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Europa do leste é um mercado a ser explorado

As economias de países do leste europeu (na foto, Praga) crescem a uma taxa média de 5%. avenueimages

A expansão da União Européia para o leste do "velho continente" abriu para a Suíça uma nova fronteira econômica. Até então, as empresas helvéticas não podiam aproveitar de um mercado em rápida expansão, que soma agora 490 milhões de consumidores.

“Nosso balanço é, sem dúvida, muito positivo. Estamos operando sobre um mercado extremamente dinâmico, jamais visto na Suíça nas últimas décadas”, declara Bruno Kaspar, presidente da Câmara de Comércio Suíça na Lituânia e Letônia.

O empresário que, desde os anos 90, administra três fábricas na Romênia e nos países bálticos, contou suas experiências acumuladas na Europa do leste durante um seminário organizado esta semana pela Secretaria de Estado da Economia (seco, na sigla em francês) e o Fórum Leste-Oeste, organização que encoraja a promoção da cooperação e de parcerias na Europa.

Para Bruno Kaspar, as empresas suíças ainda não aproveitam suficientemente das possibilidades abertas pelos mercados dos países da Europa do leste que aderiam recentemente à União Européia (UE). São economias que devem continuar apresentando nos próximos anos crescimento rápido, levando-se em conta o atraso em que elas ainda se encontram em relação à média da Europa ocidental.

Imagens positivas

Desde 2004, o intercâmbio comercial entre os novos membros leste-europeus e os mais antigos da UE aumentou a um ritmo de 20 a 30% por ano. Por outro lado, as relações econômicas com a Suíça se desenvolvem a um ritmo mais lento (13% ao ano). Atualmente, apenas 3% do comércio exterior helvético provêm do intercâmbio com os novos membros da UE.

Segundo Bruno Kaspar, essa evolução não tem nada a ver com o fato da Suíça não ser membro da União Européia. “Desde os tempos do comunismo a Suíça gozava de uma boa imagem nos países do leste. Hoje em dia, ela também é considerada um país que faz sucesso sozinha e que é capaz de encontrar soluções para os seus próprios problemas”.

Essa opinião é compartilhada por Bernhard Kobel, diretor de marketing da editora Stämpfli, instalada há alguns anos na Polônia. “Nos mercados da Europa do leste as empresas suíças são consideradas como parceiros confiáveis, que trabalham bem e oferecem uma grande segurança no pagamento”.

Empecilhos burocráticos

“Dar início a uma atividade na Europa do leste requer freqüentemente um esforço particular”, admite Bernhard Kobel. Em sua opinião, é indispensável conhecer a história do país onde a empresa está interessada em operar, saber se adaptar às diferenças de mentalidade e aceitar alguns inconvenientes.

“Geralmente somos confrontados na Polônia a importantes empecilhos burocráticos e à falta de transparência, sobretudo no que diz respeito ao sistema fiscal e de previdência social. Porém não vivemos problemas de corrupção, como se fala tanto aqui na Suíça”, ressalta Kobel. “Além disso, estou convencido que o nível salarial deve rapidamente se equiparar ao da Europa ocidental. Se uma empresa ainda quer se basear nas diferenças de salário para se desenvolver na Europa do leste, ela o estará fazendo com uma visão de curto prazo”.

Para Bruno Kaspar, o mercado dos novos países membros da UE oferecem outra vantagem: eles se tornarão cada vez mais importantes, nos próximos anos, como centros de logística que permitirão alcançar os mercados da Europa oriental como a Ucrânia, Bielorússia, que ainda não fazem parte da União Européia.

Investimento para o futuro

Novas perspectivas se abrem às empresas suíças que desejam investir na Europa Oriental através da contribuição financeira dada pelo governo helvético à expansão da UE, mais particularmente, o bilhão de francos para os dez países que aderiram em 2004 e, provavelmente, os 257 milhões de francos para a Romênia e a Bulgária. Essas somas devem permitir às empresas suíças conquistar pedidos para a realização de projetos de desenvolvimento na Europa oriental.

“Essa contribuição representa, de uma parte, um gesto de solidariedade da Suíça aos esforços da UE para reduzir as disparidades econômicas e sociais na Europa. De outra parte, ela constitui uma espécie de investimento que permite promover a imagem da Suíça na Europa oriental, ao facilitar o acesso aos mercados locais por parte das empresas helvéticas”, avalia Hugo Bruggmann, encarregado da pasta da expansão européia na Secretaria de Estado para Economia.

As negociações entre a Suíça e os países beneficiários para definir como será utilizado o dinheiro transferido, uma contribuição que chegou a ser aprovada nas urnas pelo contribuinte helvético, ocorrem como previsto. Nos próximos meses, os primeiros projetos de cooperação serão selecionados. O objetivo é desenvolver as infra-estruturas e o apoio nas regiões periféricas da Europa do leste. Até o final do ano, os editais para a realização das diversas obras serão publicados, das quais as empresas suíças seguramente devem participar.

swissinfo, Armando Mombelli

A União Européia (UE) consistia originalmente de seis Estados-membros. Desde então cresceu para 27 Estados-membros, dois membros a mais a partir de 2007 – Bulgária e a Romênia.

Para juntar-se à União, um Estado deve preencher condições políticas e econômicas geralmente conhecidas como critérios de Copenhagen. Um Estado só se torna membro de pleno direito na União Européia 10 anos depois da sua entrada. Os 10 novos países não têm os mesmos direitos que os outros 15, a integração é progressiva.

Graças aos acordos bilaterais concluídos com a UE, a Suíça pode igualmente aproveitar desse mercado em plena expansão: entre 2001 e 2007, os 12 novos países membros registraram um aumento do PIB da ordem de 5,5% por ano, em média.

A ampliação da UE deve contribuir entre 0.2 a 0,5% para o crescimento anual da economia helvética. Os novos membros da UE já absorvem 3% das exportações suíças.

Em 2005, a balança comercial da Suíça com esses países registrou um excedente de dois bilhões de francos.

Graças aos Fundos Estruturais e Fundos de Coesão, a União Européia transfere anualmente 33 bilhões de francos a partir de 2007 para reduzir as disparidades sociais e apoiar o desenvolvimento econômico dos novos membros na Europa do leste.

A pedido da UE, o governo suíço aceitou em 2004 de dar uma contribuição de um bilhão de francos a esses fundos.

Em 26 de novembro de 2006, o eleitor suíço aprovou a nova Lei federal sobre a cooperação com a Europa do leste, que constitui dessa forma uma base legal para a atribuição da contribuição financeira aos novos países membros da UE.

Por sugestão do governo federal, o Parlamento suíço deve se pronunciar sobre uma nova contribuição de 257 milhões de francos a favor da Romênia e da Bulgária.

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