Lopreno, “um filósofo que pensa com a luz”
Após lançar o livro "Viagem na Suíça", o fotógrafo Patrick Gilliéron Lopreno continua a peregrinar pelo país e lança mais um novo livro. Intitulado "Elogio ao invisível", o prefácio foi escrito pelo conhecido escritor Slobodan Despot.
Fotógrafo da imprensa, Patrick Gilliéron Lopreno desenvolve há décadas uma abordagem pessoal cada vez mais sensível da imagem. O seu último trabalho foi publicado pela editora Till Schaab em francês e alemão.
À primeira vista não há nada de comum entre o fotógrafo e o polêmico escritor suíço de origem sérvia, Slobodan Despot, um antigo porta-voz do político Oscar Freysinger, do Partido do Povo Suíço (direita conservadora) quando este era secretário de Educação do Valais.
Uma visão comum
Mas Slobodan Despot é também um homem das letras. Esse antigo colaborador e depois, por um curto espaço de tempo, diretor da Editora L’Âge d’Homme, tem bastante reputação no mundo francófono após a publicação de obras de vários escritores dissidentes da União Soviética. Dos seus livros mais conhecido: “Valais místico” (2009).
“Nós temos, de fato, uma visão comum: essa que transparece nos seus livros que eu devorei e suas referências literárias, com as quais me identifico bastante”, explica Patrick Gilliéron Lopreno, acrescentando que decidiu assim convidar o escritor para escrever o prefácio do seu livro.
Os dois artistas compartilham a maneira como veem a paisagem suíça, ou seja, a espiritualidade que foi manchada pela modernidade. Eles também compartilham a rejeição de rótulos e modas, bem como aspiram também pela liberdade. Cada um à sua maneira, os dois autores são avessos à modernidade. Dentre outros, Lopreno trabalha com um antiga Nikon FM3 e papel fosco, que o editor conseguiu imprimir de uma forma bastante criativa.
Além das modas
Slobodan Despot se encontrou plenamente na obra de Lopreno, como descreveu no seu prefácio: “Um livro de fotografias por si só já é um gesto de resistência. Mas ao que? Inicialmente, através da massificação…A fotografia, que já foi uma profissão quase científica, hoje se tornou arte, um testemunho e uma linguagem antes de se afogar na publicidade e se perder graças à democratização do celular.
E esse grande amador da “câmera obscura” para concluir no mesmo preâmbulo: “O olho de Patrick Gilliéron Lopreno é uma revolta contra o mundo moderno por si só. Ele consegue dar formas e cores às realidades metafísicas. Qual é o nome de um filósofo que pensa com a luz? Uma foto?
Patrick Gilliéron Lopreno, ELOGE DE L’INVISIBLE/LOB DES UNSICHTBAREN, Till Schaab EditionLink externo, outubro de 2018
Adaptação: Alexander Thoele
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