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Formação em relojoaria garante chances de emprego

Centro de Formação em Grenchen Keystone

O sofisticado mundo dos relógios suíços, o compromisso com a precisão e a evolução do design atraem jovens que fazem a formação profissional em relojoaria no país. e com isso, apresentam boas chances de conseguir uma rápida colocação no setor.

Com isso, apresentam boas chances de conseguir uma rápida colocação no setor.

A profissão exige capacidade de concentração, espírito lógico e metódico, habilidade manual, interesse por mecânica, boa acuidade visual e principalmente paciência, entre outras qualidades.

Capacidades variadas

As escolas técnicas suíças formam relojoeiros com capacidades diversas. A formação de relojoeiro prático dura cerca de três anos e permite aos profissionais o trabalho na linha de produção e montagem de relógios mecânicos ou eletrônicos.

Eles se tornam aptos a fazer o controle de qualidade de diferentes estágios da fabricação dos produtos e corrigir eventuais defeitos. O conserto de relógios, de qualquer tipo, exige um ano mais de estudo.

Com esse certificado os relojoeiros podem trabalhar em serviços de garantia das empresas, na Suíça, no exterior ou em lojas especializadas, além de chefiar equipes de operadores. Algumas escolas organizam cursos, visando atender alunos adultos, pessoas que queiram estudar no período da noite, ou que prefiram fazer um curso acelerado.

Terminada a formação profissional básica é possível fazer cursos de aperfeiçoamento em áreas mais específicas como a restauração, por exemplo.

Como as coisas funcionam

O curso de relojoaria prática significa para Alix Depraz, de 19 anos uma maneira de adquirir conhecimentos práticos sobre mecânica. “Eu gosto de desmontar coisas”, diz a aluna do terceiro ano da École d´horlogerie de la Vallée du Joux (ETVJ), em Le Sentier, no cantão de Vaud.

“Não me importo em passar horas em trabalhos meticulosos”, afirma. Seu colega, Nicolas Jaillard, da mesma idade, pertence à quarta geração de relojoeiros de sua família. “No futuro pretendo tomar conta da loja de relógios do meu pai”, conta.

Chances para o futuro

Hoje, a demanda por relojoeiros profissionais é grande, segundo Sylvan Varone, responsável do setor de relojoaria do Centre intercommunal de formation de montagnes neuchâteloises (Cifom).

“Um jovem que termina essa formação pode seguramente conseguir um emprego na área”, afirma. “O trabalho manual é valorizado na Suíça e o salário de um recém-formado chega a 4.600 francos suíços”, acrescenta. Além das chances no mercado de trabalho, um curso de relojoaria pode ser a base para aperfeiçoamento em outras áreas.

Terminados os cursos com duração de três anos, os alunos recebem o “Certificat Federal de Capacité” (CFC), um diploma técnico que atesta que o aluno tem uma formação profissional adquirida por meio de um programa formal de ensino, válido em todo o país.

Ele abre caminho para a “maturité”, curso também técnico, porém de nível mais adiantado no sistema suíço de educação. Esses certificados dão acesso às escolas de ensino superior (ES, sigla em francês) ou de estudos especializados (HES, sigla em francês).

O aluno do curso de relojoaria da ETVJ, Kevin Beier, 19 anos já faz planos para depois de receber o CFC. “Depois de passar pelos cursos teóricos descobri que me interesso mais por atividades criativas”, conta.”Quero estudar design”, completa.

Outras opções para relojoeiros de formação básica são os cursos de engenharia, microtecnologia, técnico em restauração, entre outras inúmeras possibilidades.

Estrangeiros

Como os cursos de relojoaria pertencem às opções de formação profissional básica na Suíça, os alunos são muito jovens e algumas escolas não aceitam candidatos com mais de 25 anos em média.

Essa combinação de fatores faz com que a presença de estrangeiros não residentes na Suíça seja pouco comum entre os alunos de relojoaria dos cursos básicos.

Porém o Cifom reserva uma vaga por ano para estrangeiros nessa situação. “Temos alunos japoneses, franceses e um chinês”, diz Sylvan Varone, responsável do setor de relojoaria do Cifom. “Para os japoneses, o ano de estudo é mais barato na Suíça que no Japão”, explica.

Para concorrer a esta vaga os interessados devem entrar em contato com escola e fazer uma prova que exige conhecimentos de francês e de matemática. Os exames podem ser realizados na embaixada suíça do país onde reside o candidato.

