e ele mesmo responde: “porque o mundo é muito mais aberto do que antes e todos os países querem as mesmas fontes de insumos e mercados e fazem tudo para consegui-los.”

O professor do IMD afirma também que a atual crise financeira mudou o mundo para sempre. Outros atores entram na economia mundial e mudam as regras de forma definitiva. “Faz pouco tempo, o poderio econômico estava concentrado nos EUA, Japão e Europa, mas isso se dilui”, afirma.

Diz ainda que, no passado, as grandes empresas globais chegaram aos mercados emergentes em busca de insumos e mão-de-obra barata.

Agora as economias em desenvolvimento mudaram de papel e se tornam cada vez mais protagonistas, uma característica que se acentuará cada vez mais a partir de 2020, segundo as previsões de Stéphane Garelli.

Andrea Ornelas, swisssinfo.ch

O International Institute for Management Development (IMD) é uma das 10 escolas de negócios mais importantes do mundo. Tem sede em Lausanne, oeste da Suíça.


O Centro de Competitividade Mundial, que pertence ao IMD, elaborar o Relatório Anual Sobre a Competitividade.

Esse barômetro, publicado desde 1989, é um dos estudos sobre competividade internacional mais consultados pela diversidade de critérios (cerca de 350) cruzados com a percepção de especialistas.

De acordo com Stéphane Garelli, professor no IMD e diretor do Centro da Competitividade Mundial, o mundo viveu uma primeira grande onda globalizadora entre 1985 e 2000, período em que houve o colápso do comunismo em que a maioria das economias se abriram.

Uma segunda onda começou em 2000 e estará concluída por volta de 2020. Nesta fase, o objetivo é aceder aos mercados internos dos países emergentes. A Ásia tem atualmente 4 bilhões de habitantes com projeções de 5,266 bilhões em 2050. A África passará dos atuais 965 milhões a 1,998 no mesmo período.

O mundo vive uma expansão da economia em que desaparecem as fronteiras e os padrões de consumo ocidentais se generalizam, aumentando a demanda por cereais e carne, antes pouco consumidos no Oriente.

Uma terceira onda, que começará depois de 2020, vai mudar as regras do jogo. Os governos dos países emergentes serão mais poderosos do que nunca e os homens mais ricos do mundo serão desses países.

Segundo o Centro da Competitividade Mundial, as 10 regras da competitividade para todaa economía são:

1) Crear um ambiente estável em matéria legislativa e administrativa.

2) Contar com governos transparentes e que forneçam dados.

3) Investir constantemente em desenvolvimento e infraestructura.

4) Facilitar o desenvolvimento da classe média, chave da prosperidade de um país a longo prazo.

5) Apoiar o desenvolvimento de empresas médias.

6) Manter um bom equilíbrio entre salários, productividade e impostos.

7) Desenvolver um mercado local que promova a poupança privada.

8) Equilibrar a agressividade dos mercados internacionais com valor agregado.

9) Aproveitar a globalização sem esquecer a importância da economia de proximidade.

10) Promover o maior nível de prosperidade para todos.

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