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Suíça tenta atrair turistas italianos através do folclore

Música folclórica para atrair turistas em Milão. swissinfo.ch

Os suíços aproveitam as festas de fim de ano dos italianos para seduzi-los com os encantos das montanhas do outro lado dos Alpes. Longe de casa, em pleno Parque Venezia, o principal de Milão, eles exibem as bandeiras e as músicas para atrair os vizinhos.

Grupos folclores da Suíça alemã animam o mês de dezembro. E não será uma surpresa se mais italianos atravessarem a fronteira para curtir o inverno na Suíça.

Vestidos com roupas típicas, a serviço do marketing do turismo nacional, estes “soldados” patriotas tentam conquistar o coração e a mente do potencial viajante italiano ou não, de passagem pela capital da Lombardia. Na temporada de 2008/2009 o setor registrou uma queda de 7,3% de turistas italianos entre os meses de novembro e abril.

“Esperamos dar uma virada e aumentar de 2 a 3% os visitantes no mesmo período nesta virada de ano. Estamos confiantes porque tivemos um ótimo verão, levando em conta que no ano passado o Europeu de futebol nos ajudou”, diz à swissinfo.ch Tiziano Pelli, da Svizzera Turismo para a Itália.

Os italianos são velhos conhecidos. Muitas famílias possuem uma residência secundária nas montanhas e/ou perto da fronteira. Os que não são proprietários alugam residências, como em Lugano ou Locarno.

Esta realidade camufla um pouco a estatística das temporadas, sempre revista para mais do que para menos. E, nesta época do ano, a publicidade e as campanhas corpo a corpo ganham importância e mantêm o otimismo.

Amantes da cultura e da música, visitantes do parque Venezia, o principal de Milão, deixam-se embalar pela demonstração de três porta- bandeiras acompanhados por três trompetistas alpinos. Os potenciais turistas assistem ao espetáculo que, por alguns minutos, roubam a cena do lugar, um dos locais preferidos de lazer do milanês.

As coreografias reproduzem os sentimentos patrióticos e o profundo amor do homens pela terra. Se antes, empunhando o estandarte, eles marchavam para a morte nos campos de batalha como mercenários de reis, rainhas e papas, hoje eles desenham no ar a comemoração dos tempos de paz e a homenagem ao futuro visitante.

Elas chegam acompanhadas pelas notas musicais das trompas alpinas. Curiosos instrumentos usados séculos atrás para a comunicação entre os vilarejos de montanha, eles evocam hoje os sons do passado. “ É preciso ter muito fôlego. Eu treino pelo menos uma hora por dia. Não conseguimos tocar todas as notas, apenas aquelas naturais, este é um limite desta trompa feita em madeira. Mas existem outras modernas realizadas com carbono que permitem tocar mais” , explica à swissinfo Franz Keller.

As trompas são feitas com diferentes partes, encaixadas umas nas outras, através de anéis de metal. A forma lembra a de uma tromba de elefante. Algumas podem atingirquatro metros de comprimento. E, certamente, não passam desapercebidas em nenhum lugar.

O som lembra aquele conseguido com o sopro nos chifres. Não por acaso, ela também era usada para reunir as vacas facilitando o trabalho dos pastores. Hoje a função principal é a de eternizar a tradição e, com isso, encantar com a música os turistas de todo o mundo. “ Fizemos apresentações em diferentes países, do Brasil ao Japão e a curiosidade é sempre muito grande pela trompa alpina. A respeitamos profundamente”, conta com orgulho Franz Keller.

Queijos e açoites

Durante uma hora os suíços divertem a plateia de pessoas de todas as idades. Um dos espetáculos típicos é o duelo de chicotes. O público se afasta para ver melhor a exibição e não correr o risco de ser atingido pelas pontas que estalam no ar.

O barulho compõe uma curiosa trilha sonora. A sonoplastia se aproxima àquela da percussão. A ilusão de que o estampido tenha como origem o encontro dos dois chicotes no espaço acaba com uma explicação de um fenômeno físico.

O estalo ouvido a cada instante nada mais è do que uma consequência natural da quebra da barreira do som feita devido a velocidade atingida pela ponta. O ritmo das chicotadas no vazio revela toda a habilidade dos dois homens que não erram um golpe.

A exibição das chicotadas no ar é o único momento de pausa dos vendedores de queijo tradicional , oferecido junto com chá. Além de pescar os futuros turistas com destreza manual, o suíço usa a gastronomia como isca.

Recentemente, ao longo do mês de novembro, cursos de culinária helvética foram oferecidos no bairro de Brera, tradicional reduto de artistas e da “dolce vita “ milanesa. A Sweet Cheese Lounge colocou os queijos Emmentaler e Sbriz no prato do italiano da velha Milão.

O chefe Fabio Asti faão então à swissinfo.ch, entre uma lição e outra a cerca de 10 aprendizes de cozinheiro, profissionais liberais, apaixonados pelo forno e fogão: “ As vacas suíças produzem uma excelente matéria prima para os queijos, daí tanta qualidade. E noto um grande interesse pela culinária do país e com fondues inesquecíveis”.

Raízes e destinos

O cerco ao turista se fecha com a apresentação de musicas folclóricas. No palco, armado ao lado da árvore de Natal, quatro artistas cantam para os italianos as “marchinhas” típicas da Suíça. Eles usam alguns instrumentos que remetem ao estilo de vida dos habitantes.
Um dos músicos usa um arco de violino para extrair melodias de um serrote. Na plateia estão alguns dos potenciais usuários da rede hoteleira que espera cerca de 550.000 pernoites de italianos na temporada.

A maioria tem como destino a cidade de Zurique, premiada por uma campanha forte de marketing. “Ao mesmo tempo, ela se transformou e se desenvolveu muito nos últimos anos e sempre foi muito presente aqui em Milão. Jovens e pessoas idosas a escolhem pelos mercados natalício, museus, mostras e concertos”, explica à swissinfo.ch Tiziano Pelli, diretor da Svizzera Turismo para a Itália.

Já a turma mais esportiva procura as montanhas. Casais e famílias, em busca de caminhadas na neve também acabam viajando para destinos como St-Moritz, Gstaad, Zermatt. Isso sem falar na opção dos trens panorâmicos.

A disputa com as atrações internas italianas é grande, mas sabe-se que, muitas vezes, o quintal da casa do vizinho sempre desperta uma curiosidade maior.

Guilherme Aquino, Milão, swissinfo.ch

O turista italiano gasta cerca de 120 euros por dia na Suíça.
A média de estadia é de dois dias.

Cerca de 16 milhões e meio de italianos irão viajar entre o Natal e o Ano Novo e, juntos, devem gastar 11 bilhões e 300 milhões de euros, segundo pesquisa da Confesercenti-SWG.

Já o Instituto Nacional do Turismo prevê que 11,5 milhões de italianos devem colocar os pés na estrada, com a montanha em primeiro lugar.

Pouco mais da metade deste total vai permanecer na Itália.

A Federalberghi-Confturismo prevê um aumento de 20 % de viajantes e descarta 13% da população italiana sem condições de sair de férias.

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