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Escolas suíças oferecem educação de alto nível em hotelaria

Emanuel Ammon

O desenvolvimento e a crescente profissionalização da indústria hoteleira nos últimos anos passou a exigir alta qualidade na formação dos jovens profissionais que pretendem atuar na área.

A demanda por profissionais vem de várias partes do mundo, mas são os egressos de escolas suíças que gozam de melhor reputação no mercado.

As possibilidades de estudos em hotelaria são oferecidas em vários níveis: diploma, bacharelado e pós-graduação (master). A oferta de cursos varia de escola para escola e a opção por cada um deles depende do tempo e do dinheiro que cada estudante quer (e pode) investir na formação. E claro, das ambições de cada um. Porém, nem todas as escolas oferecem cursos em todos os níveis.

Os bacharelados normalmente atraem candidatos que estão iniciando os estudos universitários e estão dispostos a estudar entre três e quatro anos para obter o título. Os cursos que dão aos alunos os “diplomas” são dirigidos a quem já tem alguma experiência no setor e pretende trabalhar no ramo, de maneira independente.

“Os programas de bacharelados são mais caros, mas oferecem boas possibilidades futuras aos alunos” explica Fabienne Rollandin, responsável de marketing da Glion Institute for Higher Education, em Clarens, na região de Montreux, no cantão de Vaud. “Os diplomas custam menos e servem para quem quer entrar no mercado de trabalho mais rápido, ou ainda não reúne os requisitos para fazer um bacharelado”, completa. Normalmente a duração do curso fica entre um ano e meio e dois anos, incluindo os períodos de estágios.

Mente aberta

Os programas de “master” duram de um a dois anos e são destinados a quem já tem diploma universitário, mas quer mudar o rumo da carreira ou galgar cargos mais altos. “É comum a presença de profissionais com experiências anteriores variadas na área de hotelaria”, diz Rollandin. “Ter mente aberta é uma vantagem nesse ramo”, explica.

A prática de outros ofícios pode fazer com que o aluno aproveite melhor o curso, segundo o brasileiro Luiz Toffanin, de 35 anos, que concluiu a pós-graduação em Glion, no ano passado. Depois de formar-se em agronomia, no Brasil, trabalhou cinco anos na área de horticultura e decidiu mudar de ramo. Arrumou as malas e mudou-se para o país helvético.

“A Suíça tem as melhores escolas de hotelaria do mundo”, conta. Ele agora se prepara para assinar o contrato do novo emprego como “maître” de hotel. “Acredito que é possível conseguir cargos de boa remuneração na profissão”, afirma.

Mercado de trabalho

Muitas vezes a conclusão de um programa dá condições ao estudante de entrar diretamente no mercado de trabalho ou optar para mais uma etapa acadêmica, seja na área de gestão hoteleira ou em áreas afins, como marketing ou administração de empresas, por exemplo. A estudante portuguesa Sandra Alves Pinto, 21 anos, já tinha um diploma da escola de Comércio quando decidiu matricular-se em um dos programas da École Hôtelière Lausanne.

“Optei pelo programa de gestão de hotéis e restaurantes e faço um estágio em um centro de congressos”, conta. Ela faz planos para o futuro. “Gostaria de trabalhar em algum país da América Central ou do Sul, na área de marketing”, explica.

A vantagem do ramo de hotelaria é a amplitude do mercado. Há oportunidades no mundo inteiro. Por isso, o contato ainda na escola, com estudantes de diversos países, é fundamental. “É importante aprender a respeitar as diferenças”, afirma Luiz Toffanin. Para a obtenção dos certificados nos diversos programas na área de hotelaria é necessário realizar estágios, em sua maioria, remunerados. As escolas costumam fazer a ponte entre as empresas interessadas na mão-de-obra e os estudantes. As ofertas de estágios e de empregos para alunos formados também são oferecidas pelas escolas ou por intermédio delas, em várias partes do mundo.

Perfil

A formação no campo da hotelaria não apresenta apenas demandas acadêmicas. As habilidades sociais são fundamentais para que o jovem profissional seja capaz de trabalhar em equipe, prezar a qualidade dos serviços, o trato interpessoal e resolver problemas ligados à gestão hoteleira e afins, em um ambiente multicultural. Importante também são os idiomas. Os cursos são ministrados em francês ou inglês, mas é desejável que o profissional da área de hotelaria aprenda sempre outros idiomas, já que as oportunidades de trabalho e os clientes estão distribuídos em todas as partes do planeta.

A estudante portuguesa, de 22 anos, Mónica Gomes faz um bacharelado em gestão hoteleira na École Hôtelière Lausanne e conta que teve que trabalhar muito para atender às exigências da escola e acostumar-se à cultura suíça. “Aqui é tudo como deve ser”, diz. “Além disso, o clima é frio, os horários são rígidos e há regras para tudo.”, completa. Depois de três anos em Lausanne e um período na Malásia para um estágio ela acredita ter se adaptado aos novos ambientes.

