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Eduardo Ventura faz exposição de sucesso na Suíça

Mais um dia termina, acrílico sobre tela, 110x120 cm - 2010 zvg

Ao mesmo tempo em que completa 25 anos de carreira e se consolida como um dos mais cultuados artistas plásticos brasileiros da atualidade, o pintor Eduardo Ventura termina em 30 de janeiro uma bem-sucedida exposição na Suíça.

Ele apresenta cerca de 70 trabalhos inéditos na Ficher-Rohr Galery, conceituada galeria de artes localizada em Basileia e que pertence à brasileira Rita Ficher-Rohr.































“Todo o material exposto na Suíça é inédito. Tecnicamente, a exposição é composta de trabalhos em pintura acrílica sobre tela, pintura acrílica sobre papel e desenhos com grafite”, explica o artista.

Com o título em inglês “Veiled Reality” (Realidade Velada), a exposição de pinturas do brasileiro acontece simultaneamente a uma exposição do consagrado artista alemão Gerhard Richter. A ideia de unir as duas obras em uma exposição dupla, conta Ventura, partiu da proprietária da Ficher-Rohr Galery: “O convite para expor na Basileia veio através da Senhora Rita Ficher-Rohr que, conhecendo por fotos minha fase atual, achou uma semelhança na leitura de meu trabalho com pinturas das décadas de 60 e 70 do artista Gerhard Richter”.

Consultado pela proprietária da galeria sobre a exposição conjunta, Richter gostou da ideia, para felicidade do colega brasileiro: “Ele foi procurado, aprovou a ideia da exposição, escolheu um trabalho meu que gostaria de ver exposto e me deu a honra de expor duas de suas obras junto comigo, me apresentando assim para o público local”, conta Eduardo Ventura.

A receptividade do público suíço, segundo o artista brasileiro, foi muito boa: “Estive na Basileia no período de 19 a 26 de outubro, para a abertura da exposição, que contou também com a presença e a apresentação de uma composição inédita feita pelo músico e maestro Sven-Ingo Koch, inspirada nos trabalhos expostos. A receptividade do público suíço ao meu trabalho foi grande, o que me deixou muito satisfeito”, diz.

Nascido em Barra do Piraí, no interior do Rio de Janeiro, Eduardo Ventura, que prefere ser chamado mesmo de pintor, vive um grande momento na carreira. Neste começo de 2011, o brasileiro tem exposições acontecendo no Rio, na Basiléia e em Nova Iorque (EUA). Ele percebe o reconhecimento ao seu trabalho: “Pude notar uma maior valorização por parte do europeu com relação aos trabalhos feitos sobre papel, seja pintura ou desenho, e posso dizer o mesmo do público americano, onde estive durante 15 dias para a abertura da minha exposição na filial da Almacén Galeria em Nova Iorque em dezembro”.

Boa parceria

A relação com a Almacén, de onde é artista residente na filial carioca, tem sido fundamental para Eduardo Ventura nos últimos anos: “Minha atual fase teve início em 2008, quando da minha ida à Paris, através da parceria que mantenho com a Galeria Almacén e seus sócios. Parceria esta que vem ao longo dos últimos anos me proporcionando reais condições para desenvolver meu trabalho e que foi consolidada à base de confiança e respeito mútuos”, destaca.

“A ideia era que durante o período em que fiquei em Paris –  por volta de dois meses –  eu produzisse alguma coisa que depois seria exposta por lá. Tanto que compramos todo o material necessário e praticamente montamos o ateliê em um apartamento alugado para esse propósito”, conta Ventura.

As coisas, no entanto, não saíram exatamente como o imaginado: “Por se tratar da minha primeira experiência no exterior, vivendo e presenciando coisas que só tinha conhecimento através de livros e outros meios de informação, talvez tenha sentido um choque cultural tão grande que simplesmente não conseguia trabalhar. Então, passava meus dias nas ruas de Paris, registrando com uma máquina fotográfica e um bloco para esboços e anotações, o cotidiano dos parisienses. Tão diferente do que estava acostumado”.

Sentimento Urbano

O método adotado pelo artista acabou rendendo frutos: “Chegando no ateliê, eu fazia alguns desenhos relacionados a experiências vividas naquele dia. Voltando ao Brasil, juntei todo o material (fotos, esboços e anotações) e preparei uma exposição que se chamou Sentimento Urbano”, conta Ventura. O artista explica que esse foi o início do grande processo criativo que culminou nas atuais exposições simultâneas no Brasil, na Suíça e nos Estados Unidos.

As imagens criadas por Ventura a partir de sua experiência parisiense são de uma originalidade vibrante, com o cotidiano da cidade retratado em pinturas que dão a sensação de ser a extensão do olhar do passante.

Outro fator original da exposição é o tamanho das telas, com pinturas 100x150cm e até mesmo 100x300cm: “A utilização de tinta acrílica aguada, permite uma transparência que permite brotar uma luz que vem de trás de uma fina camada de cor. O branco ou o cinza de fundo são as maiores fontes de luz, um elemento principal a constituir a cena pintada”, explica um manual produzido pela Almacén sobre a atual fase de Eduardo Ventura.

Premiado recentemente com a medalha de bronze no Carrossel do Museu do Louvre, em Paris, o artista plástico brasileiro Eduardo Ventura prefere ser chamado simplesmente de pintor: “Não me basta ser artista e não importa se pensam que eu sou pintor de paredes quando perguntam o que faço”, brinca.

O contato com o universo das artes plásticas aconteceu em casa, ainda na tenra infância, onde teve no pai, Thelmo Ventura, também pintor e escultor, seu maior incentivador.

Rio de Janeiro

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