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Onda verde deve garantir avanço da esquerda no Parlamento

Jovens protestando em Genebra durante manifestação pelo clima
As eleições legislativas acontecem no contexto de uma série de protestos climáticos nas cidades e vilas suíças nos últimos meses. Keystone / Martial Trezzini

De acordo com uma pesquisa de opinião realizada antes das eleições de 20 de outubro, o parlamento suíço se prepara para uma ligeira guinada à esquerda em detrimento dos partidos burgueses. 

A pesquisa publicada na quarta-feira mostrou que a esquerda – o Partido Socialista e os Verdes – pode ganhar até 3%, enquanto a direita – o Partido Popular Suíço e os Liberais Radicais – pode perder 3,3% na Câmara dos Deputados. 

O bloco de partidos centristas, incluindo os democratas-cristãos, os verdes liberais e os democratas conservadores, deve manter-se sólido, de acordo com o instituto de pesquisa SotomoLink externo, que realizou a pesquisa em nome da Sociedade Suíça de Rádio e Televisão (SRG-SSR, empresa-mãe da swissinfo.ch). 

Para mais informações sobre os principais partidos políticos, confira o gráfico abaixo. 

Gráfico com resultado da pesquisa de opinião do barômetro eleitoral
Kai Reusser / swissinfo.ch

“No geral, trata-se de um desenvolvimento bastante significativo para a política suíça, mesmo que a situação geral seja estável”, diz Michael Hermann, diretor da Sotomo. 

Os ganhos prováveis para o Partido Verde são mais acentuados na região francófona da Suíça e podem vir em detrimento dos sociais-democratas”, diz Hermann. Enquanto isso, os radicais parecem ter perdido o apoio da maioria da região de língua alemã, aumentando as esperanças dos verdes e dos verdes liberais. 

O Partido Popular Suíço, de direita, provavelmente cairá um pouco do seu recorde de 29,4% obtido em 2015, mas provavelmente continuará sendo o grupo mais forte da Câmara dos Deputados. 

No entanto, possivelmente o maior choque da pesquisa de opinião final são as perdas previstas do Partido Radical, que pode pagar o preço por sua recente mudança de política em questões ambientais, de acordo com Hermann. 

Eleição discreta, mas não monótona 

O pesquisador rejeita as críticas de que a atual campanha eleitoral tenha sido monótona. 

“Aqueles que procuram um grande drama ficaram, sem dúvida, desapontados. Mas tem sido uma campanha interessante do ponto de vista dos cientistas políticos”, explica Hermann. 

Novos tópicos surgiram e novos métodos foram usados com mais frequência do que antes, com foco em campanhas digitais e com menos cartazes em áreas urbanas. 

Hermann diz nunca ter visto uma mudança tão radical nas pautas da campanha nos últimos quatro anos da política suíça: imigração e estrangeiros, tema que costumava estar na frente das preocupações dos eleitores, beneficiando a direita política, observa-se uma virada para questões ambientais e climáticas, que podem impulsionar a esquerda e a centro-esquerda. 

Outro fator que contribui para uma campanha discreta é o poder muito limitado do Partido Popular de chocar seus oponentes com slogans e táticas emocionais. “O partido tentou de novo, mas tudo desapareceu rapidamente”, diz o especialista em sondagens. 

Além das controvérsias de curta duração sobre um cartaz com uma maçã podre da UDC/SVP e alguns ataques verbais duros, houve também uma tentativa de campanha negativa na mídia digital, envolvendo dois outros grandes partidos. 

Clima

As preocupações com as questões climáticas têm estado na linha da frente nos últimos 12 meses. 

“A onda Verde está rolando e ganhou ainda mais força”, diz Hermann. 

Mesmo entre a comunidade suíça expatriada, o aquecimento global parece ser a prioridade, na frente das questões sobre as futuras relações entre a Suíça e a União Europeia. 

Mas, ao contrário dos eleitores nacionais, os suíços expatriados não seriam diretamente afetados por possíveis medidas políticas decididas pelo parlamento, incluindo o aumento dos preços dos combustíveis, diz Hermann. 

Nenhuma indicação foi feita sobre o comparecimento esperado em 20 de outubro. Hermann diz que os partidos de direita e esquerda, em particular, terão de contar com uma forte afluência às urnas para terem sucesso. 

Os cientistas políticos esperam que a afluência às urnas possa ultrapassar os 50% pela primeira vez em 40 anos, impulsionada por mais mulheres e pela motivação da geração mais jovem para participar nas eleições. A afluência às urnas estagnou em cerca de 48% nos últimos 12 anos. 

O Barômetro Eleitoral SRG-SSR é uma pesquisa online do instituto de pesquisa Sotomo de Zurique antes das eleições parlamentares de 20 de outubro. 

Ele cobre as eleições para a Câmara dos Deputados, mas não para o Senado. 

A última de seis pesquisas é baseada em dados válidos de 12.107 entrevistados, entre eles 318 suíços expatriados. A pesquisa foi realizada entre 26 de setembro e 2 de outubro. 

A margem de erro é de +/-1,4%, de acordo com o Sotomo. 

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Adaptação: Eduardo Simantob

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