Ela divide a residência com outras estudantes suíças e já passou por experiências práticas que fazem parte do curso de hotelaria como lavar louça e servir no restaurante. “O curso também inclui o ensino de contabilidade, estatística, finanças e administração”, completa.

Ao optar por um curso de hotelaria os estudantes devem estar preparados para encarar horas em pé na cozinha preparando refeições, servindo, ou ainda períodos na lavanderia da escola, organização de quartos para entender como funciona a parte operacional do setor, antes de passar a estudar temas teóricos, ligados à administração. “Um profissional só pode ser um bom gerente se conhece bem a cadeia de processos que envolvem o trabalho na área de hotelaria”, explica Fabienne Rollandin.

Inscrições

Depois de examinar a oferta de cursos de cada escola, normalmente é possível obter os formulários de inscrição via internet. Para os cursos ministrados em inglês a média exigida pelas escolas fica entre 500 e 550 no exame Toefl, dependendo do nível do curso, e 6,0 no Ielts.

O domínio de outros idiomas é desejável, sobretudo os oficiais da suíça (francês, alemão ou italiano). As escolas recebem os documentos exigidos e avaliam a motivação do aluno. Os requisitos básicos são verificados por meio do histórico escolar e provas de idiomas. Assim que o candidato é aceito na instituição é necessário iniciar os trâmites de visto, nas representações consulares do país onde reside o aluno, segundo orientação da escola.

Preço

O preço dos cursos na área de hotelaria na Suíça varia de acordo com a instituição e com a duração do curso. Porém, estima-se que para um programa do nível de bacharelado, o aluno deve desembolsar cerca de 30 mil francos (US$ 29 mil) por semestre, segundo Fabienne Rollandin, da Glion. Esse valor inclui as taxas escolares, acomodação, alimentação, livros, uniforme, e seguros necessários. “Os períodos de estágio costumam ser remunerados”, afirma. Para um programa de pós-graduação, o custo é um pouco mais alto. “O curso, de um ano, custou cerca de 50 mil francos suíços (US$ 48 mil)”, estima Luiz Toffanin, pós-graduado pela Glion.

Na École Hôtelière Lausanne, o “master” em gestão hoteleira custa 45,5 mil francos suíços (US$ 44 mil) e tem duração de cerca de um ano. Este valor inclui apenas as taxas escolares. Um diploma em gestão de hotéis e restaurantes sai por 21.075 mil (US$ 20 mil) por ano, na mesma escola, e tem duração de dois anos. As taxas para um ano de curso de bacharelado são de 23,4 mil (US$ 22,6 mil) por ano para alunos estrangeiros e apenas mil (US$ 968), para alunos de nacionalidade suíça.

Bolsas

A política de concessão de bolsas para estudos de hotelaria depende do regulamento de cada escola. A École Hôtelière Lausanne dá bolsas para os alunos estrangeiros, que se destaquem no processo de seleção para cursos de graduação ou pós-graduação (com início em setembro de 2008), desde que comprovem que não têm condição financeira de arcar com o pagamento do curso. O valor da bolsa pode variar, cobrindo apenas o custo das taxas escolares ou os custos totais. Os interessados devem enviar o processo de inscrição completo no prazo indicado pela escola e devem mencionar no dossiê que pretendem pleitear uma bolsa. Mais informações no siteLink externo da EHL.

Outras escolas como a Glion e Les Roches podem conceder bolsas por mérito. Porém é necessário que o estudante já esteja cursando algum dos programas. Outra possibilidade são as bolsas oferecidas pelo país de origem de cada candidato.

swissinfo, Heloísa Broggiato

A Suíça é famosa por reunir as melhores escolas de hotelaria do mundo. Os resultados de um ranking realizados no ano passado pelo Taylor Nelson Sofres PLC (TNS), mostram que entre as dez melhores escolas de hotelaria do mundo, cinco estão na Suíça.

São elas: École Hôtelière Lausanne, em primeiro lugar, Glion Institute of Higher Education, em Segundo, Les Roches International School of Hotel Management, em terceiro, Swiss Hotel Management School, em sétimo, e Institut Hôtelière César Ritz, em nono lugar.

O TNS é um grupo da área de pesquisa de mercado que opera em 70 países. A pesquisa contou com 275 entrevistados, distribuídos em 52 países, entre os quais estavam as principais empresas da área hoteleira no mundo.

Segundo a Association Suisse des Écoles Hotelières é recomendável, entre outras coisas.

– Verificar o perfil dos professores para avaliar o nível acadêmico da escola.

– Observar se a escola fornece informações sobre onde estão empregados ex-alunos e que posições ocupam.

– Observar as exigências da escola para com os candidatos aos cursos. Quanto menos exigências, mais baixo o nível acadêmico, provavelmente.

– O período dedicado aos estágios não deve ultrapassar a metade da duração dos cursos.

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