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Empregados do UBS e CS preferem Romney

Keystone

Quando abrem a carteira para apoiar candidados à Casa Branca, os funcionários do Credit Suisse e do UBS, os dois maiores bancos suíços, geralmente preferem fazer doações ao rival de Barack Obama. Certos executivos foram muitos generosos nos últimos anos, para os dois lados.

A menos de três meses das eleições de 6 de novembro, e tendo em vista o dinheiro que entra todo mês nos cofres de campanha dos dois principais canditados, não há dúvida nenhuma que a campanha presidencial americana de 2012 será a mais caras de todas.

Se Mitt Romney recebeu em julho, pelo terceiro mês consecutivo, mais dinheiro do que Barack Obama, é que o presidente recebeu mais recursos desde o início da campanha: 550 milhões de dólares contra 156 para o Repulicano.

Há muito tempo que a corrida à Casa Branca é também uma corrida pelo dinheiro. Só que as novas regras aumentam o volume de dinheiro e o papel das empresas. Ora, as empresas suíças têm, como nas eleições precedentes, um papel importante.

É o que indica uma análise feita por swissinfo.ch dos dados compilados pelo Centro para Políticas Responsáveis, organização não governamental que publica documentos financeiros fornecidos por diversas fontes da campanha à Comissão Eleitoral.

Únicas estrangeiras

Credit Suisse e o UBS são as únicas empresas estrangeiras que aparecem entre os 15 maiores doadores de Mitt Romney, menos três britânicas: o banco Barclays e as consultorias PricewaterhouseCoopers e Ernst & Young. UBS e Credit Suisse não aparecem entre os 20 maiores doadores de Barack Obama.

Outras empresas suíças estarão envolvidas nas próximas eleições nos Estados Unidos, sempre através de seus empregados. A Novartis já injetou 250 mil dólares e a Roche mais de 210 mil nas legislativas que ocorrerão no mesmo dia das presidenciais. A Zurique Seguros é única empresa estrangeira do setor a participar da campanha presidencial.

Questionados por swissinfo.ch, o Credit Suisse e o UBS respondem que eles não têm nada a ver com o financiamento dos candidatos à Casa Branca.

“O Credit Suisse não dá dinheiro a nenhum candidato a presidente. Alguns do nossos empregados sim, mas são doações individuais; pela lei, esses empregados devem mencionar o nome do empregador, mas não é o Credit Suisse que faz doações”, declara Victoria Harmon, porta-voz do Credi Suisse nos Estados Unidos.

O UBS recusa-se a designar um porta-voz que possa respoder as perguntas de swissinfo.ch. Ele se limita a este comunicado: “UBS não faz doações aos candidatos a presidência, UBS também não tem PAC (NDR: comitê de ação política) que faria suas doações; os empregados do UBS são livres para dar o dinheiro aos candidatos que escolhem.”

Doadores são executivos

No entanto, os grandes doadores não são os empregados ordinários, mas os executivos ou ex-executivos das empresas.

No Credit Suisse, entre os maiores doadores das campanhas eleitorais desde 1990 estão John Hennessy, antigo presidente do Credit Suisse First Boston, que continua sendo conselheiro do banco, e David Mulford, vice-presidente. Somente os dois “empregados” doaram mais de 770 mil dólares nas presdenciais e legislativas.

No UBS, o benfeitores mais generosos dos candidatos entre 1990 e 2012 são Robert Wolf, grande patrão do UBS nos Estados Unidos até 1° de agosto e continuará a ser um dos conselheiros, e John Haskell, também antigo presidente que se tornou conselheiro depois de aposentado. Eles já doaram mais 710 mil dólares para as presidenciais e legislativas.

Michael Malbin, diretor do Campaign Finance Institute, defende que Robert Wolf para no financiamento das campanhas porque “é uma pessoa que se interessa apaixonadamente pelos problemas” do país.

Mas a paixão é a única motivação desses grandes doadores? E para os que recebem doações generosas, não há risco de corrupção?

Busca de influência

“A palavra corrupção é muito forte, mas eu diria que as fontes das doações tendem a influenciar a agenda política e o debate político”, admite M. Malbin.

Para Bill Allison da fundação Sunlight, especializada na transparência do poder público, a palavra corrução não é forte demais.

“Não tem dúvida, o dinheiro é um fator corruptor dos políticos; é verdade que são os empregados de uma empresa que doam aos candidatos, não a própria empresa, mas a maioria dessas doações é guiada pelos interesses econômicos da empresa”, afirma M. Allison.

“Bancos como UBS e Credit Suisse querem poder influenciar as regulamentações que continuam a ser elaboradas depois da reforma do setor financeiro de 2010”, acrescenta.

No Cento por Políticas Responsáveis, Bob Biersack precisa que a influência pode ter a forma de nomeações para cargos importantes. Robert Wolf do UBS não somente é amigo de Barack Obama como também membro de duas comissões presidenciais, uma da economia e outra do emprego. Quanto a David Mulford do Credit Suisse, ele foi embaixador na Índia na administração George Bush.

As empresas podem elas mesmo financiar a camapanha criando suas próprias PACs ou doando montantes ilimitados aos SuperPACs e à organização das “convenções”.

 

As empresas têm até 60 dias depois dos congressos dos partidos para divulgar as somas que terão doado. Por enquanto, elas ainda não divulgaram os montantes que poderiam doar à convenção republicana e à convenção democrata que ocorrerão no final de agosto e início de setembro. Mas em 2008. UBS e Novartis foram as únicas empresas estrangeiras a financiar as convenções.

Primeira empresa estrangeira na classificação, o Credit Suisse está em 5° lugar. A soma total doada a Mitt Romney pelos funcionários do Credit Suisse é de mais de 421 mil dólares.

O UBS ocupa o 12° lugar, antes da empresa de investimento fundada por Mitt Romney. O total doado pelos empregados do UBS é de 240 mil dólares.¨

Os nomes do Credit Suisse e do UBS estão entre os maiores doadores de Barack Obama.

Segundo a lei americana, uma empresa pode participar do financiamento de um candidadato através de um “comitê de ação política (PAC) para o qual elal pede a seus funcionários de fazer doações que são limitadas a 500 dólares por eleitor e por candidato.

Em 2008, Barack Obama abre um novo capítulo na história eleitoral americana como primeiro candidato a presidente a renunciar ao financiamento público e coletando no privado a soma recorde de 750 milhões de dólares. Em 2012, tanto Barack Obama como Mitt Romney pedem doações apenas ao setor privado.

Em janeiro de 2010, a Corte Suprema julgou que as empresas privadas e os sindicatos são “pessoas” com direito à liberdade de expressão garantida pela Constituição; ela as autoriza a financiar publicidades políticas independentemente das campanhas dos candidatos.

Em março do mesmo ano, a Corte de Recursos Federal de Washington decide que os grupos que participam financeiramente do debate político independentemente das campanhas dos candidados podem receber doações de um montante ilimitado.

Esses veredictos levaram à criação dos SuperPACs, comitês de ação política.

Ao contrário dos simples PACs, os SuperPACs não podem financiar candidatos nem os partidos, mas coletam e gastam dinheiro sem qualquer limite, geralmente para publicidades na televisão.

Adaptação: Claudinê Gonçalves

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