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Jovem luso-suíço lança plataforma inovadora para gestão de fábricas

Marco Tschan Carvalho (à direita) e Luís Barros, co-fundadores da startup Growintel. Marco Tschan Carvalho (à direita) o português Luís Barros

Marco Tschan Carvalho deixou a Suíça para regressar a Portugal, despedindo-se da Barry Callebaut, um dos maiores produtores de chocolate do mundo, para lançar a startup Growintel. Uma atitude corajosa numa altura em que muitos jovens portugueses fazem o caminho inverso em busca do emprego que não encontram no país natal, ainda a braços com a famosa crise.

O engenheiro, filho de mãe suíça e pai português, diz que não foi fácil pedir a demissão, mas mostra-se confiante no sucesso da GrowinteLink externol, a empresa que fundou com o amigo Luís Barros, no Porto. O optimismo é alimentado pelo facto de estarem a preparar a proGrow, uma plataforma inovadora, que Marco gosta de comparar ao smartphone da Apple.

“O que o iPhone fez quando surgiu foi pegar em três grandes produtos que já havia no mercado – a internet, o iPod e o telefone – e metê-los num pacote muito bonito. Nós estamos a pegar em três conceitos que também já existem e a fazer uma interface virada para a gestão da fábrica”, diz o empresário de 29 anos, referindo-se ao facto de a plataforma reunir business inteligence, serviço cloud e representação user friendly, que permite mostrar a fábrica em 3D.

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A proGrow permitirá, numa única imagem e em tempo real, a monitorização e a avaliação de toda a informação do chão de fábrica. “Um CEO pode, por exemplo, a partir da sede da empresa ver todas as fábricas, tendo acesso aos indicadores de cada unidade, de uma forma muito simplista, sem ser bombardeado com uma quantidade enorme de informação”, sublinha Marco.

Trata-se da “primeira ferramenta virada especificamente para as necessidades da gestão da produção”. A ProGrow analisa os dados e comporta-se um pouco como o gestor operacional: “Começa a avisar os usuários quais são as máquinas que estão a falhar mais vezes, porquê, em que alturas é que estão a falhar…”.

 “Uma sementinha para controlar os indicadores”

A ideia de criar esta plataforma surgiu quando o jovem ainda estava a trabalhar na Suíça, enquanto consultor da Barry Callebaut. A sua experiência profissional permitiu-lhe constatar que as empresas tinham dificuldades em manter os resultados quando os consultores deixavam as fábricas. Para ultrapassar essa dependência da consultadoria, Marco, que sempre teve “espírito empreendedor”, decidiu “criar um aplicativo que ajudasse a controlar estes projectos”, ou seja, deixar nas unidades fabris “uma sementinha que ajudasse a controlar os indicadores de performance”.

Como o engenheiro mecânico, especializado em Gestão da Produção, passou muito tempo no chão de fábrica, sabe exactamente o que é preciso para melhorar a produção: “O que havia no mercado era muito diferente do que era necessário. A nossa fórmula para o sucesso consiste precisamente em definir uma coisa que está dentro das necessidades e é por isso que está a ser desenvolvido por gestores da produção e não por engenheiros de software”. Mas a Growintel tem parcerias com software houses para desenvolver a arquitectura do programa. 

 Internacionalização em 2016

Apesar de a empresa só ter sido registada há três meses, a ideia de negócio foi antes amadurecida no acelerador de negócios do Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC).Link externo A Growintel entrou também no programa Startup Launch da GoogleLink externo.

Tendo em conta “o feedback extremamente positivo” que têm recebido, os jovens empreendedores esperam que “até ao final do ano a plataforma esteja pronta para ir para o mercado”.

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Marco Tschan Carvalho

Este conteúdo foi publicado em “Há uma dependência muito grande da consultadoria”.

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Em 2016, a palavra de ordem será internacionalização: “O nosso primeiro objectivo em termos de vendas é o Norte da Europa. Depois, teremos muito gosto em ir também para os Estados Unidos”. Para consegui-lo, a Growintel vai utilizar a Confederação Helvética como plataforma de distribuição: “Estando na Suíça estamos muito perto das sedes das grandes empresas, que serão os nossos clientes. O tecido empresarial português baseia-se muito em PMEs”.

A escolha de Portugal para criar a empresa foi uma decisão “emocional”, com o intuito de “ajudar o país que não está na melhor situação”, mas também “racional”, uma vez que é possível contratar profissionais “muito qualificados a um preço bastante inferior ao que se pagaria na Suíça”.

Confiança no sucesso da empresa

Marco parece bastante confiante acerca do êxito da empresa. Diz mesmo que se tivesse que voltar atrás e tomar novamente a decisão de deixar a Barry Callebaut, onde tinha “uma posição muito interessante”, não sentiria tantas dificuldades como sentiu na altura: “Estamos muito confiantes. Questionámos várias empresas que conhecíamos se estavam interessadas num aplicativo destes e todas mostraram imenso interesse”.

Apesar do optimismo, os sócios-fundadores da Growintel não querem dar um passo maior do que as pernas. Têm-se limitado a investir o seu dinheiro, sem recurso a créditos, e têm assegurado capital de risco, para o caso de virem a necessitar.

“Consideramos que a injecção de dinheiro, inicialmente, cria vícios, cria despesas desnecessárias. Assim nós temos que ter a certeza que cada cêntimo que gastamos é mesmo necessário e isso tem-nos ajudado imenso a tomar decisões certas”, conclui.

Marco Tschan Carvalho estudou no Colégio Alemão. A sua paixão por carros levou-o, depois, a escolher o curso de Engenharia Mecânica, na Universidade do Porto. Tirou o mestrado, com uma especialização em Gestão da Produção, tendo a sua tese sido considerada a segunda melhor desse ano. O estágio curricular do jovem suíço foi na área de Melhoria Contínua, na Amorim Investimentos.

Em Março de 2010 começou a trabalhar numa consultora, o que lhe permitiu trabalhar com várias PMEs espalhadas por Portugal.

Em Julho de 2011 entrou no programa de trainees da Barry Callebaut. Embora estivesse baseado em Zurique, durante os primeiros dois anos esteve sempre fora: nove meses na Malásia, outros tantos em Singapura e sete meses nos Estados Unidos.

Dois anos depois, ficou a trabalhar na empresa, uma das maiores produtoras de chocolate do mundo, na parte de vendas, mas acabaria por se demitir no Verão passado para lançar a sua startup.  


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