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Futuro da Crossair se decide este ano

A decolagem será difícil, mas possível Keystone Archive

Com os cacos da falida Swissair (em concordata desde outubro) foi reforçada sua filial Crossair que passa do status de empresa regional a companhia aérea intercontinental. Há, porém, sérias dúvidas sobre sua capacidade de substituir a Swissair.

Há muita expectativa na Suíça sobre a consolidação de uma nova empresa aérea nacional. Uma empresa que não apenas ostente a bandeira suíça – fundo vermelho e cruz branca – mas também que seja uma espécie de vitrine do país, muito cioso da fama que de excelência que se atribui: “não há ninguém como nós!”

O plano é ambicioso, “ma non troppo”

O plano de “uma empresa aérea suíça competitiva e de envergadura mundial” (para retomar definição de Mario Corti, ex-patrão da falida Swissair), esse plano está em andamento.

A solução “menos pior” encontrada é o “Projeto Fênix”, destinado a fazer renascer das cinzas (como o pássaro da mitologia egípcia) uma companhia aérea nacional que leve o nome da Suíça aos 4 cantos do mundo. Uma companhia que seja ao mesmo tempo uma das alavancas do desenvolvimento econômico-financeiro do país e contribua em particular para respaldar a indústria turística.

Na prática, foram atribuídos à Crossair dois terços dos vôos da Swissair: as rotas mais interessantes ou menos ruins, ou seja 52 ao todo: 26 médias e 26 longas (incluindo São Paulo).

Pedras no caminho

Com dinheiro público – cerca de 2 bilhões de francos, investidos a fundo perdido – o governo suíço está garantindo a transição Swissair-Crossair, de outubro a abril. Os dois maiores bancos da Suíça (UBS e Credit Suisse) controlam 70% da nova companhia, foram convidados também a abrir seus cofres.

Enquanto isso, Swissair liquida seus despojos, desfazendo-se p. ex., de uma série de empresas subsidiárias, ligadas ao setor dos transportes: como cattering (alimentação a bordo), serviço de manutenção das aeronaves, lojas em aeroportos (duty free, com artigos isentos de impostos), etc.

As maiores dores de cabeça vêm de complicações jurídico-legais da herança. Ainda não está bem definido se a Crossair pode herdar também as dívidas da Swissair que totalizavam 17 bilhões de dólares.

Ameaças continuam. Vêm de companhias aéreas como Sabena (Bel) de que a empresa suíça comprara a metade do capital e que acabou afundando com a Swissair; vêm também AOM/Air Liberte (Fra) e Lot (Polônia). Há também compromissos em Portugal.

Expectativa

De ambos os lados, os juristas e advogados estão em ação, analisando todas as saídas possíveis.

Para a nova empresa suíça decolar é essencial que se livre das dívidas da Swissair. É considerado também indispensável que se observe o plano de resgate adotado, em que se prevê aumento do capital da Crossair de 300 milhões de francos a 2.8 bi, cerca de 1.7 bilhões de dólares.

Primeiro teste importante na tentativa de criar a “Nova Crossair” é o referendo no estado de Zurique, dia 13, quando o povo deve decidir sobre injeção de 300 milhões de francos (cerca de 182 milhões de dólares) na companhia.

Mas sondagens indicam que o Sim deva prevalecer. Os eleitores da cidade têm todo interesse em salvar milhares de empregos e em garantir viabilidade financeira do aeroporto internacional de Zurique, em plena expansão atualmente.

E de fato, se há bastante ceticismo sobre a decolagem da Crossair – que busca outro nome e receia adotar o nome Swissair – as expectativas e esperanças são muito grandes quanto ao desenvolvimento de uma companhia de dimensões internacionais com que os suíços possam se identificar.

Seria também uma desforra sobre a vergonha que sentiram com a falência da Swissair.

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