Espanha se oferece para naturalizar outros 94 nicaraguenses despojados de sua nacionalidade

O governo da Espanha se ofereceu, nesta sexta-feira (17), para naturalizar 94 nicaraguenses declarados “traidores da pátria”, uma semana depois de fazer a mesma proposta a 222 presos políticos que foram expulsos para os Estados Unidos e tiveram a cidadania retirada pelo regime sandinista.
“O governo da Espanha estendeu aos últimos 94 cidadãos nicaraguenses que tiveram sua nacionalidade retirada, a oferta de nacionalidade espanhola”, informou o Ministério das Relações Exteriores da Espanha em comunicado.
O documento indica que o ministro das Relações Exteriores, José Manuel Albares, comunicou esta decisão ao escritor e ex-vice-presidente da Nicarágua, Sergio Ramírez, uma figura importante da oposição ao presidente Daniel Ortega.
Ramírez, que figura na lista dos 94 “traidores da pátria”, vive refugiado em Madri desde 2021 e tem dupla nacionalidade, espanhola e nicaraguense.
Também aparecem na lista a escritora Gioconda Belli, o bispo católico Silvio Báez, os ex-comandantes guerrilheiros Luis Carrión e Mónica Baltodano, e a ativista de direitos humanos Vilma Núñez.
Além disso, o ministério espanhol indicou que está determinado a conceder a nacionalidade espanhola “a qualquer cidadão da Nicarágua que, no futuro, possa ficar em situação de apátrida pelas decisões do governo de Daniel Ortega”.
Em um comunicado emitido nesta sexta-feira, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) criticou as medidas da Nicarágua para retirar a nacionalidade de dissidentes.
“As reformas legislativas mais recentes que permitem privar arbitrariamente uma pessoa da cidadania violam as obrigações que este país tem no âmbito do direito internacional e regional dos direitos humanos”, afirmou o Acnur.