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Exportações despencam, venda de armas bate recorde

Aviões militares do tipo Pilatus PC-7: produto de exportação suíço. Keystone

A crise financeira definitivamente atingiu a economia real suíça. As exportações do país despencaram 13% em dezembro.

Só a indústria bélica parece não sentir a recessão. As vendas de armamentos suíços ao exterior bateram um novo recorde em 2008. O Paquistão é o principal cliente.

O setor exportador da Suíça enfrenta um clima adverso desde dezembro passado. As exportações tiveram uma queda nominal de 10,8% e real de 13% em comparação com o mesmo mês no ano anterior.

A Administração Federal de Alfândegas (AFA) caracterizou dezembro como um “mês horrível” para o comércio exterior. O péssimo resultado piora o balanço anual, embora as exportações em 2008 ainda tenham aumentado nominalmente 4,6% para 206,6 bilhões de francos graças ao bom desempenho dos três primeiros trimestres.

No entanto, este é o menor crescimento desde 2003. Especialmente o volume de produtos têxteis, metalúrgicos e sintéticos exportados diminuiu.

Saldo recorde na balança comercial

Nos três primeiros trimestres, as vendas de mercadorias e máquinas ao exterior aumentaram respectivamente 6,2% e 8,7%. No último trimestre, a situação se inverteu e os resultados foram os piores desde 2001. A metade dos setores teve um saldo negativo.

As importações aumentaram relativamente 1,8% para 186,8 bilhões de francos (aumento real de 1,6%). Tirando o efeito resultante dos dias trabalhados, os resultados também foram os piores desde 2001. Principalmente os setores de matérias-primas e produtos semiprocessados foram atingidos pela queda de demanda.

Uma boa notícia foi dada pelo setor relojoeiro: 2008 foi registrado um recorde de exportações no valor de 17 bilhões de francos (aumento de 7% em relação ao ano anterior). Mas a recessão também começa a ser sentida. Desde setembro, as vendas ao exterior estão diminuindo.

O saldo da balança comercial (19,8 bilhões de francos) bateu o recorde do ano anterior por 5,9 bilhões (+ 42%). Só o setor químico conseguiu aumentar seu saldo em 6,1 bilhões de francos, somando 33,7 bilhões no ano passado.

Recorde de vendas de armas

No entanto, são os “negócios com a guerra” que parecem ser os mais imunes à crise. As exportações suíças de material bélico aumentaram 55,4% no ano passado, atingindo a marca de 722 milhões de francos, segundo informou a AFA. O recorde anterior era de 1987 e foi de 578,3 milhões.

A venda de armas parece insignificante. Em 2008, representou apenas 0,35% do total das exportações helvéticas – o maior índice desde 1991. Nos anos de 1980, o material bélico tinha muito mais peso na balança comercial: em 1987, representou 0,86% das exportações. Em 1995, havia caído para 141,2 milhões de francos (0,15% das exportações).

No ano passado, o Paquistão comprou armas suíças no valor de 109,9 milhões de francos, ou seja, quase três vezes mais do que em 2007. Tratou-se do polêmico fornecimento do sistema de defesa antiaérea, autorizado pelo governo em dezembro de 2006 e que, depois da declaração do estado de exceção no Paquistão, foi suspenso de novembro de 2007 a abril de 2008.
Atrás do Paquistão apareceram a Dinamarca e a Alemanha na lista dos compradores de material bélico suíço, como respectivamente 83,7 e 80,9 milhões de francos.

Arábia Saudita, um país na mira dos pacifistas, aparece em sétimo lugar, com compras no valor de 32,1 milhões de francos. Esses números começam a refletir um outro grande fornecimento de 20 sistemas de defesa antiaérea, no valor de 375 milhões de francos, autorizados pelo governo no final de 2006.

Munição para pacifistas

Os dados sobre as exportações de material bélico oscilam muito de acordo com a entrega de grandes encomendas. Assim, por exemplo, a vendas para a Irlanda caíram mais de 50% para menos de 6 milhões de francos no ano passado. As exportações para Israel aumentaram de 200 mil para 1,7 milhão de francos.

As estatísticas consideram apenas os países que são o primeiro destino das armas suíças. Os novos dados também servem de munição para os adversários da exportação de armas. Na Suíça está pendente uma iniciativa popular para impedir esse tipo de exportação.

O Conselho Federal (Executivo) recomenda a rejeição dessa iniciativa. Ele argumenta que, entre outras coisas, 5.100 empregos seriam eliminados se a proibição for aprovada. O assunto ainda será debatido no Parlamento.

swissinfo com agências

Balança comercial suíça em 2008

Exportações: 206 bilhões de francos
Importações: 186,8 bilhões
Saldo: +19,8 bilhões

Exportações de material bélico

722 milhões de francos em 2008 (aumento de 55,4% em relação a 2007)

Principais países compradores:
Paquistão, Dinamarca e Alemanha

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