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Geleira é coberta para evitar derretimento

Alpinistas cobrem com plástico a geleira de Gemsstock (2961 metros). Keystone

Estações de esqui em Andermatt tentam retardar o derretimento das geleiras cobrindo-as com filmes plásticos. O efeito é provocado pelo aquecimento global.

Grupos de defesa do meio-ambiente criticam a ação, afirmando que essas medidas são apenas paliativas e não resolvem o problema da mudança climática.

A geleira de Gemsstock, situada a 2.961 metros de altitude no centro da Suíça, é um ponto tradicional de partida para os esquiadores que descem as montanhas da região turística de Andermatt. Porém nos últimos quinze anos o aquecimento global fez com que ela recuasse 20 metros, cortando o caminho que leva às outras pistas.

Para tentar resolver o problema, os responsáveis construíram uma rampa sobre a geleira. O único problema é que a falta de neve impossibilita a travessia, sobretudo no início e fim da temporada. A solução da neve artificial também se mostrou pouco realizável pela falta de infraestrutura para levar água e eletricidade ao cume da montanha.

Plástico contra o clima

Os teleféricos da região do Andermatt-Gotthard decidiram então cobrir 2.500 metros quadrados de geleira com uma capa dupla de filmes plásticos. A área que está sendo protegida compreende a rampa de gelo utilizada na descida, algumas partes rochosas e um pouco da neve. A cobertura será retirada no início do outono, guardada e depois reutilizada no próximos verões.

– Admitimos que essa é uma solução de curto prazo, pois não é possível mudar as condições climáticas. Porém precisamos tentar resolver os problemas mais prementes dessa montanha – afirma Urs Elmiger, diretor de finanças na empresa.

Para Landolt, o fabricante dos filmes plásticos, o potencial de vendas é considerável pois várias estações suíças dispõem de pistas de esqui sobre as geleiras.

– Iremos testar a resistência do material aos raios ultravioletas. Os filmes devem ter uma duração de 10 anos. Assim as estações de esqui não necessitarão construir rampas nas geleiras a cada inverno – explica Frank Gross, presidente da Landolt.

Absurdo

O Greenpeace se mostra menos entusiastas pela ação – “Não é com esparadrapo que iremos resolver o problema do derretimento das geleiras”. Os representantes do grupo ecológico lembram que os filmes plásticos estão cobrindo uma superfície que corresponde apenas a 0,0003% das geleiras suíças. Estas recuaram 40% em 150 anos.

Fiéis as tradições, eles enviaram à noite militantes aos local para fixar bandeiras com inscrições como “Reduzam as emissões de CO2” ou “Proteger o clima é mais importante que combater os sintomas”.

Outro grupo ecológico, o WWF Suíço, também critica a ação promovida pelos teleféricos: – “Não é possível esconder o problema da mudança climática sob uma capa de plástico”, ressalta o representante Adrian Stiefel. Na sua opinião, as empresas poderiam dar o exemplo de verdadeira atenção ao meio-ambiente reduzindo a dependência das fontes de energia fóssil.

– A capa plástica é uma solução à curto prazo, pois sabemos que as geleiras estão morrendo. Se eles querem ser realmente eficazes, por que não cobrir todo o país com ela? – pergunta-se Stiefel.

swissinfo com agências

– Dentre 90 geleiras analisadas na Suíça pela Universidade de Friburgo entre 2003 e 2004, 75 dentre elas recuaram.

– Sete continuaram nas suas posições e oito apresentaram uma leve progressão.

– As medições indicaram um recuo máximo de 134 metros na geleira de Triftgletscher (cantão de Berna) e uma progressão máxima de 10 metros na geleira de Morteratschgletscher (cantão dos Grisões).

– A pesquisa realizada pela Universidade de Friburgo se baseia em dados recolhidos em 10 estações de medição da Météo Suisse situadas entre 1.000 e 3.600 metros de altitude.

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