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Esquerda na AL não incomoda Nestlé

Peter Brabeck participa dos debates, em Davos. Keystone

A chegada ao poder da esquerda em vários países da América Latina convém aos negócios da líder mundial do setor alimentar. A constatação é do patrão da Nestlé, presente no WEF, em Davos.

Peter Brabeck-Letmathe declarou a swissinfo que o grupo está atualmente em um périodo fasto na região. Ele confirmou à imprensa brasileira que a Nestlé fará novos investimentos no Brasil.

O movimento começou na Venezuela com Hugo Chavez e a esquerda continua ganhando eleições na América do Sul. Os últimos eleitos foram Evo Morales na Bolívia e Michelle Bachelet no Chile, à qual o patrão da Nestlé assistiu.

Mas essas mudanças só vem afetando os negócios da gigante suíça para melhor. Ao jornal econômico Valor, Brabeck confirmou que a Nestlé vai construir mais duas fábricas no Nordeste (em Fortaleza e Feira de Santana) e estuda uma terceira unidade (em Recife). Entrevista:

swissinfo: Como o sr. vê a evolução política na América do Sul?

Peter Brabeck-Letmathe: É bastante interessante, um movimento que, desta vez, começou pelo Norte.

Até há pouco, o desenvolvimento político da América Latina sempre vinha pelo Sul. Desta vez, começou pela Venezuela, onde a mudança teve um impacto importante.

Observamos uma tendência política geral em eleger governos de esquerda, embora não somente de esquerda. São sobretudo governos mais populistas, o que terá certamente um impacto sobre o desenvolvimento desses países.

swissinfo: Para a Nestlé, o que significa essa evolução?

P.B.: Vivemos atualmente um momento de forte crescimento na região. A experiência nos mostrou que quando governos começam a propiciar maior poder aquisitivo para a maioria da população, isso se transforma imediatamente em aumento da demanda.

É o que registramos agora, um crescimemnto muito forte de nossos negócios em vários países do subcontinente.

swissinfo: A América Latina é importante para a Nestlé?

P.B.: Ela representa aproximadamente 7 a 8% de nosso faturamento global.

swissinfo: Para a Nestlé, a esquerda não provoca um certo temor?

P.B.: A Nestlé é ativa na América Latina há 140 anos. Temos fábricas próprias nesses países há mais de 80 anos. Estamos e sempre estivemos a serviço da população.

Tivemos governos marxistas e estamos presente inclusive em Cuba. A linha política no poder jamais levou a Nestlé a mudar sua orientação para o continente que tem um potencial de desenvolvimento muito importante.

swissinfo: A empresa estudos cenários ou instalou grupos de trabalho para acompanhar a evolução política da América do Sul?

P.B.: Estou voltando de uma viagem à América Latina porque queria acompanhar de perto a eleição presidencial no Chile. Foi um acontecimento bastante importante.

Em paralelo, reunimos no Chile os chefes de mercados para a Argentina, Peru, Bolívia, Paraguai e Uruguai.

Estamos constantemente nesse subcontinente. Pessoalmente ou através de nosso responsável para a América Latina. Acompanhamos de perto toda essa evolução.

Entrevista swissinfo, Pierre-François Besson, em Davos

Nestlé é líder mundial do setor alimentar e de bebidas.
Fundada em 1866, o grupo suíço é sediado na cidade de Vevey.
Faturamento em 2004: 87 bilhões de francos suíços, 7 a 8% na América do Sul.
Lucro líquido em 2004: 6,7 bilhões de francos suíços.
Nestlé tem 247 mil funcionários em todo o mundo.

– Acumulando a presidência a direção geral da Nestlé, Peter Brabeck-Letmathe é co-presidente da 36a edição do Fórum Econômico Mundial (WEF).

– Para ele, a questão da água é uma das mais importantes a serem discutidas. Frente a uma possível escassez de energia, ele acha que o nuclear também é um tema crucial.

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