Apesar de estar entre a maioria de suíços também há estrangeiros que integram o corpo docente do Cifom, como o português Pedro Ribeiro. Ele começou a estudar para a profissão com apenas 12 anos, na Escola de Relojoaria da Casa Pia de Lisboa. Aos 16 foi convidado pelos professores da escola onde estudava para fazer um CFC na Suíça, com uma bolsa de estudos, em La Chaux de Fonds.

“Na região onde aterrei, respirava-se relojoaria”, conta. “O fato de estar no meio do tecido industrial, onde as decisões são tomadas e onde nascem estas maravilhas da técnica que são os relógios, foi muito marcante para mim”, diz.

Ribeiro continuou investindo. Depois de terminar o curso ainda se formou em técnico em restauração de relojoaria antiga, no Musée International d`Horlogerie, em La Chaux de Fonds. Durante dois anos trabalhou por conta própria e logo foi convidado para dar aulas em um instituto de aperfeiçoamento relojoeiro em Neuchâtel, o Watchmakers of Switzerland Training and Educational Programm (Wostep).

“Hoje sou professor do Cifom e leciono matérias práticas e teóricas”, completa o relojoeiro português. Ele afirma que o mercado de trabalho no setor na Suíça absorve os profissionais qualificados. “Por vezes o mais difícil é escolher entre as diferentes propostas”, diz.

Condições

As escolas suíças que oferecem cursos de relojoaria básica aceitam alunos que terminaram a formação obrigatória, na Suíça, ou equivalente, o que ocorre por volta dos 15 anos.

A segunda etapa é fazer uma prova que envolve conhecimentos de matemática. Em determinados casos é necessário que o candidato faça um teste de idioma, em geral francês. Algumas escolas exigem também um exame de habilidades manuais. Os cursos são destinados principalmente aos jovens de nacionalidade suíça ou estrangeiros com permissão de residência no país.

Condições especiais são oferecidas por alguns estabelecimentos de ensino como o Cifom, em La Chaux de Fonds, cantão de Neuchâtel, que oferece cursos básicos e específicos. Os primeiros incluem teoria e prática da relojoaria e contam com aulas de matemática e design.

Os módulos específicos são escolhidos de acordo com o campo de especialização técnica selecionado por cada aluno, que pode ser em montagem ou acabamento, entre outros. Adultos também podem fazer cursos de educação contínua oferecidos pela escola ou, se tiverem mais de 23 anos, podem procurar o Watchmakers of Switzerland Training and Educational Programm (Wostep), em Neuchâtel, que oferece cursos básicos e de aperfeiçoamento.

Quanto custa

O custo de uma formação básica em relojoaria pode variar de acordo com os subsídios recebidos pelas escolas de cada cantão e os valores podem sofrer alterações, de ano para ano.

Na École d´horlogerie de Genève(CEPTA) e no Centre de formation professionelle Bienne (CFP), o curso é gratuito para os contribuintes residentes nos cantões de Genebra e Berna, respectivamente.

Na ETVJ, ou estudantes do cantão de Vaud pagam 720 francos suíços por ano e residentes fronteiriços, como franceses, pagam 2.400 francos por ano. Na Cifom, para os residentes do cantão de Neuchâtel o curso é gratuito. Para quem vem de fora o custo é de cerca de 7 mil francos por ano, segundo Sylvan Varone, da Cifom.

No Wostep o curso básico, que dura dois anos, custa 17 mil francos para suíços, e para estrangeiros 15.700 francos. Além das taxas escolares cada aluno paga pelo material de trabalho utilizado durante o ano, o que significa um gasto entre 1.500 e 2.000 francos no primeiro ano, só com material. Essas taxas também variam de escola para escola.

Algumas das instituições de ensino na área de relojoaria oferecem bolsas de estudo. Os interessados devem consultar as escolas para saber se estão disponíveis e como proceder para obtê-las.

swissinfo, Heloísa Broggiato

As primeiras escolas de relojoaria na Suíça foram fundadas em meados do século XIX, com o objetivo de promover a formação de relojoeiros completos e de melhorar a qualidade dos relógios.

A evolução da relojoaria durante o século XVIII levou a uma grande divisão do trabalho, mas os jovens que entravam nessa indústria faziam apenas uma aprendizagem curta, limitada a uma parte do processo de produção.

Para reagir contra essa tendência, que ameaçava o conhecimento técnico coletivo, certos fabricantes de relógio criaram escolas destinadas à formação de relojoeiros com conhecimento de todo o processo de fabricação do relógio. (Fonte: www.horlogerie-suisse.com)

Esse aspecto da formação é valorizado até hoje.

Segundo a Convenção Patronal da Indústria Relojoeira, 237 contratos de aprendizagem foram concluídos em 2007. Ela estima que faltarão 2 mil relojoeiros até 2010.

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