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Federer busca sexto título no Aberto dos EUA

Federer mostra muita motivação e autoconfiança nos EUA. Keystone

A final de Toronto e a vitória em Cincinnati mostraram que Roger Federer, superestrela do tênis suíço, está próximo de sua melhor forma para o Aberto dos Estados Unidos, que acontece de 30 de agosto a 12 de setembro.

Desde sua derrota na semifinal do Aberto da Austrália de 2008 para sérvio Novak Djokovic, tem havido especulações sobre o fim do reinado de Federer. Mas ele contra-ataca e aposta em um novo treinador.

Um dia antes do início do US Open, Roger Federer mostrou uma pontaria no saque comparável às flechadas do lendário libertador suíço Wilhelm Tell, personagem criado pelo poeta alemão Friedrich Schiller.

Durante a produção de um filme publicitário, em que a raquete de tênis substituiu a besta, e uma latinha de bebida a legendária maçã, Federer, em elegante terno preto, acertou em cheio uma lata posicionada em cima da cabeça de um funcionário – isso duas vezes, a seis metros de distância (veja link do vídeo na coluna à direita)

A cena inusitada já foi vista mais de seis milhões de vezes no Youtube e deu o que falar na véspera do último torneio de Grand Slam do ano. “Só se acerta um saque desses quando se tem muita autoconfiança. E isso eu tenho agora depois de minhas férias”, disse o suíço.

Meta ambiciosa: 20 títulos de Grand Slam

Esbanjando autoconfiança, o número 2 do ranking da Associação de Tenistas Profissionais (ATP), que acaba de contratar Paul Annacone, ex-técnico de Pete Sampras, como treinador para o Aberto dos EUA, anunciou que sua meta é conquistar 20 títulos de Grand Slam – 16 ele já tem.

“Eu realmente acredito que posso alcançar isso. As vitórias nesses grandes torneios me deixam muito feliz. Levar a prata para casa é a melhor sensação possível”, disse Federer.

Ele evitou falar de um possível retorno à liderança do ranking mundial, o que não surpreende. Após um bom início de temporada, com a vitória no Aberto da Austrália, o melhor tenista do mundo enfrentou a pior crise de sua carreira.

No Aberto da França, em maio passado, Federer foi eliminado nas quartas de final, após ter chegado 23 vezes seguidas pelo menos à semifinal nos quatro grandes torneios do circuito da ATP. Poucas semanas depois, ele foi eliminado também nas quartas de final em Wimbledon, onde havia triunfado seis vezes.

Pronto para o contra-ataque

Seguiram-se duas semanas de férias na costa da Ilha de Córcica (França) e uma pausa esportiva de seis semanas, o que surtiu efeito. Justamente antes do Aberto dos EUA, Federer venceu há uma semana em Cincinatti seu segundo torneio em 2010.

A crise de Federer, que ganhou cinco vezes o torneio em Nova York entre 2004 e 2008, pode ser a chance de seu arquirrival Rafael Nadal. Uma vitória neste torneio ainda falta na coleção de títulos do espanhol número 1 da ATP.

No ano passado, Federer perdeu a final do Aberto dos EUA para o argentino Juan Martin del Potro, que este ano é o grande ausente por causa de uma contusão. Alguns observadores questionam se o suíço de 29 anos ainda tem força física e mental para aumentar sua coleção de títulos.

Sinais de desgaste

Depois de perder a final de Toronto para Andy Murray, Federer disse, porém, que “é ridículo falar de um declínio, tudo muda muito rapidamente. Os observadores deveriam se acostumar a torneios cada vez mais abertos.”

Roger Federer vão voltará mais a dominar o tênis mundial como o fez entre 2004 e 2007. E ele tem consciência disso. “Eu sempre soube que não se pode vencer tudo. Fiquei muito chocado ao ver como eu dominava os meus adversários, jogando um grande tênis durante todos estes anos. Mas eu estou sempre perto do topo.”

Problemas físicos e falta de concentração tem sido apontados como causas de sua recente crise. “Federer joga tênis várias horas por dia há quase 20 anos. Jogar neste nível, treinar constantemente, evidentemente desgasta o organismo”, diz Gérald Gremion, especialista em medicina esportiva do Hospital Universitário de Lausanne.

Gremion, que conheceu de perto Federer quando ele tinha 12 anos, é bastante otimista quanto à continuidade da carreira do tenista. “Os modernos métodos de treinamento podem aumentar a vida útil de um atleta. Federer sabe se poupar, fazer pausas de recuperação e se cercar de gente muito competente.”

Segundo Gremion, Federer certamente não encerrará sua carreira por perda de capacidade física. “A motivação desempenha um papel fundamental. Quando ele se levantar uma manhã e disser ‘hoje eu não sinto mais vontade de treinar’, então acabou.”

Esta opinião é compartilhada pelo psicólogo esportivo Mattia Piffaretti. “No seu nível, é a mente que faz a diferença, e não as contusões. Uma vez que os atletas chegam ao topo, eles tendem a descansar sobre os louros. Se Federer se manteve constante ao longo de tanto tempo, é porque ele sempre soube como se motivar, se renovar diante de um adversário que dissecou cuidadosamente o seu jogo, trabalhar duro e continuar humilde.”

Quanto à motivação e ao preparo físico, Federer não deixou qualquer dúvida às vésperas do US Open: “Sinto-me em perfeita forma mental e física. Se eu não ganhar desta vez, tento novamente no ano que vem.”

Geraldo Hoffmann, swissinfo.ch (com agências e colaboração de Samuel Jaberg)

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