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Jornais criticam decisão do Banco Central

Suíços acompanham o desenvolvimento das taxas de câmbio na Banhhofstrasse, em Zurique, após a turbulência na bolsa de valores do país. Keystone

A decisão do Banco Central Suíço na quinta-feira de acabar com o limite mínimo de 1,20 na taxa de câmbio com o Euro caiu como uma bomba dentro e fora do país. Para imprensa, a decisão foi radical, mas compreensível.

Ter que enfraquecer constantemente o valor do franco suíço deve ter “tirado muitas vezes o sono dos diretores do BNS”, comenta o Tages-Anzeiger, de Zurique. A decisão também não ajudou a acalmar os nervos, muito pelo contrário. Se a valorização recorde do franco de ontem não se estabilizar haverá “consequências desastrosas” para a economia suíça, alerta o jornal.

A forma escolhida pelo BNS, o banco central suíço, para comunicar a decisão – pegando de surpresa a maior parte do país, inclusive o governo suíço e o próprio conselho de administração do banco – prejudicou a credibilidade da instituição, considera o Tages-Anzeiger.

A decisão de quinta-feira foi “uma propaganda negativa para credibilidade suíça”, concordou o Financial Times, de Londres. A queda resultante no valor do euro em relação ao franco suíço – que caiu para um mínimo histórico de 85 centavos de franco no início do dia – “desafia o alcance da hipérbole”, disse o FT.

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Confiança

A confiança do mercado na política monetária suíça “levou um golpe”, disse ainda o jornal inglês. No entanto, a decisão parece compreensível, levando em conta o provável programa de compra de ativos do Banco Central Europeu, o chamado “quantitative easing. O plano deve injetar mais euros no mercado, levando a moeda europeia a se desvalorizar ainda mais.

“No final, o BNS decidiu sofrer um pouco agora do que bem mais depois”, disse o Financial Times.

O Neue Zurcher Zeitung concorda. “O abandono da taxa de câmbio mínima vai ser doloroso, mas é a decisão certa”, avalia o jornal, que também acha que a espera teria saído mais caro no longo prazo.

O jornal de língua francesa Le Temps, de Genebra, foi um pouco mais crítico. “Será que o banco nem sequer pensou na onda de choque que iria produzir na quinta-feira?”, questiona. “É de se perguntar se o banco não se mostrou ingênuo, não percebendo que estava pondo em perigo a sua credibilidade”.

Consequências

Outros dois jornais estrangeiros questionaram as consequências que a decisão pode gerar na Suíça.

“Uma pergunta franca: O que estava pensando o BNS?”, foi a manchete do Wall Street Journal. “O banco, e a economia que ele supostamente controla, podem vir a ser os maiores perdedores da ação”, disse o jornal. O fato é que os relógios suíços e as férias no país de repente se tornaram muito mais caros. “O que não ajuda, no meio da temporada de esqui, embora o elenco de milionários que vão para Davos no final deste mês para o Fórum Econômico Mundial pode provavelmente arcar com os preços mais altos”, disse.

Da mesma forma, um artigo no jornal britânico The Guardian analisa como a decisão do banco central pode afetar as exportações do país. “A ação tornou instantaneamente o diretor do BNS, Thomas Jordan, antipático entre os exportadores da Suíça, tornando seus produtos mais caros no exterior, em um momento em que muitos parceiros comerciais europeus já estão sofrendo”, disse o jornal.

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