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Pandemia: os suíços recuperam o moral

Un médecin et une patiente masqués.
A vacinação obrigatória não convence os entrevistados, mesmo para o pessoal médico em contato direto com o coronavírus. Keystone / Alessandro Crinari

Mesmo estando chuvoso, o verão parece influenciar a percepção dos suíços sobre a pandemia. Da mesma forma que no ano passado, uma pesquisa do Instituto Sotomo realizada em nome da Sociedade Suíça de Radiodifusão e Televisão (SRG SSR) mostra que o moral da população melhorou neste período. Contudo, deve-se notar que esse estado de espírito depende em grande parte da evolução do número de infecções e, portanto, da vacinação.

Pesquisas anteriores mostraram grandes variações no moral da população, com uma onda de otimismo em junho de 2020, um momento de desânimo em janeiro de 2021 e outro pequeno episódio de tristeza em março. Mas agora o otimismo parece ter voltado.

Sentimento de superioridade

Como sabemos disso? Simplesmente examinando as respostas a uma série de perguntas feitas pelos entrevistadores. Constata-se particularmente que a evolução da economia é percebida como muito melhor e que os entrevistados têm menos medo de perder seus empregos ou sofrer consequências financeiras.

“O andamento da campanha de vacinação, a diminuição do número de casos e a manutenção das medidas de abertura contribuíram mais uma vez para uma melhoria significativa na percepção da situação”, observa o Instituto Sotomo.

Após uma crise de incertezas no outono passado, quando a Suíça se deparou com um grande aumento nas infecções, a população está de novo confiante. Aproximadamente três quartos (73%) dos entrevistados acreditam que a Suíça está se saindo melhor do que o resto da Europa, como já era o caso no início da pandemia. É por isso que os pesquisadores afirmam que há o retorno de um certo sentimento de superioridade “tipicamente suíço”.

Reaparece a confiança no governo

O surgimento da segunda onda da pandemia, no outono, havia abalado fortemente a imagem do governo. Todavia, o aumento da confiança pública no Conselho Federal, que já era perceptível em março, foi confirmado nessa nova pesquisa. Atualmente, mais da metade dos entrevistados (54%) confia nas ações do governo.

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“O fato de o Conselho Federal ter lidado com a questão no início do ano e de as medidas adotadas terem levado a uma redução maciça do número de casos e ao descongestionamento dos hospitais tem nitidamente um efeito positivo sobre a imagem do governo federal”, comenta o Instituto Sotomo.

As medidas de abertura previstas pelo governo são especialmente bem-vistas. Enquanto em março quase metade dos entrevistados (46%) considerava as medidas de isolamento exageradas, atualmente apenas um terço (33%) deles possui essa opinião.

Pouca simpatia por medidas coercitivas

O atual bom humor dos suíços se deve em grande parte à diminuição do número de infecções, hospitalizações e mortes. No entanto, esses resultados podem não durar muito. Já hoje, várias regiões e países com a variante Delta estão impondo novas medidas de restrição.

Uma alta taxa de vacinação parece ser a melhor maneira de evitar o surgimento de uma nova onda. Mas na Suíça, após um impulso inicial, a campanha de vacinação está desacelerando. De acordo com a pesquisa, 60% dos entrevistados já receberam pelo menos uma dose e 3% estão prontos para serem vacinados imediatamente. Por outro lado, 12% preferem esperar e 25% não pretendem se vacinar.

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Por isso, alguns pensam em tornar a vacinação obrigatória. Mas essa ideia não é popular entre o público. Os entrevistadores perguntaram se a vacinação deveria ser obrigatória para os profissionais da saúde, um grupo populacional que está particularmente em risco. 38% dos entrevistados se opuseram totalmente, 12% se opuseram, 5% não tinham opinião, enquanto 28% eram majoritariamente a favor e 20% totalmente a favor.

Uma outra ideia para pressionar a vacinação seria fazer as pessoas não vacinadas pagarem caso adoeçam de Covid. Mas essa ideia também não é atraente: ela é rejeitada por mais da metade (59%) dos entrevistados.

“Não é surpreendente que as pessoas que não querem ser vacinadas não queiram contribuir com os custos”, comenta o Instituto Sotomo. “O interessante é que a opinião se divide mesmo entre aqueles que estão dispostos a se vacinar: 26% são claramente a favor e 25% são majoritariamente a favor de que os não vacinados contribuam com os custos do tratamento. Os demais entrevistados são indecisos ou contrários.”

Uma chave indispensável

Até que a situação volte ao normal, um certificado Covid com base na vacinação, um teste negativo ou uma recuperação da Covid parecem ser a chave para participar de grandes eventos ou para viajar ao exterior.

A maioria dos entrevistados (61%) é a favor do certificado. Os contrários representam 41% das opiniões expressas, enquanto 4% não têm opinião. A ideia de que o certificado é uma forma de tornar a vacinação obrigatória é o argumento mais frequentemente apresentado pelos opositores.

A pesquisa foi realizada pelo Instituto Sotomo em nome da Sociedade Suíça de Radiodifusão e Televisão (SRG SSR), da qual SWI swissinfo.ch faz parte.

Esta é a oitava pesquisa sobre o tema da pandemia desde março de 2020.

A pesquisa foi realizada online entre 1 e 5 de julho com 23.337 pessoas com 15 anos ou mais vivendo em todas as regiões linguísticas do país.

Como a participação na pesquisa foi voluntária, os pesquisadores utilizaram ferramentas de ponderação estatística para torná-la representativa. A margem de erro anunciada é de +/- 1,3 pontos.

Adaptação: Clarice Dominguez

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SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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