Engenheiro suíço vai construir túnel em Gibraltar
O escritório de engenharia do suíço Giovanni Lombardi foi escolhido para construir o túnel ferroviário que ligará a África e a Europa através do estreito de Gibraltar.
A conclusão dos estudos para o projeto hispano-marroquino, de uma enorme complexidade, está prevista para 2008.
Para esse ambicioso projeto, o escritório do engenheiro Giovanni Lombardi, em Minusio, sul da Suíça, foi escolhido entre 14 outros outros concorrentes.
A decisão de construir um túnel ligando o Marrocos e a Espanha foi tomada depois de mais de 25 anos de reflexão. Em 1980, uma "comissão mixta hispano-marroquina" foi encarregada de estudar o projeto. A formulação técnica do projeto existe desde 1966.
Várias hipóteses foram abandonadas nos últimos anos. No estreito de Gibraltar, o mar tem 300 metros de profundidade e não daria para constuir uma ponte e uma ponte flutuante criaria problemas para a navegação.
Também foi descartada a idéia de montar, sob o mar, elementos de um túnel préfabricado porque o fundo do estreito é instável e tem correntes marítimas muito fortes.
Decidiu-se então pela construção de um túnel ferroviário, como já foi feito no Canal da Mancha, entre a França e a Inglaterra. O de Gibraltar será construído a uma profundidade de 400 a 600 metros e 40 km de extensão, lingando Tarifa a Tanger.
No limite do possível
"Não é o trajeto mais curto mas o ideal", explica Giovanni Lombardi, 80 anos, a Omar Gisler, da ATS - agência suíça de notícias. Tecnicamente, o projeto está no limite do realizável.
A planificação tem muitos pontos de interrogação. As prospecções para sondar a geologia do fundo marinho foram interrompidas em menos de uma semana porque as correntes eram muito fortes e os barcos não conseguiram fixar-se nos pontos definidos anteriormente.
O projeto é financiado por duas empresas, uma espanhola e outra marroquina. Giovanni Lombardi calcula serão necessários entre 4 a 5 bilhões de euros para concluir a obra de seus sonhos.
Questões práticas
Mas o engenheiro suíço (pai do senador Filippo Lombardi) afirma que ainda é difícil fazer cálculos precisos.
Enquanto isso, os engenheiros que trabalham no projeto tratam de questões práticas. Primeiro, será construído um tubo de serviço de 4,8 metros de largura e que será dividido ao meio para formar duas vias paralelas.
Essa primeira etapa permitirá saber o volume de água que entraria na obra. "No velho túnel ferroviário do Gothardo, entrava 200 litros de água por segundo", explica Giovanni Lombardi.
O túnel do Canal da Mancha parece brinquedo
Nas profundezas do estreito de Gibraltar, a pressão da água é de 500 toneladas por metro quadrado. Está previsto, portanto, um sistema de bombeamento. Além disso, a região é sismica. Em 1775, a região foi vítima do mesmo terremoto que destruiu Lisboa.
Em comparação, a construção do túnel sob o Canal da Mancha, da qual o escritório de Lombardi também participou, foi um brinquedo de criança, afirma o engenheiro de Minusio. "O Eurotúnel é mais raso, a pressão da água é menor e a rocha mais sólida", explica.
O túnel sob o estreito de Gibraltar é o projeto mais difícil da carreira de Giovanni Lombardi. Mas ele está convicto que vai dar certo: "sem otimismo, não se faz nada", conclui o engenheiro octogenário.
swissinfo com agências
Giovanni Lombardi
Nasceu em Lugano, sul da Suíça, Giovanni Lombardi é considerado um dos engenheiros-construtores mais famosos do mundo. Seu nome está estreitamente ligado à construção do túnel rodoviário do Ghotardo, que atravessa os Alpes ligando o norte e o sul da Europa.
Presidente da firma Lombardi SA de Minusio, sul da Suíça, com 85 empregados, o engenheiro ocotogenário continua ativo.
Segundo sua própria estimativa, ao longo de sua carreira Giovanni Lombardi constuiu mais de mil quilômetros de túneis.
Ele também é conhecido por suas realizações no cantão do Ticino, em Zimpan (México) e na Itália.
Foi nomeado doutor honoris causa pelo Polytechnicum de Milão, em 2004.

Em conformidade com os padrões da JTI
Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch