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Ministro suíço encerra viagem à América do Sul

O ministro Johann Schneider-Ammann (esq) trajando a camisa da seleção brasileira, presenteada pelo senador Paulo Bauer. swissinfo.ch

Johann Schneider-Ammann e delegação concluíram ontem (17/10), em Santiago, com uma reunião com o ministro chileno das Relações Exteriores, Alfredo Moreno, a visita oficial de cinco dias ao Brasil e Chile.

Para o ministro da Economia, os encontros oficiais e empresariais confirmaram a certeza que a Suíça precisa estar mais presente nos mercados emergentes, mas que a via bilateral é o melhor caminho para conquistá-los.

O evento organizado na embaixada em Brasília, na noite de 13 de outubro, era apenas uma parte social da viagem da delegação suíça. Porém ao receber das mãos do senador Paulo Bauer (PSDB/SC), presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Suíça, uma camiseta da seleção brasileira, o ministro Johann Schneider-Ammann não escondeu a sua alegria. No seu revés estava gravado o número “10”, tradicionalmente dado aos melhores jogadores, e também o nome “Johann”.

Ao agradecer, Schneider-Ammann ressaltou que o presente veio em boa hora, pois poucas horas antes havia assinado com o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, um acordo de intercâmbio de estagiários. Então, lembrou-se da derrota da seleção suíça em sua tentativa de se classificar para a Eurocopa de 2012. “Talvez nós poderemos enviar jovens suíços para aprender com os brasileiros a arte de jogar futebol”.

Porém a menção bem-humorada do ministro não era uma crítica à qualidade dos jogadores helvéticos, mas sim uma alusão ao principal objetivo da viagem de cinco dias, a de reforçar os laços comerciais entre a Suíça e duas nações que apresentaram nos últimos anos um crescimento econômico considerável. Para os participantes na delegação, em sua grande parte executivos de grandes empresas suíças ou associações empresariais, muito mais importante do que a assinatura do acordo, foi conhecer “in loco” a realidade local.

Qualidade acima da quantidade 

Frente a empresários brasileiros, durante um seminário organizado na Federação de Indústrias de São Paulo (Fiesp) em 14 de outubro, Johann Schneider-Ammann considerou que uma das formas para a Suíça enfrentar o problema da valorização do franco é reforçar ainda mais as relações com outros países. “No meu encontro com quatro ministros brasileiros nos últimos dias, não apenas sugeri, mas pedi-lhes a darmos finalmente um impulso às negociações de um tratado de livre comércio entre a AELC e o Mercosul”, afirmou.

Questionado posteriormente se a Suíça não estaria em uma posição de fraqueza ao tentar negociar acordos de livre comércio como integrante da AELC (Associação Europeia de Livre Comércio), um grupo que perdeu membros nos últimos anos, enquanto o Brasil daria preferências a negociações com grupos mais fortes como a União Europeia, o ministro concordou. “Sim, reconhecemos o fato de que o Brasil faça reflexões para avaliar até que ponto um grupo como o AELC tenha algum peso”, acrescentando logo depois que isso não é um empecilho para o acordo. “Porém a discussão vai, sobretudo, na direção de avaliar mais a qualidade do que a quantidade. Se eu falo da Suíça como um país da AELC, estou falando do país mais inovador e concorrencial, qualidades que os parceiros brasileiros apreciam.”

O volume de negócios entre o Brasil e a Suíça foi criticado pelo vice-presidente da Federação de Indústrias de São Paulo (Fiesp), Benjamin Steinbruch, como sendo muito baixo. Exatamente nesse ponto é que Schneider-Ammann vê a chance da Suíça. “Mas o potencial é naturalmente enorme. Eu estou convencido de que através de um acordo de livre-comércio, no qual ficassem resolvidas questões como barreiras tarifárias e não tarifárias, mas também de segurança jurídica, então o interesse de investir aumentaria, e isso não apenas em uma direção, mas nas duas direções”, ressaltou o ministro suíço frente aos jornalistas.

Mais segurança 

Essa opinião também é compartilhada por empresários como Jean-Daniel Pasche, presidente da Federação Suíça da Indústria Relojoeira, e participante na delegação de Schneider-Ammann. “Com acordos como o de segurança jurídica e de livre comércio, como os que firmamos com o Chile, não apenas baixam os custos para a exportação e importação, mas também as empresas ganham mais segurança para investir em outro país”, afirma.

Entre vários empresários da delegação havia praticamente uma unanimidade: acordos como os firmados com o Chile como o de proteção de investimentos (2002), livre-comércio (entre AELC e Chile, desde 2004), e dupla-tributação (2010) fazem do país sul-americano uma plataforma ideal para investimentos. Além disso, desde 2010 também é o único país sul-americano a fazer parte da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE). “É um país muito aberto e propício a fazer negócios”, elogiou Daniel Kündig,

A satisfação do presidente da Sociedade Suíça de Engenheiros e Arquitetos (SIA) explicava-se também pelos resultados concretos obtidos na viagem ao Chile. “A prefeitura de Valparaiso nos sinalizou a intenção de renovar o funicular de Valparaiso, uma obra que terá um custo na casa do milhão. Eles querem ajuda do know-how suíço”, revela. Kündig justifica a participação em uma viagem oficial através das vantagens concreta que ela traz para os empresários. “São os contatos diretos que podemos fazer e, além disso também pude admirar a beleza de Valparaíso”, afirma o arquiteto de formação.

Relação harmoniosa 

Já no Chile, o ministro Johann Schneider-Ammann teve dois encontros com representantes do governo: o ministro da Economia, Pablo Nogueira, e o ministro das Relações Exteriores, Alfredo Moreno.

Aos representantes das empresas suíças e a delegação oficial de Schneider-Amman, o ministro Moreno destacou que a Suíça e o Chile têm posições similares em âmbito multilateral. “Ambos os países compartilham nas reuniões do G-20 visões e analisam a melhor forma de avançar as negociações nessa instância, incluindo também as Rodadas de Doha.”

O chanceler destacou a qualidade das relações bilaterais, mas sugeriu melhoras. “Temos o acordo de livre-comércio há muitos anos e que tem funcionado muito bem, mas queremos aprofundar ainda mais. Na área de serviços, por exemplo, o reconhecimento mútuo de diplomas permitiria que os suíços possam trabalhar aqui e os chilenos na Suíça”, declarou.

Com um crescimento econômico de 7,5% no Brasil e 5,3% no Chile no ano passado, os dois mercados têm uma importância crescente para empresas suíças.

Em 2010, as exportações da Suíça ao Brasil totalizaram 2,31 bilhões de francos. As importações somaram 849 milhões.

No balanço geral, o comércio exterior entre os dois países teve um crescimento de 19% em relação ao ano anterior. No final de 2009, o estoque de investimentos suíço no Brasil era de 12,8 bilhões de francos, enquanto que o número de pessoas ocupadas por empresas suíças no país era de 106 mil.
 
O Chile é membro da OCDE desde 2010 e tem como objetivo chegar ao final da década como um país industrializado. Em 2010, as exportações da Suíça ao Chile totalizaram 205,9 milhões de francos. As importações somaram 149,5 milhões.

No final de 2009, o estoque de investimentos suíço no Chile era de 1,5 bilhões de francos. O número de pessoas ocupadas por empresas suíças no Chile era de 13.300 (2009).

Entre o Chile e a Associação Europeia de Livre Comércio (AELC) vigora desde 1° de dezembro de 2004 um acordo de livre-comércio (FTA, em inglês)

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