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Acionistas aprovam fusão “Glenstrata”

O grupo continuará no cantão de Zug, paraíso fiscal que serviu de sede para as duas empresas até o momento. Keystone

Os acionistas da mineradora suíça Xstrata aceitaram a fusão com o grupo suíço Glencore, ativo no negócio de commodities, criando uma das maiores empresas de extração e comércio de matérias-primas do mundo, estimada em 70 bilhões de dólares.

A fusão foi considerada um golpe de mestre comercial que permitirá ao novo conglomerado empresarial aumentar seus lucros e reduzir custos.

Especialista no ramos das commodities, Joseph Di Virgilio, acredita que mais fusões podem estar a caminho.

“A perspectiva de longo prazo para as commodities é muito forte, dado o crescimento exponencial da população da Terra e o mercado crescente dos países emergentes relacionados com alimentos, água, matérias-primas e energia em geral”, disse à swissinfo.ch.

“Isso vai estimular outros grupos a querer uma maior quota de mercado através de aquisições e fusões.”

Mas a fusão também é vista como um perigo para os países em desenvolvimento, com potencial para inflacionar os preços das commodities.

Preocupaçõe

A ONG suíça Declaração de Berna revelou diversos abusos ambientais e as péssimas condições de trabalho supostamente relacionadas a essas empresas suíças nos países em desenvolvimento. Além disso, a organização acusa a Glencore, sediada no cantão de Zug, de praticar um política de evasão fiscal nos países pobres.

A volatilidade dos preços das commodities tem causado preocupação a nível governamental em todo o mundo. A Declaração de Berna acredita que a fusão Glenstrata, monopolizando alguns setores de commodities, poderia aumentar ainda mais o problema.

“A perspectiva de dominação do mercado pela Glencore e a Xstrata tem causado preocupações de representantes da indústria siderúrgica alemã e membros do Parlamento Europeu”, disse o porta-voz da Declaração de Berna, Andreas Missbach, à swissinfo.ch.

“Em geral, tanto o setor de mineração como o de comércio de matérias-primas são dominados por grandes grupos. A influência desses oligopólios nos preços das commodities deve ser cuidadosamente monitorado.”

Obstáculos

A fusão das duas empresas começou a mais de um ano atrás, quando a Glencore passou a ser cotada em Londres e Hong Kong.

A empresa conseguiu assim capital suficiente para propor a aquisição da Xstrata, mas, ironicamente, a introdução de acionistas quase bloqueia a operação.

Os principais acionistas do Qatar, da Noruega e dos Estados Unidos se opuseram a um acordo inicial proposto pelas duas empresas, um generoso pacote de remunerações para os executivos da Xstrata.

Mas um verão de negociações frenéticas resultou em um acordo melhor que foi apresentado aos acionistas em outubro. Esses termos foram aceitos na assembleia da terça-feira, 20 de novembro.

Com a fusão, a Glencore e a Xstrata continuarão sediadas na Suíça, no paraíso fiscal do cantão de Zug.

O grupo terá ativos e projetos em 33 países, empregando cerca de 130.000 funcionários.

Os ativos em mineração da Glencore-Xstrata irão concentrar, entre outros, mais de 100 minas, 25 siderúrgicas e diversas refinarias de metais.

A empresa também vai controlar uma rede mundial de entrepostos e ter acesso a 100 terminais de petróleo em todo o mundo.

Os ativos agrícolas do grupo vai incluir 270 mil hectares de terras.

A empresa controla mais de 200 navios para o comércio de petróleo.

Tem acesso ou controla diversos portos.

Adaptação: Fernando Hirschy

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