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Estações de esqui precisam “diversificar para sobreviver”

Apartamentos de férias dominam o horizonte da estação de Crans Montana, no cantão do Valais. Keystone

As estações de esqui da Suíça devem melhorar a qualidade de sua oferta e se concentrar mais em mercados de nicho para permanecerem competitivas.

É o que conclui um relatório do banco Crédit Suisse, que compara 31 estações de esqui da Suíça. Atormentadas por um franco forte, as estações também estão lutando com a falta de neve causada pelo tempo excepcionalmente quente e seco.

De acordo com o estudo comparativo publicado no início de dezembro, as estações suíças enfrentam grandes desafios para a sua sobrevivência a longo prazo.

“Percebemos que a concorrência, especialmente da Áustria, não dorme sobre os louros como a Suíça. Eles têm ofertas mais baratas que, em geral, atendem melhor as necessidades do turismo moderno”, explica à swissinfo Sara Carnazzi Weber, chefe do departamento de pesquisa econômica do Crédit Suisse.

Entre 1993 e 2011 o número de diárias aumentou em seis por cento nas estações austríacas, em comparação com uma queda de 12 por cento nas estações suíças, que realizaram pouco menos de 13 milhões.

Weber disse que a indústria turística suíça, que contribui com cerca de cinco por cento do produto interno bruto, foi penalizada pelo aumento recente no franco suíço, que subiu mais de 20 por cento contra o euro no início deste ano.

As reservas de visitantes estrangeiros devem cair 4,2 por cento, de acordo com o BAK Basel Economics Research Institute, com os turistas evitando os Alpes suíços para destinos mais baratos.

Avalanche promocional

Mas a especialista apontou que, mesmo levando em conta as flutuações da taxa cambial recente, os preços dos hotéis e restaurantes suíços ficam em média 20 por cento mais caros do que na França, Itália, Áustria e Alemanha, devido aos altos custos com pessoal e produtos.

Para atrair esquiadores de fora para as pistas e evitar que os suíços atravessem a fronteira, as estações suíças estão oferecendo uma avalanche de ofertas promocionais para esta temporada.

Grächen, no cantão do Valais (sudoeste), está oferecendo aos seus clientes uma taxa de câmbio de 1,35 franco por euro, em comparação com a taxa atual de 1,24.

Mas o corte dos preços não é uma opção viável a longo prazo, disse Weber.

“Em geral, a Suíça não pode competir com seus vizinhos nos preços, por isso tem que apostar na qualidade.”

Nichos de mercado

As estações suíças estão bem posicionadas nos segmentos de luxo, com hotéis de quatro e cinco estrelas que desfrutam de uma reputação internacional, mas precisam recuperar bastante o atraso nos segmentos médio e popular, afirmam os autores do estudo.

“Os consumidores que estão de olho nos preços estão dispostos a fazer concessões ao conforto, mas também querem quartos funcionais, limpos e modernos, e atualmente muitos hotéis baratos da Suíça não cumprem esses critérios”, relataram no estudo.

As estações que pretendem atrair a classe média devem tentar desenvolver um nicho claro, como famílias ou aficionados de esporte, e para isso são necessários grandes investimentos, acrescentaram.

“Em geral, tem havido um aumento nos investimentos em novas construções e transformações no setor turístico da Suíça, após anos de estagnação depois da década de 1990”, disse Weber.

“Mas eles se concentram, na maioria, nas grandes cidades e menos nas estações de esqui do país. Zermatt, por exemplo, investe apenas 1500 francos por quarto, o que é muito menos do que em Zurique ou Genebra.”

Veronique Kanel, porta-voz da Suíça Turismo, disse que concorda em geral com as conclusões do relatório, “que apoia o que dizemos há algum tempo, ou seja, foco na qualidade, cooperação entre as estações de esqui e inovação”.

“Nosso grande problema na Suíça são as estações de gama média que não têm encontrado seu nicho e não têm recursos suficientes para se posicionar de forma diferenciada ou investir em maior qualidade”, disse à swissinfo.

Mudança acelerada

Kanel disse que a necessidade de mudanças estruturais e a ameaça do aquecimento global criaram muitas incertezas para as estações pequenas e médias, especialmente as da região do cantão de Berna, que não sabem se serão capazes de continuar funcionando cada temporada no mesmo nível.

“E a atual pressão enorme sobre os preços vai acelerar a mudança, quer seja para melhor ou pior”, acrescentou.

No estudo, Zermatt e St. Moritz se saíram muito bem em termos de melhores ofertas para o inverno e maior demanda de turistas.

Davos, Verbier, Crans Montana, Celerina/Schlarigna e Gstaad também foram muito bem classificadas em termos de alojamento e atividades oferecidas para as férias de inverno. As estações que geraram mais demanda incluem Gstaad, Engelberg, Grindelwald, Sils im Engadin e Villars/Gryon.

Os hotéis suíços tiveram cerca de 2,5% menos reservas durante o verão por causa da alta do franco frente a outras moedas, praticamente atingindo a paridade com o euro.
 
As estações de montanha sofreram mais do que as cidades, perdendo 4,8% das diárias em comparação com o ano passado.
 
A Secretaria de Estado da Economia (Seco) prevê uma queda de 2,6% nas diárias durante o inverno 2011-2012.
 
As previsões para o próximo ano reservam mais uma má notícia: uma baixa de 1,4% nas reservas esperadas no próximo verão. Os turistas dos países Bric (Brasil, Rússia, Índia, China) aliviaram a situação no verão passado, com um aumento de 27,2%, e muitos são devem retornar no próximo ano.
 
A Seco espera uma baixa do franco em relação às principais moedas a partir de 2013, o que daria uma perspectiva mais otimista para a situação.

Há 164 estações de esqui de médio e grande porte na Suíça. No total, o país tem 650 empresas de teleféricos e transporte de montanha. Elas fornecem o acesso a 12.000 km de pistas de esqui.

Com 11.000 funcionários, as empresas são um fator-chave da economia nas regiões montanhosas.
Elas têm um faturamento anual de cerca de 840 milhões de francos.

Adaptação: Fernando Hirschy

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