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Refinaria suíça cria método para verificar origem do ouro

Barras de ouro
O "passaporte geoforênsico" foi desenvolvido em conjunto com a Universidade de Lausanne e co-financiado pela agência de inovação do governo suíço. Keystone/Sandro Campardo

A Metalor, uma das maiores refinarias de ouro do mundo, desenvolveu uma maneira de confirmar rapidamente de onde o ouro foi extraído, impedindo potencialmente a entrada de ouro ilegal nas cadeias de fornecimento.

A empresa sediada na Suíça anunciou que desenvolveu o método com a Universidade de Lausanne em um projeto de pesquisa com duração de 26 meses. 

Sua técnica recolhe amostras de ouro de uma mina ou fornecedor e cria um diagrama químico e físico complexo para o material em relação ao qual as remessas subsequentes podem ser verificadas, disse o executivo da MetalorLink externo Jonathan Jodry. 

Se um carregamento contém ouro de uma fonte diferente, isto será visível porque seu diagrama, que a Metalor chama de “passaporte geoforênsico”, não corresponderá ao do banco de dados da refinaria. 

Uma análise semelhante do ouro era possível antes, mas era muito difícil de ser aplicada a cada remessa, Jodry disse à agência de notícias Reuters na terça-feira. 

Muitas refinarias dedicam muito tempo e recursos para ter certeza das origens do ouro que recebem, mas isto tende a ser feito rastreando os embarques em vez de analisá-los. 

“Este é um grande passo adiante na rastreabilidade do ouro extraído”, disse ele, acrescentando que qualquer refinaria pode utilizar o método. 

Ajuda no rastreamento

O método não identificará as origens do ouro que já foi refinado, mas poderá ajudar a policiar o fornecimento de ouro da mina para a refinaria, tornando mais difícil para comerciantes sem escrúpulos fingir que seu ouro veio de um lugar diferente. 

Tais fraudes ocorrem em lugares como a América do Sul e a África, onde a mineração ilegal e poluente em pequena escala é comum, e grupos criminosos e armados comercializam ouro no valor de bilhões de dólares. 

Embora o método seja confiável com o ouro de uma única mina, disse Jodry, ele ainda não pode confirmar de forma confiável a origem do ouro enviado por coletores que combinam metal de vários fornecedores – algo comum na mineração em pequena escala. 

A maioria das grandes refinarias, incluindo a Metalor, teve que cortar relações com fornecedores que se descobriu terem negociado, consciente ou inconscientemente, com ouro ilegal. 

Não é suficiente 

A ONG Swissaid, que tem investigado a cadeia de abastecimento das refinarias suíças, acolheu o novo método como um passo na direção certa. 

“No entanto, ele não resolve o problema de rastrear a origem do ouro reciclado ou do ouro retido nos bancos”, disse Marc Ummel, representante da Swissaid, ao diário suíço Le Temps. 

Segundo ele, apenas cerca de 32% de todo o ouro importado pelas cinco refinarias suíças em 2018 veio diretamente das minas. 

A Metalor faz parte do Grupo Tanka Precious Metals quee registrou receitas de mais de CHF 300 milhões (US$ 324 milhões) no ano passado.

Ela emprega 1.500 funcionários em todo o mundo, incluindo fábricas nos Estados Unidos.

swissinfo.ch/ets

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