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O UBS de Ermotti: mais estável, mas menos estável

Sergio Ermotti
Sergio Ermotti anunciou que deixará o UBS em novembro depois de nove anos no comando do banco. Keystone / Christian Beutler

Sergio Ermotti chegou ao UBS em 2011 durante um capítulo sombrio da história do maior banco da Suíça. Ele partirá em novembro, após nove anos no leme, com o crédito de haver injetado maior estabilidade à instituição, mas não por conter controvérsias.

Ironicamente, o UBS enfrenta desafios maiores do que o rival Credit Suisse, onde no início deste mês o ex-CEO Tidjane Thiam foi forçado a renunciar sem cerimônia após um escândalo de espionagem interna.

A transferência de mando do UBS pode ser um processo mais suave do que no Credit Suisse, mas o novo CEO do UBS, Ralph Hamers, terá que conter o conjunto decepcionante de resultados anuais do ano passado com a distração futura de uma disputa de evasão fiscal em andamento no valor de US$ 5 bilhões na França.

O UBS convocou Ermotti em 2011, quando seu antecessor, Oswald Grübel, foi mandado embora por causa de um escândalo por práticas comerciais desonestas. A péssima imagem veio ainda na esteira de um resgate bilionário do governo suíço após a crise financeira de 2008/2009, e a um caso de evasão fiscal nos Estados Unidos, que para muitos significou a pá de cal no famigerado sigilo bancário suíço.

Poucas semanas depois de assumir o cargo, Ermotti anunciou demissões em larga escala na problemática divisão de banco de investimento do UBS, um expurgo nas operações de alto risco, e maior foco nos principais negócios de gestão de patrimônio do banco.

Dois anos depois, os analistas declararam o UBS “fora de perigo”, depois de registrar mais de CHF 3 bilhões (US$ 3 bilhões) em lucros anuais. A estratégia de corte de custos de Ermotti parecia estar valendo a pena, mas os eventos na França jogaram uma casca de banana sob a aparente ascensão do banco das cinzas.

Batalha legal

Em 2014, a França instaurou um processo contra delitos de evasão fiscal em larga escala que, no ano passado, acabou penalizando o UBS em cerca de 5 bilhões de francos suíços – uma condenação que o banco está contestando. Isso pode dividir as atenções de Hamers bem no momento em que ele tenta recuperar os negócios do banco após uma série de resultados decepcionantes em 2019.

O caso de evasão de impostos na França dificilmente poderia ser atribuído exclusivamente a Ermotti – trata-se de delitos ocorridos entre 2004 e 2012. No entanto, ele deveria assumir a culpa pelos contínuos problemas com a divisão de banco de investimento, revelados no ano passado.

No final de 2018, o chefe da divisão, Andrea Orcel, surpreendeu os mercados ao anunciar sua ida ao banco espanhol Santander – apenas para ser demitido poucos meses depois, antes mesmo de começar a trabalhar no novo banco. Orcel era apontado como candidato potencial para ser o próximo CEO do UBS e o episódio levantou questões sobre a capacidade de Ermotti de manter os melhores talentos na casa.

“Somos gratos a Sergio pela forte liderança que ele forneceu como CEO do UBS, acrescentando um capítulo bem-sucedido à história deste banco com mais de 150 anos”, disse o presidente do UBS, Axel Weber, em comunicado.

Também está claro que há mais trabalho a ser feito por seu sucessor, Hamers.

swissinfo.ch/ets

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