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Eleição de Doris Leuthard rejuvenesce governo

Um dia depois de eleita, Doris Leuthard foi tema de capa de todos os jornais. swissinfo.ch

Os comentaristas políticos da imprensa suíça consideram positiva a eleição de Doris Leuthard. Para eles, a futura ministra traz novos ares para o gabinete federal.

Ao mesmo tempo, os jornalistas lembram que Leuthard obteve muitos poucos votos. Uma das razões seria a candidatura única e superexposição à mídia.

Os jornais de quinta-feira (15 de junho) dão um eco largamente positivo à eleição da candidata democrata-cristã Doris Leuthard para o governo federal. A maior parte dos comentaristas ressalta que, até então, a política tinha sido uma boa parlamentar. No cargo mais elevado do executivo suíço, ela possivelmente trará novas idéias.

“Aos 43 anos, experimentada, competente, aberta à imprensa e respeitada por todos os partidos: não poderia haver ninguém mais apto para assumir o cargo de conselheiro federal”, escreve o jornal “Basler Zeitung”. Já o “Der Bund”, se mostra otimista: “A nova conselheira poderá dar uma importante contribuição durante as votações de questões difíceis no Parlamento”.

Ao trabalho

O importante agora é que a boa impressão deixada comece a se traduzir em fatos. “Leuthard era uma deputada sólida. Agora precisamos ver se ela consegue realmente aplicar suas idéias”, escreve o “Der Bund”.

O “Le Matin”, importante órgão da imprensa de língua francesa, escreve: “Doris Leuthard precisa dar provas da sua capacidade, assim como ocorreu com outros ministros”. Ela precisa mostrar que não é apenas um ícone do seu partido, a estrela das mídias, mas também que possui a dimensão de uma verdadeira mulher de Estado.

Porém seu papel no governo não será muito fácil, sobretudo dentro de um gabinete federal que não esconde as enormes diferenças ideológicas que existem entre seus membros.

“Como boa democrata-cristã centrista, ela tem a ambição de unir a equipe. Porém essa é uma missão praticamente impossível. Se é verdade que ela conseguiu se impor entre as diferentes personalidades do seu partido, ela vai descobrir rapidamente que dominar personalidades como Blocher (ministro da Justiça) ou Couchepin (ministro do Interior) é uma outra história”, escreve o “Le Temps”.

Resultado modesto

Os comentaristas políticos não deixam de destacar o escore fraco da eleição ocorrida ontem (14 de junho) no Parlamento federal. Nenhum jornalista deixou de perceber que Doris Leuthard recebeu apenas 133 dos 242 votos possíveis. O “Le Matin” resume bem a opinião geral sobre o tema: “A Suíça esperava uma votação mais consistente, porém sua aprovação ocorreu de uma forma mal cozida”.

Para os analistas, uma das razões do resultado mediano deve-se à falta de candidaturas concorrentes, uma situação imposta pelo Partido Democrata-Cristão com sua única pretendente ao cargo de conselheiro federal.

“O Parlamento tem ciúmes do seu poder. Ele quer utilizá-lo, sobretudo no momento de votar um novo conselheiro federal. Ele não gosta de imposições ou fatos já consumados, como ocorreu com a indicação de Doris Leuthard”, destaca o “Le Matin”.

“Dando para ela um resultado medíocre, o Parlamento fez ao mesmo tempo uma advertência. Sua exposição excessiva nas mídias e também a maneira quase soviética de indicação pelo partido não deixam Leuthard esquecer que o verdadeiro trabalho começa amanhã”, foi o que publicou o “Le Temps”.

Mulheres no poder

Os comentaristas não escondem que a maior alegria com a eleição de Doris Leuthard, foi o fato de ela ter sido a segunda mulher a entrar para o governo.

“O dia de ontem foi marcado, de maneira discreta, mas segura, por um avanço na luta pela igualdade entre homens e mulheres. Pela primeira vez, uma candidata foi eleita sem psicodrama. Ao mesmo tempo, também não se procurou pontos fracos na sua vida privada. Isso não é comum na Suíça”, se alegra o “Tribune de Genève”.

A mesma opinião foi compartilhada pelo “Neue Zürcher Zeitung”, o jornal mais importante do país. “Sua eleição fica marcada na história como a eleição menos espetacular de uma mulher para o governo federal até então”.

Sobra apenas a dúvida quando ao apreço de Doris Leuthard pelo feminismo. “Um dia de alegria para as mulheres? Claro que não. Leuthard não se mostrou muito engajada aos problemas das mulheres. Ela simplesmente era a única candidata válida para os democrata-cristãos”, conclui o “Berner Zeitung”.

swissinfo, Olivier Pauchard

O Conselho Federal é o governo executivo da Suíça. Ele é composto de sete membros, eleitos ou confirmados a cada quatro anos pelo Parlamento federal.

Um membro do Conselho Federal é chamado “conselheiro federal”. Seu cargo equivale ao de ministro de Estado em outros países, porém com a diferença que o conselheiro federal dirige várias pastas ao mesmo tempo.

Dos sete conselheiros federais, um deles é escolhido a cada ano para ser o presidente da República. O cargo é apenas representativo e não significa um aumento do poder.

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