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Escolares suíços são bons em ciências exatas

Dessa vez os escolares suíços podem se orgulhar dos seus resultados. Keystone

Bons resultados para a Suíça no estudo Pisa de 2006. Nas três áreas testadas – ciências naturais, leitura e matemática – os jovens obtiveram resultados superiores a média de todos os países que participaram do programa.

Responsáveis pela área de educação na Suíça, os cantões estão satisfeitos. Porém seus representantes procuram relativizar a importância da comparação internacional dos sistemas de educação.

O estudo Pisa de 2006, que avaliou os conhecimentos de alunos de 15 anos de 57 diferentes países, mostra que, na área de ciências exatas (domínio prioritário para esse estudo), os escolares suíços obtiveram 512 pontos, contra 500 da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

No total, a Suíça ficou mais bem classificada do que a média dos países da OCDE, como revelou Dieter Rossboth, vice-diretor do Departamento Federal de Estatísticas.

A análise dos dados explica o resultado: os escolares helvéticos, que nos estudos precedentes (2000 e 2003) haviam tido classificações sofríveis, conseguiram obter pela primeira vez uma média que ultrapassava a da OCDE, de 499 pontos contra 492. Melhores notas foram obtidas apenas pelos coreanos (556) e finlandeses (547).

Em matemática, os jovens suíços obtiveram também resultados bons em comparação internacional. Com 530 pontos, eles ultrapassaram largamente a média dos países da OCDE (498). Apenas Taiwan, Finlândia, Hong Kong e Coréia registraram valores notavelmente superiores.

Reação dos professores

O Sindicato dos Professores da Suíça francesa (SER, na sigla em francês) e seu confrade da Suíça alemã, a Federação dos Professores Suíços (LCH) saúdam “com alívio, mas sem surpresa, os bons resultados constatados em ciências e matemática. Eles são o reconhecimento do trabalho realizado pelos professores nas escolas”.

Os sindicados de professores aproveitam a ocasião para criticar o tratamento dado pela imprensa helvética aos resultados publicados pelo estudo Pisa. “Reprovamos o fato de que essa abundante fonte de informações sobre os sistemas educativos seja apresentada na mídia como uma classificação internacional simplista, com interpretações muitas vezes falsas, senão redutoras.

A União Sindical Suíça se inquieta, por seu lado, com os resultados apresentados para leitura. Se matemática e ciências naturais já não são um problema, o sindicato julga a ausência de progressos na leitura como “inquietante”. Na opinião dos seus representantes, o governo precisa tomar medidas para resolver déficit, sobretudo levar adiante as reformas previstas no projeto “HarmoS” de harmonização da escolaridade obrigatória.

Comparação incorreta

A Conferência de Diretores de Instrução Pública (CDIP), órgão que reúne os diretores de escolas, estima que o bom resultado no teste Pisa em 2006 é uma prova da forte capacidade de integração do sistema suíço.

Porém o CDIP relativiza esse tipo de classificação comparativa. Na opinião dos seus representantes, não se trata de uma competição esportiva e não se deve também dar uma importância desproporcional aos seus números.

“A comparação não é correta”, declara Isabelle Chassot, presidente do CDIP, mas que vê com bons olhos a posição favorável, e acima da média, dos jovens suíços de 15 anos em todos os testes realizados.

Ela ressalta os limites das comparações realizadas dentro do estudo Pisa. Nesse sentido, os resultados trazidos pela versão de 2006 – no qual o tema central eram ciências exatas – não podem ser colocados lado a lado com os dos testes de 2000 e 2003.

“Essa situação, de certa forma deplorável, não corresponde às promessas feitas pela OCDE no início do programa”, lamenta-se Chassot.

A questão da integração dos estrangeiros

Segundo a diretora do CDIP, os resultados também demonstram que “o sistema educativo suíço realiza uma verdadeira proeza em termos de integração”.

“A situação da Suíça é, de fato, particular devido à sua população escolar extremamente heterogênea do ponto de vista lingüístico e cultura, segundo um relatório da OCDE. A proporção de estrangeiros na Suíça é de 20,2 %, contra 2,1 % na Finlândia ou 9,5% na Áustria”, explicou Chassot.

O estudo Pisa aplicou os mesmos testes a alunos de 57 diferentes países. Ele compara posteriormente os resultados abstraindo as diferenças demográficas e socioculturais de um país ao outro.

Nesse contexto, os resultados suíços mostram um forte poder de integração do sistema como um todo.

swissinfo e agências

Na Suíça, pouco mais de 12 mil escolares participaram dos testes do estudo Pisa.

O país investiu 4,5 milhões de francos no estudo. Na versão de 2009, a participação será de 3,5 milhões de francos, custos que serão divididos entre o governo federal e os cantões.

O estudo PISA foi lançado pela OCDE (Organização para o Desenvolvimento e Cooperação Económico), em 1997. Os resultados obtidos nesse estudo permitem monitorizar, de uma forma regular, os sistemas educativos em termos do desempenho dos alunos, no contexto de um enquadramento conceptual aceite internacionalmente.

O PISA procura medir a capacidade dos jovens de 15 anos para usarem os conhecimentos que têm de forma a enfrentarem os desafios da vida real, em vez de simplesmente avaliar o domínio que detêm sobre o conteúdo do seu currículo escolar específico.

O estudo está organizado em ciclos de 3 anos:

A primeira recolha de informação ocorreu em 2000 (primeiro ciclo do PISA) e teve como principal domínio de avaliação a literacia em contexto de leitura. O estudo envolveu, então, cerca de 265 000 alunos de 15 anos, de 32 países, 28 dos quais membros da OCDE.

O PISA 2003 (segundo ciclo do PISA), contou com 41 países, incluindo a totalidade dos membros da OCDE (30), envolvendo mais de 250 000 alunos de 15 anos. O estudo deu um maior enfoque à matemática e teve como domínios secundários leitura e áreas científica, bem como a resolução de problemas.

No estudo PISA que decorreu em 2006 (terceiro ciclo), houve preponderância da área científica e contou com a participação de cerca de 60 países, envolvendo mais de 200 000 alunos de 7 000 escolas.

Como foram escolhidos os jovens a testar no PISA?

A população alvo consistiu nos alunos que, na altura da sondagem, tinham idades compreendidas entre os 15 anos e três meses e os 16 anos e dois meses, desde que frequentassem a escola, independentemente do tipo de instituição onde o fizessem.

A seleção foi feita segundo um processo de amostragem aleatória estratificada, a partir das escolas do país. Ministério da Educação de Portugal

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