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Estádio é inaugurado em feriado nacional

Os administradores do Stade de Suisse não confiam apenas no futebol para rentabilizá-lo. Keystone

O "Stade de Suisse" é inaugurado no dia nacional suíço. Ele substitui o mítico "Wankdorf", onde em 1954 a Alemanha ganhou uma copa mundial.

Substituindo a antiga estrutura, o novo espaço serve não apenas para o futebol mas também como shopping center, centro de conferências e gastronomia e também de espetáculos artísticos.

Em três de agosto de 2001, um capítulo da história do futebol se encerrava em Berna: a demolição do estádio de Wankdorf. No seu gramado, a seleção de futebol da Alemanha havia conquistado em 1954 o seu primeiro título mundial, depois de ganhar por 3 a 2 da Hungria, a equipe favorita na época.

Nova época

No lugar das colunas de cimento escurecidas pelo tempo, surge agora depois de apenas quatro anos de construção, o “Stade de Suisse”, o mais moderno estádio de futebol do país dos Alpes. O novo nome significa a ruptura com o passado e o início de uma nova era.

Para os tradicionalistas, os planos dessa construção contradizem a “alma” do futebol. Afinal, o novo estádio não nasce apenas para celebrar o futebol, mas sim como parte de uma grande estratégia comercial.

Obviamente o clube local, o Young Boys de Berna, espera que o novo estádio sirva como fonte de inspiração para acabar com a liderança invicta do FC Basel, que nos últimos anos conquistou todos os troféus do campeonato de futebol suíço. O problema é que os 25 jogos por temporada não são capazes de trazer renda suficiente para financiar os custos do complexo. Por isso, o estádio foi planejado para servir de templo de consumo e compras, além de receber shows de rock e outros eventos.

Patrocinadores

Os financiadores – a rede de supermercados Coop, e as empresas de seguros Winterthur e Schweizerische Unfall-Versicherungsanstalt (SUVA) – cada um responsável por um terço dos investimentos, esperam que o projeto multifuncional do novo estádio funcione como um “milagre de Berna”, fazendo alusão à expressão criada depois que a Alemanha se transforma na surpresa da copa de 1954.

– Somente o futebol não é capaz de dar uma base financeira sólida para o complexo esportivo. Agora precisamos realizar pelo menos mil eventos para sair do vermelho – explica Peter Jauch, administrador-chefe do Stade de Suisse.

A direção espera uma freqüência de pelos menos 15 mil pessoas por evento, que poderão também fazer compras nas 35 lojas, com uma área total de venda de 32 mil metros quadrados.

Grandes eventos

Nos dias sem jogo de futebol, o Stade de Suisse pode ser alugado para empresas. Suas instalações servem também para a realização de congressos, conferências e mesmo festas privadas.

Porém o dinheiro deve vir realmente dos grandes eventos. Nesse sentido, os organizadores pensam em concertos de rock, óperas, musicais, festas folclóricas e também eventos esportivos estranhos ao futebol como campeonatos de motocross.

– Esperamos que no ano que vem os Rolling Stones venham tocar aqui – sonha Ralph Ammann, chefe de marketing e eventos.

Custos elevados

A pressão sobre os administradores do Stade de Suisse e para o clube da casa, o Young Boys, é grande. Os custos de funcionamento são calculados entre 800 mil e um milhão de francos suíços por mês.

A metade da renda tem que vir do futebol, analisa Jauch. Em cada jogo, o Young Boys tem de repassar 250 mil aos administradores. A rentabilidade só é alcançada através da presença de 16 mil espectadores por partida. Analistas mais céticos acreditam que a presença mínima é de 20 mil torcedores.

A competição entre os estádios suíços só fez aumentar, depois da construção do Stade de Suisse. Outras cidades e investidores no país já fazem planos de incrementar o uso dos seus templos do esporte. Os projetos já realizados ou ainda na prancheta mostram o aumento da concorrência entre os clubes de futebol.

No futuro, quem não puder provar que seu estádio corresponde às normas da Federação Européia de Futebol (UEFA), pode esquecer sua presença na primeira divisão. Nesse nível, as agremiações terão que ter um orçamento mínimo de seis milhões de francos anuais, até 2009.

Exemplo da Basiléia

A Basiléia, uma das cidades mais cosmopolitas da Suíça, o estádio multifuncional de futebol mostrou que pode dar certo. “Nossa situação está tão boa, que poderíamos funcionar mesmo sem o FC Basel”, afirma Christian Kern, chefe da Basel-United, a empresa administradora do estádio St. Jakobs-Park.

Cerca de 55% do seu faturamento de 12 milhões de francos anuais vem de 1.200 eventos não relacionados com o futebol. Eles são concertos, musicais, conferências, congressos e também visitas organizadas no estádio. Por essa razão, os organizadores do Stade de Suisse em Berna se orientam nos colegas da Basiléia.

Falência

Porém, o que acontece se um time perde quase sempre ou se um clube pede falência, como ocorreu recentemente com o Servette de Genebra?

Desde então, o estádio “Stade de Genève” está vazio e abandonado. Agora ele deve ser vendido. Um comprador interessado já apresentou até uma oferta: 50 milhões de francos, um valor irrisório comparado com os custos de construção e manutenção.

swissinfo, Renat Künzi
traduzido por Alexander Thoele

Abertura oficial do Stade de Suisse é realizada entre 30 de julho e 1o. de agosto através de festas populares.
Seus construtores o anunciam como o estádio mais moderno da Suíça.
Espaço: 32 mil assentos.
Em concertos, o estádio oferece espaço para 40 mil espectadores.
A primeira partida internacional irá ocorrer em 8 de outubro: a eliminatória para a copa do mundo entre a Suíça e a França.
O Stade de Suisse faz parte do conjunto de cinco estádios helvéticos, onde irão ocorrer os jogos da Eurocopa em 2008 (a Áustria é o outro país organizador).

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