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Expatriados suíços não se queixam de reforma consular

A reunião dos delegados dos clubes suíços em Salzburgo ocorreu em um contexto familiar. swissinfo.ch

O projeto de reforma da rede consular da Suíça parece não incomodar a “quinta Suíça”, a comunidade de expatriados.

Representantes de clubes suíços reunidos em Salzburgo, na Áustria, não se queixaram das reformas de economia propostas pelo governo para o serviço consular suíço.

Com o argumento de melhorar a eficiência, realizando economias, o ministério das Relações Exteriores da Suíça propôs concentrar em 26 consulados, dispersos em 8 centros, toda a assistência dada aos cidadãos suíços no estrangeiro.

Um dos primeiros a fazer parte desse projeto foi o Consulado da Suíça em Viena, que desde julho do ano passado assumiu as atividades ligadas à Bratislava, na vizinha Eslováquia.

Em um primeiro balanço apresentado na reunião de Salzburgo, o Cônsul Kurt Meier considerou, no entanto, a retirada de todo o pessoal de Bratislava como um erro a ser evitado.

“Nos outros países afetados pelos cortes, pelo menos um representante consular permanece no posto até o final de 2012”, declarou Meier à 20 delegados dos clubes suíços da Áustria, Eslovênia e Liechtenstein.

Mesmo assim, as atividades consulares cotidianas puderam ser assumidas sem dificuldades, garantiu o cônsul, que é responsável em Viena pela implementação da incorporação da nova central consular.

“Os cidadãos suíços na Eslováquia já se acostumaram a se deslocar até Viena sem maiores problemas. É verdade que, para eles, a distância até a capital austríaca é a mesma de quem se encontra em Vorarlberg ou Tirol (estados da Áustria).”

“Não será necessário um período de transição”

Os consulados da Croácia, Eslovênia, República Checa e Hungria também serão centralizados em Viena a partir do início de outubro. Dos 14.800 cidadãos suíços que vivem no exterior, cerca de 5.000 moram nesses países.

Não será necessário um período de transição para eles, diz Meier. “Os dados são transmitidos por via eletrônica e nós conservamos os arquivos individuais em papel, mas podemos, teoricamente, funcionar só na base de dados eletrônicos. Por isso não há urgência e o trabalho é realizado em um a dois dias”.

Para os cidadãos suíços que vivem nos países em questão, o número do telefone permanecerá o mesmo. “Na secretária eletrônica dá para perceber que as mensagens não estão mais nas línguas locais, mas só em alemão”.

Consulados móveis

Em breve também haverá consulados móveis para os países afetados, garantiu o Embaixador Gerhard Brügger, chefe da recém-criada Direção Consular do ministério das Relações Exteriores da Suíça, em uma entrevista ao jornal Neue Zürcher Zeitung.

Meier descreve o fato como uma visão do futuro. O cônsul já havia observado em Viena como outros países operam com unidades móveis: “Eles usam apenas uma pasta com um notebook, uma caixinha para a coleta de impressão digital e assinatura eletrônica e uma câmera digital simples para tirar fotos”. Os funcionários desses países costumam ficar uma semana no local.

Nenhuma queixa na Áustria

Em sua última reunião no início de abril em Brunnen (centro), o Conselho dos Suíços do Estrangeiro havia exigido que fosse mantido os serviços consulares de cada país. Os delegados dos clubes suíços da Áustria, no entanto, não apresentaram ao cônsul nenhuma queixa nesse sentido.

Será um pouco mais difícil para os países afetados, considerou Theres Prutsch-Imhof, membro da Associação Suíça de Estiria e delegada do Conselho dos Suíços do Estrangeiro, acrescentando que as associações de suíços do estrangeiro presentes talvez pudessem participar a título consultivo.

Ela também acha que a questão da fusão dos consulados é um problema de cada país: “se as pessoas não são prejudicadas em seu próprio país, então não há problema”.

OSE se defende

Remo Gysin, ex-deputado federal e vice-presidente da Organização dos Suíços do Estrangeiro (OSE), disse que a OSE se defende há anos, “com muita intensidade”, contra essas medidas. “Estamos trabalhando de todas as maneiras e de forma intensa”.

Gysin explica a baixa oposição na Áustria, dizendo que “não dá para discutir o mesmo assunto cinquenta vezes”. No Conselho dos Suíços do Estrangeiros em Brunnen já foi possível observar “uma profunda raiva e preocupação”. “É o momento mais difícil para todos os cidadãos suíços que vivem no estrangeiro.”

Cabe agora aos suíços dos países em questão se manifestarem. “Eles devem descrever os problemas e unir as forças, por exemplo, nos clubes suíços”. O tema também será discutido em detalhes no final de agosto, durante o congresso dos suíços do estrangeiro em Lugano (sul). “Este é um eterno assunto, especialmente em um ano eleitoral, e assim continuará sendo nos próximos anos”.

No entanto, segundo o Cônsul Meier, ser contra a centralização dos consulados também pode ser contraproducente. “Isso só retardará o processo, tornando-o mais difícil. Vários outros países europeus que têm muito mais funcionários que nós chegaram a mesma conclusão, até de forma mais rigorosa, fechando inteiramente as embaixadas”.

1° de abril: Kosovo e Albânia, em Pristina; África do Sul, Malawi, Zâmbia e Zimbabwe, em Pretória.

Meados de abril: Bulgária e Romênia, em Bucareste.

Início de maio: República Dominicana e Haiti, em São Domingo.

16 Maio: Bélgica, Luxemburgo e Holanda, em Haia.

30 Maio: Suécia, Dinamarca, Finlândia e Noruega, em Estocolmo; Letônia, Estônia e Lituânia, em Riga.

4 Outubro: Áustria, Croácia, Eslováquia, Eslovênia, Hungria e República Checa, em Viena.

O ministério das Relações Exteriores e a OSE recomendam aos suíços dos países afetados pelas medidas de economia que renovem seus documentos de identidade quando estiverem visitando a Suíça.

Adaptação: Fernando Hirschy

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