Forum economico Davos: ONGs exigem maior transparência
A visita do presidente Bill Clinton ao Forum Econômico de Davos coincidiu com manifestações contra os « excessos da globalização econômica ». Clinton voltou a defender o livre comércio, "motor da prosperidade". ONGs criticaram o neoliberalismo.
A « síndrome Seattle » pairou sobre a distante Davos, leste da Suíça, quando por ocasião da visita do presidente Bill Clinton ao Forum Econômico, neste sábado, centenas de manifestantes ignoraram proibição da prefeitura da cidadezinha, e saíram às ruas . O protesto degenerou e foram quebradas vitrinas de um restaurante McDonald (considerado simbolo do capitalismo americano). Choque com a polícia deixou um policial ferido.
A polícia, reforçada por tropas do exército suíço, barrou a manifestação a uma centena metros da Casa de Congressos onde se realiza até terça-feira o simpósio internacional reunindo mais de mil megaempresários, cerca de 15 chefes de Estado e Governos além de centenas de ministros, cientistas, escritores, intelectuais e catedráticos.
O presidente Bill Clinton veio pregar o credo neoliberal do livre comércio que considera o motor da prosperidade, argumentando que desde a Segunda Guerra nunca houve tanta prosperidade como atualmente num mundo em que as trocas de intensificam. Mas reconheceu a necessidade de ter em consideração os aspectos humanos e sociais da globalização.
Este ano, 15 organizações não-governamentais (ONGs) assistem ao Forum Econômico Mundial em Davos. Elas têm denunciado «os riscos e excessos da globalização» exigindo maior transparência nos debates das elites, principalmente econômicas, que suspeitam « dirigir em segredo dos destinos do mundo ». Denunciam também o que consideram certas aberrações. Assim François Houtart, diretor do Centro Tricontinental em Lovaina-a-Nova, na Bélgica (citado pelo jornal suíço La Liberté de Friburgo) realça por exemplo que existe uma outra leitura das cifras que as apresentadas pelo Forum Econômico. Falando de crescimento americano por exemplo, esquece-se dizer, afirma, que « a brecha entre ricos e pobres explodiu » e que 40 milhões de americanos não têm « cobertura médica ». Ele confia mais nas estatísticas do Banco Mundial, segundo as quais no mundo o número de pessoas que vivem com menos de 1 dólar por dia não cessa de aumentar. Era 1,2 bilhão em 1987 ; passou a 1,5 bilhão em 1999 e pode chegar a 1,9 em 2015. E conclui que o sistema capitalista não beneficia o desenvolvimento. Os discursos no campo oposto são diferentes. Mike Moore, diretor da Organização Mundial do Comércio foi a Davos mais uma vez defender o livre comércio, enfatizando que não são as trocas que levam a pobreza e sim a falta de trocas.
Resta que a necessidade de manter um « public eyes on Davos » (o mundo de olho em Davos) parece agora aceito mesmo pelos chamados « novos mestres do mundo » ou seja, em particular, os donos dos grandes grupos econômicos internacionais. Por outro lado, com a Internet, as ONGs dispõem de uma instrumento poderosa, através do correio eletrônico (e-mail) que permite mobilização rápida e maciça. (gb)

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