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Falta de dinheiro e de pessoal ameaça pesquisa

Inovações recentes das escolas politécnicas têm incluído trigo geneticamente modificado para conter problemas de fungo. Keystone

A Suíça pode perder sua posição privilegiada na área de pesquisa e inovação se não resolver alguns problemas crescentes, alerta órgão consultivo do governo.

Educação, pesquisa e inovação são os “recursos mais importantes” da Suíça, mas esses setores precisam de uma injeção de dinheiro, um influxo de pessoal e maior coordenação, avaliou o Conselho Suíço de Ciência e Tecnologia (SSCT, na sigla em inglês).

A Suíça está em uma “posição geral muito forte”, diz o relatório do conselho para o que deve ser as metas do governo no próximo período de 2013 a 2016.

Para permanecer competitiva internacionalmente no futuro, “a Suíça terá que continuar reforçando seus sistemas de educação, ciência e tecnologia para se estabelecer permanentemente como centro de liderança em ciência e tecnologia”.

“Esses desafios não podem ser vencidos sem um compromisso político claro a nível federal e estadual, junto com o financiamento adequado”, prevê o estudo.

Comparado com outros países, a Suíça está acima da média em educação, ciência e tecnologia, mas seus 6% de aumento por ano nos investimentos estão abaixo da média. Nos últimos 20 anos, os orçamentos de países como Dinamarca e Espanha mais do que quadruplicaram enquanto que o da Suíça nem dobrou.

Falta de coordenação

Um problema sério é a falta de jovens cientistas, com muitos postos tendo que ser preenchidos por talentos estrangeiros.

Os vários institutos de pesquisa espalhados pela Suíça também sofrem da falta de coordenação, argumenta o Conselho.

Além do aumento do investimento no setor, as escolas deveriam estimular nas crianças o interesse pela ciência na esperança de atrair mais pessoas para a profissão. Também é preciso uma estratégia nacional “coerente”.

A Suíça só fica atrás dos Estados Unidos quando se trata do número de publicações científicas, segundo os números de 2009. A maioria das pesquisas (68%) é financiada pela iniciativa privada.

Entre as melhores universidades e centros de pesquisa do país existem várias instituições de menor porte. Uma melhor cooperação entre todos poderia ajudar os jovens cientistas suíços a progredir em suas fileiras, permitindo uma colaboração maior com o setor privado, sugere o Conselho.

Espaço para melhorias

Para o responsável das seis instituições federais de ciência e tecnologia, Fritz Schiesser, o relatório do Conselho levanta alguns pontos importantes.

“Apesar de já existir uma colaboração densa entre as instituições de ensino superior, essa questão pode sempre ser melhorada”, declarou à swissinfo.ch.

A falta de jovens cientistas também é um “enorme problema”, reconheceu.

“É por isso que temos muitas pessoas vindas do exterior. Acho importante fomentar jovens cientistas, porque eles representam o futuro. Nós realmente temos que explorar nossas capacidades na Suíça, e tentar fazer ainda mais para alcançar este objetivo.”

Tudo isso sem, no entanto, comprometer a qualidade. “O nível de qualidade é fundamental para a economia suíça, a tecnologia suíça e ciência da Suíça”, salientou.

Por outro lado, disse que não há preocupações de curto prazo quanto ao financiamento da rede de institutos tecnológicos.

“Eu acho que se podemos continuar como antes, se realmente conseguirmos a verba que está prevista para o próximo período 2013-2016, estou muito confiante que podemos nos sair muito bem na disputa econômica e científica internacional”, garante.

“Grande prioridade ”

A Secretaria de Estado de Educação e Ciência diz que tem investido muito em educação, ciência e tecnologia nos últimos anos, e que isso é uma “grande prioridade para o governo e o Parlamento”.

Segundo Martin Fischer, porta-voz da secretaria de educação, a Suíça não pode aumentar suas despesas anuais tanto quanto os outros países, mas isso é porque ela já investe consideravelmente (ouça o podcast ao lado).

Fischer admite que é necessário mais coordenação, acrescentando que um roteiro foi desenvolvido pelo governo para explorar o potencial das instituições de pesquisa. Que, juntamente com uma nova lei sobre o financiamento das instituições de ensino superior, são instrumentos potenciais para coordenar a pesquisa.

“As coisas estão indo bem”, acrescentou.

2005-2009 número de publicações científicas

EUA: 118 (mais alto)

Suíça: 116

Países Baixos: 113

Itália: 95

Detentores de diploma universitário em 2007 (da população)

Turquia: cerca de 15%

Suíça: cerca de 30%

Islândia: cerca de 60%

Investimento em ciência e tecnologia na Suíça

68,2% empresas privadas

22,8% governo

6% outros fundos da Suíça

3% fundos do exterior

O Conselho Suíço de Ciência e Tecnologia (SSTC) é o órgão consultivo do governo em todos os assuntos relativos a ensino superior, pesquisa e política de inovação.

Seu último relatório apresenta recomendações sobre como proteger a longo prazo a posição da Suíça como polo científico e tecnológico.

O conselho propõe que as medidas políticas sigam três orientações, tendo em conta as tendências internacionais e as características particulares da Suíça.

As autoridades federais e estaduais precisam visualizar o campo em sua totalidade a fim de promover o seu desenvolvimento com sucesso. “Somente através de uma cooperação mais estreita é que conseguiremos preservar a posição e o nível atual da pesquisa, da educação e do sistema de inovação.”

Como a Suíça é o lar de uma ampla variedade de instituições científicas, “em muitos casos, as instituições menores e regionais devem colaborar com uma rede de instituições maiores para garantir a qualidade de sua produção.”

A Suíça precisa de uma “abordagem prospectiva e abrangente para a promoção de jovens pesquisadores”. O sistema só pode ser sustentado se uma nova geração de pesquisadores tomar a frente. “Promover a nova geração… exige uma abordagem integrada e deve começar já na infância.”

Adaptação: Fernando Hirschy

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