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Evolução tecnológica afeta competitividade global

Operários em fábrica de painéis solares
Mais de 100 países dos 140 incluídos no Índice de Competitividade Global do WEF obtiveram menos de 50 pontos (de 100) no quesito "capacidades de inovação". Keystone

Uma ampla atualização do Índice de Competitividade Global publicado todo ano pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) revela que a economia global está mal preparada para a transformações causadas pela tecnologia.

Enquanto os Estados Unidos chegam mais perto da “fronteira competitiva”, ocupando o primeiro lugar no ranking, o WEF alerta que as políticas governamentais precisam recuperar o atraso para evitar que mudanças tecnológicas rápidas se tornem um empecilho para a competitividade. Cerca de três quartos das economias carecem de capacidade de inovação suficiente, impactando a competitividade econômica de acordo com o estudo.

O Índice anual, lançado hoje, avalia a competitividade nacional de 140 países por meio de fatores que determinam o nível de produtividade de uma economia, incluindo instituições, infra-estrutura, dinamismo empresarial, entre outros quesitos.

Evolução do conceito de competitividade

O WEF, sediado em Genebra, reformulou o Índice para refletir a natureza mutável da competitividade econômica na era da inovação rápida e das tecnologias digitais que definem a Quarta Revolução Industrial, que está criando um novo conjunto de desafios para governos e empresas (veja o quadro abaixo). O Fórum argumenta que esses desafios correm o risco de ter um impacto negativo no crescimento e produtividade futuros.

Muitos dos fatores que terão maior impacto na condução da competitividade no futuro nunca foram o foco das principais decisões políticas no passado. Isso inclui geração de ideias, cultura empreendedora, abertura e agilidade.

A Quarta Revolução Industrial está a perturbar economias e sociedades, redefinindo a forma como trabalhamos, vivemos e interagimos uns com os outros. De acordo com o WEF, isso oferece um potencial para se ultrapassar estágios de desenvolvimento – mas também torna o caminho para o desenvolvimento menos certo.

Índice de Competitividade 4.0

Nesta quarta grande reformulação desde seu lançamento  em 1979, o Índice reflete uma nova compreensão da competitividade na era da inovação rápida e transformadora. Cerca de 60% dos 98 indicadores deste ano são novidade, incluindo tópicos como predisposição das economias para desafios futuros, capital social, dotação de negócios disruptivos, uso da internet, entre outros. Usando uma escala de 0 a 100 para cada indicador, o Índice mostra quão próxima a economia está do estado ideal ou “fronteira” de competitividade.

Chegando perto da fronteira

A Suíça ficou em quarto lugar, atrás dos EUA, Cingapura e Alemanha, e à frente do Japão. O país liderou o ranking nos últimos nove anos com base na metodologia anterior (versão 3.0), assim que essa queda registrada no novo ranking é mais um reflexo da mudança metodológica do que uma real piora do desempenho da Suíça.

Uma área em que a Suíça tem um desempenho relativamente bom é na capacidade de inovação, onde o país ocupa o terceiro lugar, atrás da Alemanha e dos EUA. A Suíça também está em primeiro lugar em co-invenções internacionais e em segundo no quesito colaboração entre diferentes agentes econômicos (acionistas, empregadores, sindicatos e funcionários).

Globalmente, o Índice encontrou uma fraqueza relativa em todos os setores quando se trata de dominar o processo de inovação, da geração de ideias à comercialização de produtos. Cerca de 103 países pontuaram abaixo de 50 (em 100) nesse tópico.

A Suíça também se destaca no mercado de trabalho, com a melhor qualidade de formação profissional do mundo. A eficiência dos serviços de trem e a confiabilidade do abastecimento de água também são pontos fortes para o país.

Quadro com os quesitos que avaliam a competitividade global da Suíça
swissinfo.ch

A Suíça porém não fica bem na foto quando o tema é abertura do mercado. Ela ocupa o 16º lugar na categoria de mercado de produtos, que avalia o equilíbrio do espaço econômico de um país para as empresas participarem de seu mercado. O país cai ainda mais quando se trata de complexidade de tarifas e ocupa o 48º lugar em tarifas comerciais.

A negociação de novos acordos comerciais tem sido uma das principais prioridades do governo suíço nos últimos meses. Nessa semana, o chefe da diplomacia suíça está em Washington para negociar um possível acordo de livre comércio com os EUA. O ministro suíço da Economia, Johann Schneider-Ammann, também está promovendo negociações de livre comércio entre Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio.

O país também mostra lacunas no dinamismo dos negócios, incluindo o custo e o tempo necessários para abrir um negócio – áreas onde os EUA se saem bem.

Apelos por mais abertura e inclusão

Na esteira do aumento das tensões comerciais, o WEF chama a atenção dos governos para que resistam a medidas protecionistas impulsionadas por interesses de curto prazo e que, em vez disso, promovam uma maior abertura para impulsionar a competitividade e o crescimento a longo prazo. O relatório afirma que “a busca pela competitividade nacional não prejudica a cooperação global – de fato, a abertura contribui para a competitividade”.

Os resultados também apresentam um forte argumento para políticas como redes de segurança e tributação progressiva (quem ganha mais, paga mais imposto) para melhorar as condições daqueles afetados desvantajosamente pela globalização. Embora a tecnologia tenha o potencial de melhorar o desenvolvimento, Saadia Zahidi, membro do Conselho de Administração e chefe do Centro para a Nova Economia e Sociedade do WEF, argumentou em um comunicado de imprensa, “não existem soluções mágicas de um lado só. Os países precisam investir em pessoas e instituições para cumprir as promessas da tecnologia.”

swissinfo.ch/ets

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