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Fibra ótica simplifica internet

Finos fios de fibra ótica podem transportar enormes quantidades de dados. Keystone

Em comparação internacional, poucas casas na Suíça têm acesso à tecnologia de fibra ótica. Mas o número atual de 300 mil poderá triplicar em apenas três anos.

Um novo acordo entre os fornecedores da tecnologia no país deve acelerar sua implementação nos lares suíços.

De acordo com a Comissão Federal de Comunicações (ComCom), algumas normas técnicas já foram definidas e os contratos entre a antiga estatal Swisscom e os usuários estão sendo adaptados para permitir o acesso à todos os prestadores de serviços.

“O desenvolvimento da infraestrutura de banda larga é vital para a economia suíça”, disse o presidente da Comissão, Marc Furrer. “Deveria ser uma prioridade para a nossa política de comunicação para os próximos anos.”

A necessidade da criação de capacidade extra para telecomunicações também está sendo pressionada pela demanda por banda larga: a demanda da telefonia fixa dobra a cada ano e meio, e o aumento é muito mais rápido para os serviços móveis. Os programas de televisão de alta definição e a internet móvel são alguns dos fatores que alimentam essa demanda.

Iniciado em 2008 para evitar a evolução desordenada das redes, o acordo define as normas técnicas e os critérios de desenvolvimento para a futura infraestrutura.

Acesso à rede

“As negociações foram uma etapa importante que nos ajudou a definir os critérios comuns para as redes”, disse à swissinfo.ch Oliver Schnyder, diretor da associação suíça dos desenvolvedores de rede de fibra óptica.

“A solução multi-fibra que foi adotada significa que os prestadores de serviço terão acesso à rede, garantindo uma maior concorrência para os consumidores.”

Cada cabo conectado terá, na verdade, um conjunto de quatro fibras – uma reservada para a Swisscom e as outros três disponíveis para prestadores de serviços.

Outro resultado das negociações é que a nova infraestrutura vai atender ao chamado padrão “fiber-to-the-home” (FTTH). O objetivo é conectar edifícios diretamente à rede, ao invés de optar por uma solução mais barata e mais lenta através das linhas telefônicas de cobre existentes.

Quem paga?

O acordo espera receber investimentos privados para impulsionar o desenvolvimento da rede exclui o financiamento público para uma rede nacional de fibra, em razão da atual situação econômica, confirmou Furrer.

“Não temos outra escolha”, disse à swissinfo.ch. “Cabe à Swisscom e às empresas interessadas construir a infraestrutura.”

“O que temos feito é oferecer a possibilidade de construir tal rede. O que nós esperamos é que se for construída, muitos provedores irão fazer uso dela.”

Nem todo mundo concorda que a iniciativa privada controle todo processo. A associação de defesa do consumidor do país diz que a legislação sobre telecomunicações da Suíça deve ser revista para evitar que a Swisscom e suas associadas ganhem duas vezes.

A associação calcula que o gigante suíço das telecomunicações acabaria se beneficiando das infraestruturas existentes, ou seja, das instalações subterrâneas pagas pelos contribuintes, definindo preços altos para os prestadores de serviços concorrentes – custos que seriam repassados para os usuários finais.

Investimento de longo prazo

Mas ninguém parece querer assumir a questão neste momento, preferindo não prejudicar o desenvolvimento da infraestrutura.

“Gostaríamos de não ver os reguladores intervir neste momento de modo a não desestimular os investidores”, admite Schnyder. “Seria melhor regulamentar a situação mais tarde, se necessário, depois que o mercado estiver desenvolvido.”

Além dos custos, outro ponto em aberto é saber quem poderia ter acesso a essa tecnologia. Por razões econômicas, ninguém considera necessário conectar cada remota cabana do país a esta rede de alta velocidade, mesmo se o acesso à banda larga pode ser útil em alguns casos.

De acordo com Furrer, nas cidades já é um investimento de longo prazo, e ainda mais nas áreas rurais.

“Para essas zonas, há duas questões”, acrescentou. “Em primeiro lugar, há uma tecnologia mais barata – de cabo ou celular que podem fornecer mais largura de banda – e depois quem paga por isso? Essa é uma questão política que está relacionada à obrigação do serviço universal.”

Duas tecnologias dominam atualmente a banda larga na Suíça, modems a cabo e as linhas VDSL.

O VDSL funciona com os fios de cobre da linha de telefone e oferece conexões rápidas, mas é prejudicado pela distância entre o usuário final e a caixa de junção mais próxima. Também é limitado pela quantidade de dados que pode tratar, especialmente quando se trata de transmissões de televisão de alta definição.

A maioria das pessoas que recebem televisão por cabo também pode receber ligações à Internet e telefone através de cabo coaxial.

As conexões de banda larga FTTH darão um salto em termos de largura de banda e velocidade. Um par de fibra pode transportar mais de 2,5 milhões de chamadas telefônicas simultaneamente.

Adaptação: Fernando Hirschy

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