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Febre verde-amarela em Weggis

O verde e amarelo tomaram conta da loja de Georgine. swissinfo.ch

O bucólico povoado alpino no lago dos Quatro Cantões espera ansiosamente pela Seleção. As ruas já estão decoradas de verde e amarelo.

Para lucrar no embalo da Copa, os comerciantes locais inventam até novos produtos “brasileiros” e colocam guaraná no chocolate.

Georgine Birkmann já está esfregando as mãos de contentamento. Cada um dos três turistas indianos que entraram na sua pequena loja de souvenirs ao lado do porto de Weggis acabou comprando uma bandeirinha brasileira e um copo da coleção especial que ela mandou fazer em edição limitada de 500 exemplares. Cada exemplar custa 12 francos (US$ 10). A caixa registradora abre e fecha como nunca.

– Desde que se tornou pública a vinda da Seleção Brasileira para Weggis, meus negócios estão indo muito bem. Eu já sou conhecida no Brasil e na Alemanha depois que dei entrevistas às equipes de televisão desses países – conta sem esconder a alegria.

A bávara, que já está vivendo há oito anos na pequena cidade às margens do lago dos Quatro Cantões, é a dona do pequeno comércio. Sem dúvida, seu sortimento modificou-se nesses últimos dias, pois ao lado das lembranças tradicionais como sinos de vaca e canivetes suíços, ela agora vende um sortimento variado de sessenta produtos “verde-amarelo”. Nas prateleiras estão os chapéus, pequenas imitações da taça Jules Rimet, sandálias havaianas, camisetas e até mesmo uma gravata pintada à mão pelos jovens da cidade. Quando a Seleção Brasileira vier, em 22 de maio, ela será mais uma das barraqueiras na feira que será criada ao longo da estrada que leva até a Thermoplan Arena, o campo de futebol onde irão treinar Ronaldinho e co.

Febre verde-amarela

Não apenas a loja de Georgine resolveu vestir a camisa da Seleção, mas muitos outros comerciantes também. Alguns turistas, desavisados, saltam no porto de Weggis e se espantam ao ver tantas bandeiras penduradas nos hotéis, nas vitrines e nas ruas. Mesmo a praça central, um pequeno gramado circular que serve de obstáculo ao tráfego, ganhou uma decoração esportiva: uma chuteira e uma bola gigantes. E o espírito da Copa não se resume à decoração.

No principal açougue da cidade, o “Höfli”, os funcionários Gerda Zurfluh, Peter Hofmann, Antonia Jenni apresentam com orgulho as suas novas criações: o “Hot Brazil-Burger”, um hambúrguer com pimenta verde e vermelha; o bife “Seleção”, banhado no molho de pimenta e a lingüiça “Brasília”, fabricada à base de pimenta jalapeno e que, como os cartazes explicam, “deixa perceber o calor intenso do Brasil”.

Já o restaurante “Zum Schlüssel” está localizado em outro povoado distante apenas alguns minutos de Weggis. Porém isso não impediu seus proprietários de espalhar por toda a cidade cartazes anunciando especialidades brasileiras como churrasco. Ao lado, a “Célia Modas” colocou os seus, onde anuncia uma festa em Lucerna intitulada “Copa Brasil Show Night”, com direito a desfile de moda, bandas de música, DJs e até show de mulatas.

Não muito distante dos jardins do Park Hotel, onde a Seleção Brasileira vai estar hospedada, operários trabalham com afinco no bar “Lüücht-Türmli”. Da sua varanda será possível admirar os jogadores. Por isso seus proprietários, Peach Kälin e Toni Rüthlin aproveitam que o movimento não começou para melhorar um pouco a infra-estrutura do seu estabelecimento.

– Em Weggis será uma loucura. É claro que a confusão incomoda algumas pessoas, mas esse é um presente que deve ser aproveitado.

A preocupação dos dois é conseguir à tempo as geladeiras, uma cozinha móvel e também a barraca, pois afinal o tempo na Suíça é sempre meio traiçoeiro e mesmo no verão pode chover. Eles não sabem se vão ganhar muito dinheiro nos dez dias da presença da Seleção, mas estão otimistas.

– A única coisa que sabemos é que Weggis vai receber muitos turistas. Esperamos que alguns nos visitem. Com a cerveja na mão, alguns até poderão ter sorte de ver uma das estrelas brasileiras – explica Kälin animado.

Quatro horas de fila

Maria Luísa é brasileira e vive há vinte e quatro anos na Suíça. Ela está acompanhando sua prima num passeio entre Lucerna, onde reside, e Weggis, para conhecer a cidade onde a Seleção vai treinar.

– Já compramos os ingressos para um treino no dia 27. Fiquei mais de quatro horas na fila em Lucerna para conseguir os bilhetes. A família vem inteira junta, mais de dez pessoas – declara feliz à swissinfo.

Com o filho de seis anos à tiracolo, ela não sabe explicar se ele torce pelo Brasil ou pela Suíça. Na dúvida, ela já comprou camisas dos dois times.

Enquanto isso, numa banca de jornais de Weggis, um das manchetes no jornal local é a história do empresário suíço que ganhou a concorrência para organizar a limpeza da área VIP, da sala de musculação e do vestiário dos jogadores. A Asa-Service AG concorreu com dezenas de outras firmas, mas terminou levando o contrato, que obriga inclusive muito sigilo.

– Não posso contar quais são nossas tarefas. Também fica em segredo o nome das pessoas que irão limpar o vestiário, uma área muito sensível – declara Jürg Brunner ao jornalista.

No alto da cidade os turistas olham para o teleférico que faz o trajeto de Weggis até a famosa montanha Rigi. Até ele foi pintado de verde e amarelo.

Segurança

As cenas dramáticas do ataque de hooligans após a vitória do FC Zürich no campeonato suíço no sábado (14.05) levantou a questão da segurança dos jogadores da Seleção Brasileira em Weggis. Porém as autoridades locais já estão descartando o problema.

– Na Basiléia houve uma final de campeonato, onde os times disputavam por pontos. Em Weggis os jogos serão treinos. Durante duas semanas teremos apenas mágicas com a bola e dribles impressionantes – relativiza o chefe da polícia cantonal, Willi Eicher.

Além dos próprios policiais, os jogadores também estarão protegidos pelas empresas de segurança contratadas pelos organizadores. Além disso, a CBF permitiu que os treinos sejam transmitidos pela televisão, os que deve fazer a alegria daqueles que não conseguiram comprar um dos ingressos já esgotados.

Tranqüilizado, o repórter se despede de Weggis, porém não sem comprar um chocolate na barraquinha do porto. A barra do “Swiss Army”, uma marca recentemente lançada, também acompanha o gosto brasileiro: o chocolate foi misturado com guaraná.

swissinfo, Alexander Thoele

A Seleção Brasileira treina em Weggis de 22 de maio a 4 de junho.
Mais de 700 jornalistas devem cobrir os dias de treinamento.
100 voluntários irão ajudar a controlar o tráfego.
Weggis espera receber 100 mil visitantes durante os dez dias.
Os hotéis da cidade já estão com 70% de ocupação.

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